Biografia
Daniel
Walker, 53 anos, nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará, onde reside. Jornalista,
biólogo, professor adjunto da Universidade Regional do Cariri-URCA, escritor,
pesquisador da vida de Padre Cícero, a figura mais polêmica do clero
brasileiro, sobre quem já publicou vários trabalhos.
Obras
publicadas:
·
Padre
Cícero na berlinda,
·
Pensamento
Vivo de Padre Cícero,
·
Biografia
Resumida de Padre Cícero,
·
O
Corpo Humano é Engraçado,
·
Livro
das Diferenças,
·
Maria
de Araújo, a Beata do Milagre de Juazeiro,
·
Como
Elaborar Trabalhos Escolares (Manual Para Estudantes de Ensino Fundamental e Médio).
·
Curiosidades sobre Padre Cícero
·
Juazeiro do Norte, a terra de Padre Cícero
·
Padre Cícero e o livro de Alencar Peixoto
·
Padre Murilo de Sá Barreto, O Vigário do Nordeste, O padre
Romeiro(Co-autor)
·
A Câmara Municipal em Ação-Memória do Poder Legislativo (Co-autor)
·
O Centenário de Leão Sampaio
·
Curso de Informante de Turismo
·
Conhecendo o Cariri (Co-autor)
·
Padre Cícero e a educação ambiental
·
Padre Cícero na ótica do prof. Daniel Walker
·
O Ensino das Ciências Físicas e Biológicas (Co-autor)
·
Algumas implicações ecológicas das romarias em Juazeiro do Norte
LIVROS
EDITADOS PELA INTERNET
- Padre Cícero na berlinda(www.ebooksbrasil.com)
- Pequena biografia de Padre Cícero(www.ebooksbrasil.com)
- Como organizar trabalhos escolares (www.ebooksbrasil.com)
- O Corpo Humano é engraçado (www.ebooksbrasil.com)
- O livro das diferenças (www.papelvirtual.com.br)
Padre Cícero e a Educação Ambiental
Daniel
Walker - walker@baydejbc.com.br
BIÓLOGO, PROFESSOR ADJUNTO DA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI-URCA
Educação Ambiental “é o processo de aprendizagem e o
instrumento de formação de uma consciência ecológica, através do
conhecimento e da reflexão sobre a realidade ambiental". Mas a conceituação
de Educação Ambiental ainda não está completamente consolidada em nosso
meio. Talvez por sua curta história
e por sofrer a influência de diversos setores do conhecimento, a sua definição
continua sendo considerada como um
processo.
Há pessoas que
não sabem distinguir os termos conservar e preservar. Pela legislação
brasileira, conservar implica em manejar, usar com cuidado, manter; enquanto que
preservar é mais restritivo, e significa, não usar ou não permitir qualquer
intervenção humana significativa.
O
Brasil por certo ainda tem muito que aprender na área de Educação Ambiental.
A formação de uma consciência ecológica demanda muito tempo. E sem consciência
ecológica a Educação Ambiental não prospera.
Antes de mais nada, é preciso que as pessoas adquiram através do saber
uma compreensão essencial do meio ambiente global e dos problemas a ele afetos,
bem com o papel que cada uma desempenha. Por
conta do saber vêm a mudança de comportamento - a qual implica em adquirir o
real sentido dos valores sociais -, o senso de responsabilidade que desencadeia
a vontade de zelar pelo meio ambiente, e a competência para solucionar os
problemas ambientais.
Nos países do
Primeiro Mundo a Educação Ambiental evoluiu bastante, mas somente depois que
os problemas sociais foram resolvidos. Aqui,
ainda é preciso se fazer muito para
resolver os nossos problemas sociais. E, é claro, são inúmeros, como ocorre em todas as nações
pobres do mundo. Entretanto, não é mais possível se perder tempo. O jeito,
então, é se fazer as duas coisas simultaneamente.
O
Governo está no momento implementando uma reforma no ensino em que a Educação
Ambiental já começa a ser vista logo no Ensino Fundamental, dentro do que se
convencionou chamar de Temas Transversais, parte integrante dos Parâmetros
Curriculares Nacionais-PCN.
A experiência
mostra que não é preciso se ter muita escolaridade para praticar a Educação
Ambiental, pois os índios, apesar do seu primitivismo,
sempre se revelaram como os mais autênticos defensores e respeitadores
da Natureza. Com efeito, sem que ninguém lhes ensinasse, eles sempre evitaram,
por exemplo, a caça e a pesca predatórias, e cuidaram de seu ambiente.
