InformaLista

O Informativo da lista “Educação Ambiental”

No. 07 – 21 de novembro de 2000

 

Alguns textos apresentados na Lista de Discussão do Projeto Apoema - Educação Ambiental (Antigo Projeto Vida – Educação Ambiental)

Os textos não passaram por revisão ortográfica, portanto, podem haver erros.


Vida Natural
..

Nenhum discurso ecológico pode ser mais forte do que a prática da qual ele emerge.
Esta prática pode ser pessoal ou de grupo, social ou individual, objetiva ou subjetiva; ou ocorrer em todas estas dimensões, simultaneamente.

A base do discurso, no entanto, é a vivência. A força dos profetas - ecológicos ou não - só pode vir da vida concreta que eles levam adiante. As palavras são extremamente úteis, quando emergem de uma vivência real. Mas só servem para desorientar ainda mais, quando estão divorciadas dos fatos.

Assim também a consciência ecológica do cidadão brasileiro será tão forte e clara quanto seus gestos cotidianos. Consciência ambiental não se reflete em saber que automóvel é uma má opção de transporte, mas em usar menos o automóvel e incluir a bicicleta em suas opções práticas, assim como o ônibus e a caminhada. O amigo da natureza não é apenas aquele que tem um discurso de defesa do ambiente natural, mas aquele que reexamina a cada dia sua vida pessoal, e a adapta na medida do possível - com equilíbrio - ao ideal de vida que ele mesmo vai constantemente esculpindo à medida que aprende a viver.

No que resta dos anos 90, será preciso ir além do discurso crítico. E uma nova prática já emerge hoje da vida de cada um. Novos hábitos alimentares, uma nova vigilância ecológica de cada consumidor, toda uma postura diante da vida surge movida por uma multidão de pequenos gestos cotidianos. Esta transformação, simultaneamente individual e coletiva, não parece gigantesca, mas não tem os pés de barro. Acontece quase imperceptível, mas pode ser irreversível. Não é resultado da propaganda, mas do despertar de uma consciência que não pode mais ser retirada do cidadão.

O cidadão ecologicamente correto sabe que seu exemplo diz mais do que suas palavras, e suas palavras têm muito mais peso e significado quando refletem uma prática cotidiana. Há centenas e centenas de recomendações ecológicas a serem possivelmente observadas em diferentes aspectos da vida moderna, submersa na alta tecnologia. Selecionamos aqui apenas setenta itens tocando uns poucos aspectos da vida do cidadão. Eles podem servir como elementos de apoio para um exame de nossa prática. Nossa vida se desenvolve em um ritmo natural? Depois de ler calmamente os itens a seguir, você poderá ter uma imagem do seu desempenho ecológico. Anote quais são as recomendações que você já atende hoje. Em relação a elas, você pode renovar o compromisso com sua própria consciência, ou, em muitos casos, ampliá-lo, avançando e aprofundando sua postura.

Anote também quais são os itens que você hoje não atende, mas qua poderia atender quase sem esforço, com vantagem para sua saúde e para o equilíbrio ambiental. E marque ainda aqueles pontos que exigem um esforço bem maior, inclusive uma boa quantidade de coerência e autodisciplina. Não tome decisões grandiosas e radicais. Prefira uma mudança gradual e firme. O mais importante é que você avalie, periodicamente, seu desempenho perante sua própria consciência. Inclua outros itens específicos e que permitam uma avaliação da qualidade da sua vida em um sentido abrangente.

A ecologia pessoal é a base de toda ecologia social.

Fonte: Mohandas Gandhi
UPAN Caixa Postal 189-CEP93001.970 - São Leopoldo, RS, Brasil

 


 

O texto na íntegra você pode conferir no site: http://www.netlove.com.br/superinteressante/superinteressante1.html



Mitos e Reflexões Sobre o Meio Ambiente

Muitos são os mitos que fazem parte do nosso relacionamento cotidiano com o meio ambiente. Tais situações prejudicam o nosso relacionamento com a natureza e impedem-nos de rever nossas atitudes. 

Mito

... tudo o que faz mal ao homem deve ser morto e erradicado. Por que Deus teria criado certas plantas e certos animais que não servem para nada ?...

