O racionamento de energia elétrica  é uma realidade que se aproxima?

 

Bons tempos aqueles...

Berenice Gehlen Adams

                    Era um dia quente, de verão, daqueles insuportáveis. A avó, sentada em sua cadeira de balanço, abana seu leque sem parar. Não mais suportando o calor, pede para Max, seu neto, abrir a janela. Com um suspiro aliviado, sente uma suave brisa tocar sua face enrugada. Já ia entardecendo.  A avó, saudosa, olha para o velho aparelho de ar condicionado. “Bons tempos aqueles”, pensa a avó.

O sol já ia se pondo no horizonte, e o neto, como de costume, começa a acender algumas velas distribuídas, estrategicamente, pela casa. Volta a sentar perto da avó e pede a ela que lhe conte como eram os tempos em que não havia o racionamento de energia elétrica. Com ares de tristeza, ela começa seu relato:

- Há muitos anos atrás, sempre havia energia elétrica disponível, dia e noite! Era tão prático que as pessoas nem se davam conta de sua importância. Raramente “faltava luz” e quando isto acontecia, a companhia recebia centenas de ligações com reclamações. Nas casas, quanto mais luzes acesas, aparelhos ligados, melhor. Era um desperdício total. Os aparelhos de ar condicionado ficavam permanentemente ligados. Até que começaram a ocorrer os primeiros “black outs”. A população foi avisada quanto aos riscos de racionamento, se não ocorresse uma mudança em relação ao consumo de energia. Muitas campanhas foram feitas, mas de nada adiantou. Aqueles que não podiam pagar eram os que mais poupavam, mas, em compensação, muitos diziam: “ Eu pago, então, uso a vontade”.  Ninguém acreditava que um dia chegaríamos a este ponto.

- Puxa, vovó! Então isso tudo é por causa da falta de consciência das pessoas? Será que elas não pensaram nas futuras gerações? – perguntou o neto.

- É, Max, – disse a avó – infelizmente as pessoas não deram ouvidos às campanhas e avisos. Agora, estamos sofrendo as conseqüências.

E o neto perguntou:

- E a senhora, vovó, poupava energia elétrica?

Inquieta e levantando-se da cadeira, a avó responde:

- Estou cansada, meu neto, tenho que me recolher. Por favor, apague as velas pois temos poucas, ainda. Boa noite!

Max fez o que a avó solicitou e ambos foram dormir.

A avó, naquela noite, custou para pegar no sono. Aquela pergunta do neto ficou ecoando em seus pensamentos durante muito tempo: “E a senhora, vovó, poupava energia elétrica?”.

Redação premiada no concurso Ação e Redação AES Sul – julho/2000 – Tema - Conscientização do bom uso da energia elétrica


Comentários sobre a redação:

Esta redação apresenta uma visão futurista a respeito dos riscos do racionamento de energia elétrica, em não havendo um consumo moderado no momento presente. Apresenta uma visão do senso comum que justifica o problema com a falta de conscientização por parte da população em não poupar energia. Com um olhar fora deste contexto, tão declarado e conhecido (a população sempre tem a "culpa", eximindo toda e qualquer responsabilidade dos poderes econômicos e/ou governamentais), podemos refletir que de vítimas acabamos sendo condenados a carregar uma culpa que é, na verdade, deste estrondoso processo de industrialização, de modernização, de consumismo, que passa por cima de tudo e de todos em busca de lucratividade e acúmulo de bens.

Devemos poupar energia por que somente desperdiça quem não reconhece a importância dela dentro do contexto global e universal.

Devemos sim, poupar energia elétrica, não para não sermos "castigados" com o racionamento, mas pelo amor que temos com a natureza, com o ambiente, com a vida.

Devemos poupar energia por sabermos que este é um bem precioso, que é gerado por outro bem, bem maior, que é a natureza.

Devemos poupar energia por Amor ao Planeta!

- Berenice Gehlen Adams - 


Projeto Apoema - Educação Ambiental

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