A convivência direta com a Natureza certamente contribuiu para que eles
despertassem para uma conscientização ecológica. Assim, sem ter o que as
pessoas da cidade chamam de cultura, os índios se destacaram como exímios
administradores do meio ambiente, sem, contudo, deixar de executar suas
funções básicas de subsistência, como caçar e pescar, atividades
desenvolvidas de forma racional e, portanto,
causando o mínimo de desequilíbrio ecológico, nada que a Natureza não
possa restaurar em pouco tempo.
Já o homem
urbano, mesmo aquele dotado de
escolaridade apreciável e possuidor de sólida cultura, tem
se mostrado indiferente à
conscientização ecológica, comportando-se como um cruel depredador do seu
ambiente, e personificando um péssimo exemplo de gerente e usuário da
Natureza. Na verdade, ele fez tudo o que não devia: contaminou o ar, poluiu as
águas, extinguiu espécies de seres vivos e empobreceu o solo, provocando,
desta maneira, o surgimento de catástrofes que não pode evitar, de doenças
que não pode curar, de alterações climáticas que não pode controlar, e,
finalmente, pôs em risco sua própria
sobrevivência. O homem urbano
tornou seu planeta insuportável para se viver.
E isto é
profundamente lamentável, decepcionante até, pois, de todos os seres vivos
criados por Deus, coube justamente ao homem - o chamado Homo sapiens - o privilégio
de ser o administrador da Natureza, função na qual se revelou um verdadeiro
desastre!
É oportuno
salientar que a prática e a difusão da Educação Ambiental não são privilégios
dos biólogos, mas dever do Estado e de todo cidadão, independentemente de sua
formação escolar. Cada um deve agir como um ambientalista, um defensor e
amante da Natureza. O poder Público
precisa tomar consciência de que tarefas como a limpeza das vias públicas, a
conservação das praças, arborização, controle de vetores de doenças, entre
outras, devem ser praticadas rotineiramente; e o povo, por sua vez, precisa
incorporar à sua prática diária a abolição de maus hábitos, como fumar em
recintos de aglomeração humana, jogar lixo nas ruas, pichar muros, ouvir música
com som em alto volume, criar animais em cativeiro, praticar o comércio
clandestino de animais, desperdiçar água e energia, usar abusivamente agrotóxicos
e inseticidas domésticos, etc., atitudes que agridem as pessoas e a Natureza e
só contribuem para a disseminação da deseducação ambiental.
Mas de todas as
atitudes que denotam falta de Educação Ambiental, nenhuma caracteriza exemplo
mais imperdoável do que o péssimo hábito que muitos brasileiros têm de jogar
lixo nas ruas. Todos estão
racionalmente conscientes dos males causados pelo lixo, mas, como não estão
emocionalmente envolvidos persistem
nesse mau hábito.
E este é um
problema ecológico de fácil solução porque o passo decisivo é de competência
e iniciativa da própria pessoa causadora do problema. Se cada indivíduo recolhesse seu lixo doméstico diário e o
acondicionasse em sacos, separando-o pela natureza do material (vidro, papel,
metal e orgânico), ele não
sujaria o ambiente, não provocaria poluição odorífica, não atrairia insetos
e facilitaria a coleta pelo Serviço de Limpeza Pública.
Em algumas
cidades brasileiras do sul e sudeste o lixo já vem sendo acondicionado em sacos
e separados pela natureza do material. Esse bom exemplo precisa ser expandido
para todo o País, pois como diz o conhecido
slogan: Cidade limpa, povo sadio.
Outra
questão importante em Educação Ambiental é a necessidade de se conhecer as
riquezas ecológicas do lugar. No Cariri, é dever de toda a população
conhecer a Floresta Nacional Araripe e os outros patrimônios que ela encerra,
representados pelas fontes de água, pela fauna e pela flora existentes em
Crato, Barbalha, Jardim, etc. Conhecer e zelar. É importante, por
exemplo, saber que a Floresta Nacional Araripe foi a primeira criada
oficialmente no Brasil, no dia 2 de maio de 1946, e o que ela representa
para o nosso ambiente.
Já é tempo de
se deixar de lado a idéia errônea de que cuidar da Natureza é
responsabilidade do Governo somente. As
escolas precisam assumir com muita determinação, e não
apenas como atividade pedagógica, a missão de difundir entre os
seus alunos os propósitos da Educação Ambiental para fomentar no meio
da juventude o respeito à
Natureza, ponto de partida para a formação de uma consciência ecológica sólida.