Reflexão

... o ser humano precisa desenvolver um comportamento ético com relação à natureza, adotando modelos de desenvolvimento sustentável. Nenhum ser vivo existe por acaso. Os conceitos de útil e nocivo, baseados unicamente nos interesses do ser humano, fazem com que a criança cresça achando que ela pode matar ou destruir tudo aquilo que ela passa a considerar não útil ao seu próprio interesse. No ciclo da cadeia da vida, todos os seres vivos são úteis a seu modo. Cada ser vivo é necessário para a continuidade da vida na terra e, assim, deve ser compreendido e respeitado.

Mito

... a miséria das pessoas favorece e estimula a degradação ambiental; as comunidades localizadas nos bairros e nas favelas provocam a destruição e estimulam mais a miséria.

Reflexão

.... Quando se fala em meio ambiente, a discussão passa pelo modelo de desenvolvimento econômico, pela distribuição de renda, pela especulação imobiliária, que obriga as massas humanas menos favorecidas a se deslocarem para as áreas mais afastadas, muitas vezes invadindo e destruindo florestas e reservas naturais.

Mito

... a questão ecológica ou ambiental deve restringir-se à preservação dos ambientes naturais intocados e ao combate à poluição; as demais questões, envolvendo saneamento, saúde, cultura e qualidade de vida são situações que fogem à alçada dos educadores ambientais.

Reflexão

...A questão ambiental envolve o ambiente em  todos os seus aspectos. Tratá-la implica tratar toda a complexidade da ação humana; por isso é um tema transversal, interdisciplinar, e só se consolida quando tratada como um todo, pois afeta e é afetada diversas áreas: educação, saúde, saneamento, agricultura, transportes, etc.

Mito

... como manter as necessidades sempre crescentes da população sem prejudicar a natureza ? Pantanal,  Floresta Amazônica,  Mata Atlântica,  Cerrado,  restingas, mangues e Caatinga deveriam ficar intocados eternamente para preservar os seus segredos e garantir a sobrevivência das futuras gerações ?
 
 

Reflexão

... a chave da conservação ambiental não é o assistencialismo preservacionista. A natureza não pode ser tratada como uma parceira inerte e passiva, como uma peça de museu, protegida e imune à ação do tempo e dos seres humanos. A natureza é dinâmica e reativa, que merece ser tratada como uma força viva e dadivosa, uma parceira. Sempre disponível, mas sem perder a noção de seus limites. O ser humano precisa perceber que é uma das espécies da natureza e que depende da natureza para sobreviver.

Mito

...  os que defendem o meio ambiente são pessoas radicais, fanáticas, poetas, efeminados, inocentes-úteis que se mantêm alienadas da realidade, sonhadores com um paraíso inexistente. Tais pessoas ignoram as necessidades para manter o desenvolvimento e defendem posições que só perturbam quem realmente produz.

Reflexão

... é consenso entre os ambientalistas a necessidade de se promover um desenvolvimento sustentável. Por certo, os que defendem o meio ambiente se preocupam com o modelo de desenvolvimento, com o crescimento econômico, mas, principalmente, com a exploração racional e responsável dos recursos naturais, de forma a garantir a sobrevivência das futuras gerações. Todo o cidadão tem o direito de viver num ambiente saudável, respirar ar puro, beber água limpa, enfim, ter uma qualidade de vida saudável. Defender esses direitos é dever de todos e não uma questão de privilégio.

Mito

... é um luxo e um despropósito defender a vida do mico-leão dourado e da baleia, enquanto milhares de criancinhas morrem de fome em todo o mundo.

Reflexão

... tal argumento seria válido se, para salvar a vida de inúmeras criancinhas, fosse necessária  a extinção de algumas espécies. A situação das crianças famintas e a sobrevivência dos animais não é competitiva nem conflitante. O problema e as soluções para a desnutrição são de outra ordem e a sua importância não diminui a preocupação com as espécies em extinção. Além disso, aqueles realmente interessados na preservação dos micos geralmente também se preocupam com a melhoria das condições de vida das populações carentes; também denunciam as condições sociais injustas e indignas.

Mito

... a natureza é idealizada como uma situação de harmonia e de equilíbrio. Como concordar com tais premissas se os animais se atacam e se devoram ou se existem vulcões, terremotos, vendavais  etc. ?

Reflexão

... A harmonia é um conceito dinâmico e, não, estático. Se bem percebermos, existe harmonia nos movimentos, nas contínuas transformações. Todo movimento, todo crescimento, toda transformação, em princípio, caminha para um estado de equilíbrio. O impulso de sobrevivência que leva um animal a matar outro favorece a manutenção desse equilíbrio na natureza. Os animais predadores matam para se alimentar ou se defender. Quanto aos fenômenos naturais, entende-se como um processo que está em contínua transformação, na busca incessante do equilíbrio.

Extraído do site: http://www.uma.org.br/edu_ambiental/edu_amb_texo12.htm


Consumo Sustentável

Rachel Biderman Furriela

“A Terra tem o suficiente para todas as nossas necessidades, mas somente o necessário.”

( Mahatma Gandhi)

Introdução

A chegada do terceiro milênio tem sido considerada por muitos um momento especial, de passagem para uma nova fase da história humana. Cada indivíduo percebe esse acontecimento de forma diferente. Muitos buscam explicações esotéricas, metafísicas, religiosas. Outros seguem seu ritmo de vida, inabalados. É nesse momento especial por que passa a humanidade que é necessário propor uma reflexão sobre o futuro, certamente com base nas lições que tiramos do passado. Esse texto reflete um esforço de discussão sobre a qualidade da vida que levamos e, ainda, se o modelo atual de consumo  é o exemplo que pretendemos deixar para os nossos filhos e netos. Em alguns momentos são apresentadas sugestões de como se pode agir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente, porém não se pretende aqui exaurir todas as possibilidades, nem apresentar uma receita que se aplique a qualquer situação. Apresentam-se algumas idéias para discussão por aqueles que se preocupam com o tema da educação e a qualidade de vida das futuras gerações e a sustentabilidade da vida no Planeta Terra. Propõe-se  um exercício de reflexão a respeito de um tema que afeta a todos: o consumo sustentável.

O ponto de partida é a necessidade de conscientização dos indivíduos a respeito da importância de tornarem-se consumidores responsáveis. Propõe-se que se estabeleça um trabalho de formação de um “consumidor-cidadão”. Esse trabalho educativo é essencialmente político, pois implica a tomada de consciência do consumidor como importante ator  de transformação do modelo econômico em vigor, já que tem em suas mãos o poder de exigir um padrão de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente equilibrado. Esse ator, consciente das implicações dos seus atos de consumo, passa a compreender que o seu papel é o de  exigir que as dimensões sociais, culturais e ecológicas sejam consideradas pelos setores produtivo, financeiro e comercial,  em seus modelos de produção, gestão, financiamento e comercialização. Essa não é uma tarefa simples, pois requer uma  mudança de posturas e atitudes individuais e coletivas no cotidiano. O desafio que se coloca é o abandono da sociedade do descarte e do consumo excessivos, a recusa do sonho americano (“american dream“) como  sinônimo de bem-estar, de felicidade. Maior dificuldade reside ainda na tomada de consciência de que a sociedade do consumismo  gera enorme pressões sobre o meio ambiente, já que não existe produto que não contenha material oriundo da natureza, portanto a produção depende da exploração dos recursos ambientais, e não há descarte de rejeitos que não volte à Terra. Enfim, o que se propõe é uma mudança de paradigma, de retorno ao modo de vida simples do passado, o abandono do consumo em exagero.

Fica evidente, quando se estuda a questão do consumo sustentável, que existe uma grande desigualdade no poder de consumo ao se comparar  diferentes segmentos de uma sociedade, e, ainda, diferentes sociedades. Muitas sociedades não atingiram padrões de consumo condizentes com a manutenção das condições mínimas de dignidade humana, como ocorre em muitas regiões da África, da Ásia,  da América Latina, e do próprio Brasil, onde sequer a alimentação básica está garantida para milhões de famílias. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (“ONU”), 20% daqueles com maior renda no mundo são responsáveis por 86% dos gastos totais com consumo de bens, enquanto os 20% mais pobres têm acesso a apenas 1,3% dos bens de consumo. É preciso que se encontre um equilíbrio na distribuição dos frutos do progresso material, científico e tecnológico entre os povos do mundo.