E cada cidadão, individualmente, deve fazer a sua parte em favor da ecologia. Só
através da ação integrada do governo e da população é que teremos um
ambiente de fato saudável.
É até possível
justificar porque só recentemente os problemas ambientais passaram a fazer
parte da pauta das discussões prioritárias da comunidade.
Primeiro, porque durante muito tempo eles permaneceram restrito
ao seleto grupo dos biólogos e cientistas. Depois, porque as autoridades
e o povo em geral se acomodaram, esperando
que a ciência resolvesse tudo sozinha. O comodismo a que todos se lançaram
só fez foi agravar a situação.
Mas nem sempre foi assim. No
Cariri, há mais de cem anos, quando ninguém falava em
ecologia, o Padre Cícero - como extraordinário homem de vanguarda que
foi -, se antecipava e ensinava preceitos ecológicos aos romeiros.
Eram coisas simples, como "não
derrubem o mato; não toquem fogo no roçado; deixem os animais viverem; não
matem os passarinhos; utilizem as plantas medicinais”, mas que surtiam um
grande efeito. Essa iniciativa de Padre Cícero, hoje largamente disseminada no
Nordeste, foi elogiada por ecologistas
de renome, como o professor J. Vasconcellos Sobrinho, no seu livro Catecismo
de Ecologia (Vozes, 1982) e Dr. Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio
Ambiente, o qual, em artigo publicado no jornal O Globo (19.01.94) disse que Padre Cícero "pregou em pleno
sertão nordestino a palavra que hoje a consciência ambiental a duras penas
começa a inscrever na nossa visão de mundo. Muito antes de que se realizasse a
I Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972, ele
teve essa percepção aguda de algo que constitui antes de tudo um interesse legítimo,
identificado por quem está próximo
da realidade".
Padre Cícero
deu, portanto, o primeiro passo...
há mais de cem anos! Foi, na verdade, um pioneiro da ecologia no Cariri.
Pode-se dizer que ele prestou uma importante contribuição para alicerçar a
Educação Ambiental em nossa Região.
Agora é com a
gente.
-
Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau
-
Não toque fogo no roçado nem na caatinga
-
Não cace mais e deixe os bichos viverem
-
Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto
descansar para se refazer
-
Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé;
deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca
a sua riqueza
-
Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva
-
Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta
-
Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou
outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só
-
Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a
favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca
-
Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se
acabando, o gato melhorando e o povo terá sempre o que comer
-
Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai vivar um
deserto só.
NOTA
DO AUTOR: Este texto já estava pronto quando surgiu a informação, publicada
no livro Bárbaros na Floresta: o Mito
do Nobre Ecosselvagem, do sociólogo inglês Robert Whelan, a qual
desmistifica a idéia vigente entre os ambientalistas de que os índios são
os mais autênticos defensores da natureza.. Segundo os dados coletados por
Whelan, no México, os maias
destruíram 75% das florestas da Península de Yucatan; no Havaí (USA) cerca
de 80% das espécies nativas de pássaros foram dizimadas no período que
antecedeu ao desembarque dos europeus no arquipélago, e em Wyoming (USA), no
século XIX, os colonizadores encontraram restos de pelo menos 300 000 búfalos
atirados em precipício pelos índios. O objetivo era matar grande número de
animais e, assim, garantir o sustento das aldeias. Há ainda a informação de
que já em 1500, na costa da América, as queimadas eram intensamente
praticadas pelos índios. O sociólogo inglês faz uma afirmação
contundente: “Os índios tinham -
e têm – tanta consciência ecológica quanto o operador de uma motossera na
Amazônia”. Ou seja, ontem como hoje sua maior preocupação é com a própria
sobrevivência. E mais: “As pessoas têm uma visão idealizada de como os índios
vivem. Com este livro, ofereço um enfoque mais realista”., disse Ehelan à
revista VEJA. (Matéria publicada na revista VEJA, 24.05.2000)
Padre
Cícero na berlinda
Padre
Cícero na ótica do Prof. Daniel Walker-Entrevista
Pequena
biografia de Padre Cícero
Como
Organizar Trabalhos Escolares – Manual para estudantes do ensino fundamental e
médio
Pedidos por: E-mail: walker@baydejbc.com.br ou daniwalker@bol.com.br
Por download: www.ebooksbrasil.com. ou www.terra.com.br/virtualbooks
Obs.: Os livros editados pela Internet estão disponíveis para download grátis (exceto O Livro das Diferenças, editado pela www.papelvirtual .
Projeto Apoema - Educação Ambiental