Ao se tratar do consumo sustentável, cabe a ressalva de que se propugna uma alteração do padrão de consumo insustentável dos mais ricos, e a adequação dos padrões de consumo dos mais pobres a patamares mínimos de dignidade social. Ou seja, busca-se a implantação dos conceitos de eqüidade e justiça social.

As desigualdades de padrões de consumo foram objeto de análise de uma organização norte-americana favorável à adoção do paradigma do consumo sustentável, o “Center for a New American Dream” (Centro para o Novo Sonho Americano). Eis alguns exemplos de dados que colheram em suas pesquisas sobre as desigualdades citadas anteriormente:

·  Os norte-americanos consomem 40% da gasolina do mundo;

·  Os norte-americanos consomem mais papel, aço, alumínio, energia, água  e carne per capita do que qualquer outra sociedade do Planeta;

·  O norte-americano médio produz duas vezes mais lixo do que o europeu médio;

· Seriam necessários pelo menos quatro planetas adicionais ao existente, se todos os 6 bilhões de indivíduos da Terra tivessem um padrão de consumo equivalente ao do norte-americano médio.

(Para encontrar o texto na íntegra: http://www.tvebrasil.com.br/salto/educambiental/meio_pgm1_texto2.htm )


Não queremos só comida e água, queremos educação ambiental também...
por Beatriz da Guia  

Educação ambiental não é ensinar as crianças como o feijãozinho germina, porque o sapo come mosquitos, porque essa ou aquela flor é polonizada, como as indústrias poluem o ar, qual o tamanho da camada de ozônio...  

Educação ambiental, na minha opinião, merece outra leitura. Ela deve provocar mudanças de comportamento, criar uma nova atitude social, abrir mentes. Deve estar presente em políticas governamentais, estar presente sempre, democraticamente, em todas as discussões e esferas da sociedade. Ajudar a formar cidadãos.  

O problema da educação ambiental é questão difícil e abrangente. Que muitas vezes passa por âmbitos éticos, morais e culturais de uma sociedade, que precisa estar preparada.  

No tocante ao aspecto formar cidadãos, além de ensinar e mostrar às crianças os fenômenos naturais que ocorrem ao seu redor, é preciso que os educadores tenham uma percepção política ampliada, por exemplo. E para isso acontecer, antes de tudo, o educador precisa, ele próprio, atuar como cidadão e ter uma verdadeira consciência da importância da ecologia e da preservação e controle do meio ambiente. Como num exercício auto-imposto. É um compromisso.  

Toda criança é um cidadão em potencial. Mas ele pode não se tornar um, se o elemento formador/disseminador de conhecimento, não estiver comprometido com essa tarefa.  

A educação ambiental no âmbito da formação de um cidadão é antes de tudo, direito de educação global, de democratização do saber e da cultura, de acesso a informação, de permanecer estudando, de ter uma casa, boas condiçoes sanitárias, de ter um emprego... de simplesmente "ser" cidadão.  

É também o papel da educação ambiental, desmistificar visões deturpadas sobre ecologia, meio ambiente e sanitarismo, que levará o indivíduo-cidadão (criança ou adulto) a agir como elemento de uma cadeia, como em um processo, onde todos participam em prol de todos. Onde todos têm o direito e o dever de participar da formação de uma nação democrática. Onde todos estão não só interessados na fauna ou a flora, mas comprometidos em manter o equilíbrio ecológico, de interagir com seu meio e seus iguais, e, consequentemente, ter o direito a uma sociedade auto-sustentável.  

Isso tudo porque é a educação ambiental que traz a esse cidadão a visão básica, e ao mesmo tempo global, democrática e politizada, dos direitos e deveres de todo indivíduo. Que deve instigá-lo a pensar e ao mesmo tempo fazê-lo atuar como cidadão. Desempenhar seu papel de homem-político, de ser atuante, na sociedade. Aprender a procurar, sempre, seu direito de sobreviver.  

Beatriz da Guia é analista de informação   
  
Extraído do site: http://www.electus.com.br/ecologia/letras/artigo-1.htm


Educação ambiental
é processo permanente


da Folha Online

O educador ambiental segue os princípios elaborados na Primeira Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Geórgia (ex-URSS), em 1977.

Recomendações, princípios, características e conteúdos, discutidos e aprovados no encontro orientam estratégias de desenvolvimento da educação ambiental no mundo. Na educação ambiental esse processo é contínuo e permanente. Os objetivos fundamentais do educador são:

Sensibilização - Num primeiro momento, o educador ambiental atua para que indivíduos e grupos sociais adquiram consciência e sensibilidade em relação ao ambiente e aprendam a identificar problemas. Realização de trilhas e estudos do meio (urbano ou campestre) são atividades educativas que auxiliam o educador.

Conhecimento - Aspecto importante é a transmissão de conhecimento. O educador propicia ao indivíduo uma compreensão básica do ambiente e seus problemas. A participação em palestras com especialistas ajuda a entender o contexto ambiental.

Formação de atitudes - Outro fundamento importante se refere a formação de atitudes favoráveis à relação com o meio ambiente e a motivação para participar na sua proteção e melhoria. Os fumantes, por exemplo, são conscientes dos males que o cigarro causa à saúde, porém, não têm a predisposição ou motivação necessária para deixar o vício. Em relação ao meio ambiente, o papel do educador ambiental é exatamente a de estimular e de motivar uma intervenção positiva. Essa predisposição, porém, é subjetiva, influenciada pelos valores pessoais, crenças, conhecimentos e experiências anteriores.

Habilidades - Propicia condições para que as pessoas adquiram habilidades para a solução dos problemas ambientais. De acordo com as circunstâncias, o educador ensina como aproveitar partes dos alimentos que são jogados no lixo (casca, folhas, etc.) ou mostra como fazer compostagem e separação do lixo inorgânico para a reciclagem e coleta seletiva. É importante frisar que a educação ambiental deverá, além disso, abordar o problema do consumismo (de supérfluos, é claro), o desperdício, o papel da publicidade que incentiva o consumo, os interesses econômicos etc.

Participação - Nesta fase, as pessoas são incentivadas a assumirem responsabilidades em escolas, no bairro, no edifício onde mora, na cidade, no país e no planeta em prol da melhoria da qualidade de vida das gerações futuras e atuais.

Capacidade de avaliação - O educador estimula a avaliação constante durante o processo, o que vai permitir a eficiente condução do projetos educativos.


Fonte: Andréa Pelicioni, educadora ambiental e doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo); Ana Flávia Borges Badue, consultora da área ambiental e diretora-executiva da ONG (organização não-governamental) Comam (Comunicação para o Meio Ambiente).

Extraído do site: http://www.uol.com.br/folha/equilibrio/equi20000908_eduprocesso.shtml


Consciência Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Simon Schwartzman

 

Palestra preparada para abertura do Curso de Educação Ambiental, Semana do Meio Ambiente, 7 de junho de 1999

 

Na sua forma mais simples, a educação ambiental tem por objetivo mostrar aos alunos, e sobretudo às crianças, a importância do ambiente em que vivemos, que deve ser preservado como um tesouro que temos a responsabilidade de guardar, e que não devemos destruir nem desperdiçar. Cuidar do meio ambiente pode ser entendido como mais um dos princípios morais e éticos que também são objeto de preocupação dos educadores - as crianças devem aprender a ser responsáveis, cumprir suas obrigações, respeitar os mais velhos, tratar bem a seus semelhantes, não se comportar de modo agressivo.

Como dar formação ética e moral na escola, em relação ao meio ambiente como em relação a outros valores? A pior forma é fazer da formação moral objeto de um discurso retórico desvinculado da vida dos estudantes, assim como da própria realidade dos professores. Este tipo de retórica, no melhor dos casos, não consegue interessar e motivar os estudantes, e, em situações mais extremas, acaba por indispô-los contra as idéias apresentadas nas aulas, que são vistas como abstratas, desligadas da realidade da experiência diária das pessoas, quando não, diretamente, hipócritas. A melhor forma de educação moral é aquela que é dada pela prática quotidiana dos professores e dirigentes escolares. Os estudantes tendem a tomar seus pais e professores como modelos de vida, a serem copiados e emulados, e adotarão as formas de comportamento e os princípios morais de seus modelos. Uma família e uma escola que adotem, no dia a dia, práticas de cuidado com o meio ambiente, transmitirão naturalmente esta prática a seus filhos e alunos, mesmo que ela não seja objeto de aulas e preleções formais.

Isto não significa, no entanto, que os professores não devam refletir e entender os princípios éticos que praticam, e trabalhá-los com seus estudantes, para que eles entendam o que estão fazendo, e tenham condições, sobretudo, de identificar os difíceis dilemas e opções que são inevitáveis quando buscamos nos comportar, na prática, de acordo com princípios éticos e morais que possuímos. É fácil compreender que o verdadeiro comportamento ético não reside na repetição de enunciados gerais e abstratos - ame o próximo, não seja violento, respeite os mais velhos, proteja a natureza - e sim na capacidade de enfrentar os dilemas diários que se colocam no relacionamento entre pessoas e destas com o mundo em que vivem, em condições de recursos precários, necessidades prementes e pouca informação. Ser contra a violência pode assumir diferentes formas, desde o pacifismo extremo da resistência passiva e de oferecer a outra face aos que nos ofendem ao apoio a políticas públicas de repressão intensa e exemplar a todas as formas de violência ilegítima. A ética ambiental também pode adquirir aspectos muito distintos, desde a defesa intransigente de todas as formas e manifestação da natureza - cada árvore, cada inseto, cada pedaço de solo - até a busca de formas de intervenção muitas vezes drásticas no ambiente natural, para torná-lo mais adequado ao uso humano e a sua preservação através do tempo.

Os especialistas que têm se dedicado ao estudo dos temas ambientais distinguem diferentes correntes, orientações e ideologias ambientalistas, que muitas vezes se confundem. Uma maneira de entender estas diferentes correntes ou ideologias é pensar em uma linha ou contínuo que vai de um extremo que poderíamos chamar de "geocêntrico" a um outro que pode ser chamado de "antropocêntrico".(1)

A corrente geocêntrica parte da idéia de que o homem deve se adaptar e integrar à natureza, e não a natureza ao homem. Nesta perspectiva, os sistemas ecológicos, formados por florestas, rios, mares e campos, assim como as espécies vegetais e animais, são frágeis e insubstituíveis, e estão ameaçados pelo crescimento da indústria, da tecnologia e da ocupação dos espaços pelos homens. Os interesses das pessoas devem se subordinar à necessidade de preservação das espécies e dos ambientes naturais. Para isto, a sociedade deveria ser organizada para atender no máximo às necessidades das pessoas, e não a seus desejos. As tecnologias usadas na agricultura e na indústria deveriam ser as mais simples, fazendo uso intensivo de mão de obra, e poupando ao máximo o uso de recursos naturais, como a água e os minerais. O ambientalismo geocêntrico é uma forma extrema de ambientalismo, na medida em que exige, para se realizar, de uma profunda transformação na maneira pela qual as sociedades estão organizadas.

A visão oposta, também extrema, é a visão antropocêntrica, para a qual a natureza existe para servir ao homem, e não haveriam limites éticos ao uso de recursos naturais e à intervenção e transformação dos ambientes naturais para servir aos interesses humanos. Esta noção faz parte do pensamento moderno que surgiu com a revolução industrial no século XVIII, que supõe que os recursos da natureza seriam infinitos, e que a capacidade humana de encontrar soluções para seus problemas, necessidades e ambições, através da ciência, da tecnologia e pela organização de grandes sistemas administrativos e produtivos, seriam também ilimitados. O antropocentrismo é também uma visão extrema, na medida em que não coloca limites à ação de indivíduos ou firmas, vê com ceticismo todas as tentativas de proteger e regular o uso dos ambientes e dos recursos naturais, sem atentar para os evidentes problemas que a expansão descontrolada do uso dos recursos naturais vem criando. Na sua forma extrema, a visão antropocêntrica se opõe às tentativas de governos e organizações internacionais de limitar a ação de indivíduos e firmas como contrárias ao progresso, e acredita na capacidade dos mercados de irem corrigindo, por si mesmos, os desajustes gerados pela espoliação dos ambientes e dos recursos naturais.

É entre estes dois extremos que surge o que se denomina, hoje, de "desenvolvimento sustentável". Este termo foi consagrado, e passou a ser adotado por instituições internacionais, governos e organizações comunitárias em todo o mundo, a partir do já famoso relatório de 1987 da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento denominado "Our Common Future", Nosso Futuro Comum, que ficou conhecido como o "Relatório Brundtland", o nome de sua presidente. A perspectiva do desenvolvimento sustentável é uma perspectiva claramente antropocêntrica, no sentido de que seus documentos expressam a preocupação com o futuro das pessoas, e não com a natureza enquanto tal. No entanto, ao contrário das formas extremas do modernismo, o desenvolvimento sustentável supõe que a natureza tem limites, que o progresso humano não pode continuar de forma ilimitada e incontrolável, e que deve haver uma responsabilidade coletiva pelo uso dos recursos naturais. O valor fundamental expresso pelo Relatório Brundtland não é o primado da natureza, nem o primado da liberdade individual, mas a responsabilidade inter-generacional: a idéia de que é necessário atender às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atender a suas próprias necessidades.

Tanto quanto as demais perspectivas, o desenvolvimento sustentável é uma ideologia, um valor, uma ética. Sua vantagem sobre as outras perspectivas é que busca incorporar os conhecimentos que vêm se acumulando nos últimos anos sobre os problemas ambientais trazidos pelo progresso descontrolado, e busca encontrar um espaço para o atendimento das necessidades humanas que seja compatível com o equacionamento destes problemas. Este espaço deve ser conquistado tomando em consideração dois elementos essenciais: as necessidades das pessoas, que incluem o direito a uma vida digna, mas não os abusos do consumismo descontrolado; e a idéia de limites ao que é possível fazer com os recursos naturais e ambientais disponíveis. Estas noções definem uma atitude, uma preocupação, que não trazem em si a solução dos problemas. Quais são as necessidades a ser atendidas, como limitar o consumo excessivo sem paralizar a economia e criar desemprego, quais os verdadeiros limites no uso dos recursos naturais, qual a capacidade da natureza de se regenerar, qual a capacidade das pessoas e das sociedades de se adaptar a novas condições ambientais e ao uso de novos produtos, tudo isto é matéria de pesquisa, discussão e experimentos.

Existem pelo menos duas versões do desenvolvimento sustentável. Uma é mais pragmática e menos radical, que procura não se antecipar aos problemas, e tratar de resolvê-los um a um, na crença, típica do modernismo, na grande capacidade das pessoas e sociedades em encontrar soluções para os problemas que vão surgindo; enquanto a outra é mais radical, teme mais pelas consequência catastróficas do desenvolvimento controlado, desconfia dos poderes da iniciativa individual e da tecnologia para resolver os problemas que já surgem no horizonte, e propõe ações preventivas muito mais fortes e decisivas.

As diferentes perspectivas sobre a questão ambiental e o desenvolvimento sustentável estão permeadas por uma outra questão, que é a do papel dos governos e das organizações da sociedade para levar à frente políticas ambientalmente corretas e adequadas. Existem os que defendem a necessidade de grandes sistemas de poder e estruturas complexas de planejamento dentro dos países como internacionalmente; outros acreditam muito mais na força das organizações comunitárias e do poder local; outros, finalmente, colocam suas esperanças na criatividade e eficiência da iniciativa privada. A relação entre estas perspectivas políticas e os valores ambientais não são óbvias, e afetam questões como a natureza do regime democrático e o funcionamento de sistemas federativos como o brasileiro: em nome de uma perspectiva geocêntrica, há quem defenda o fortalecimento do poder dos governos centrais e a criação de sistemas internacionais com grande capacidade de controle e intervenção, enquanto que outros defendem a descentralização política e a ação comunitária.

Todas estas perspectivas são, em maior ou menor grau, combinações de conhecimentos, avaliações e valores que as pessoas possuem a respeito da natureza, da vida humana e da sociedade. Quanto mais conheçamos a respeito do que vem ocorrendo na natureza e na sociedade, mais teremos condições de levar à frente e fortalecer nossos valores. Existe hoje um grande esforço de conhecer melhor o sentido ambiental da atividade humana, inclusive por parte de agências governamentais internacionais e nacionais, como o IBGE, que precisa ser aperfeiçoado e ampliado.(2) O nosso papel, na educação ambiental, não deve e nem pode se limitar à difusão retórica de nossos valores. Além de dar o exemplo, temos que mostrar aos estudantes as diferentes alternativas e visões sobre o tema ambiental, e sobretudo transmitir conhecimentos que possam aumentar sua capacidade de entendender e avaliar os possíveis sentidos e alcances das diferentes opções.


Nota

1. Esta análise é feita na introdução ao livro The Politics of Sustainable Development, Theory, policy and practice in the European Union (Londres e New York, Routledge, 1997), editado or Suzan Baker, Maria Kousis, Dick Richardson e Stepeh Young.

2. Veja a respeito Ismail Serageldin, Sustainability and the Wealth of Nations: First Steps in an Ongoing Journey. World Bank, Environmentally Sustainable Development Studies and Monographs Series No. 5 7/01/96

Extraído do site: http://www.10minutos.com.br/simon/ambiente.htm


Publicado na Folha:

http://www.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2110200001.htm

AMBIENTE

Relatório afirma que consumo de recursos naturais ultrapassou capacidade de renovação da biosfera em 42,5% Humanidade precisa de mais meia Terra

CLAUDIO ANGELO

DA REPORTAGEM LOCAL

A humanidade está fazendo um saque a descoberto sobre os recursos naturais da Terra. Estudo divulgado pela organização não-governamental WWF (Fundo Mundial para a Natureza) mostra que o uso de recursos pelo homem excedeu em 42,5% a capacidade de renovação da biosfera.

Chamado "Relatório Planeta Vivo 2000", o estudo se baseou no índice de pressão ecológica que cada habitante exerce sobre o planeta. A conclusão é que, para manter os padrões de consumo atuais de uma população de 6 bilhões de pessoas, seria necessária quase meia Terra a mais.

Por pressão ecológica entende-se o consumo de comida, materiais e energia da população, expressa em termos de uma área biologicamente produtiva.

Além do WWF, o estudo contou com a participação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).  

Planeta de menos

Pelos dados do relatório, a Terra tinha 12,6 bilhões de hectares de terras produtivas em 96, o que daria 2,2 hectares para cada um dos 5,7 bilhões de habitantes, população mundial à época. Se 10% dessa área fosse mantida para reservas naturais, a disponibilidade total seria de 2 hectares por pessoa.

No entanto, a demanda média mundial por alimentos, produtos florestais (madeira, papel e carvão) e de terras para absorção de poluentes como o gás carbônico -resultado da queima de combustíveis fósseis- é de 2,85 hectares. O 0,85 que sobra na conta é a área que "falta" ao planeta para que a produção se sustente.

O que é pior: o número, segundo o relatório, é uma estimativa conservadora. Como não havia dados globais disponíveis sobre o consumo de água e a liberação no ambiente de poluentes tóxicos, as duas variáveis ficaram de fora.

Joann Kliejunas, secretária-executiva da ONG americana Redefining Progress, que participou da elaboração do relatório, compara a situação da humanidade à de um cliente de banco perdulário. "É como se você tivesse uma certa quantia e vivesse dos juros de, digamos, 5% ao mês. Um dia, resolve comprar um carro novo e usa mais do que tem disponível. No mês seguinte, sua renda diminui", afirma Kliejunas.

A diminuição de renda, no caso, se reflete no esgotamento das florestas e das reservas pesqueiras, por exemplo. "Os estoques de peixe já estão em colapso, porque se pesca mais do que a capacidade de recuperação das espécies."

Dados do relatório mostram que, entre 70 e 99, 194 espécies de água doce sofreram um declínio de 50% em suas populações. Espécies marinhas já teriam observado um declínio de 35%, no mesmo período.

O relatório também confirma o desequilíbrio no uso dos recursos naturais entre o Norte e o Sul. Os países mais ricos, como os EUA, já consomem mais do que o dobro de seu quinhão ambiental (a diferença entre os recursos que têm e os que consomem). Se todo mundo tivesse o padrão americano de consumo, seriam necessárias pelo menos mais duas Terras. "O padrão de consumo dos países ricos acaba esgotando os recursos dos pobres", diz Kliejunas. "Nossa qualidade ambiental caiu para manter o padrão de consumo deles", afirma Garo Batmanian, secretário-executivo do WWF Brasil. "Esses números nos fazem pensar qual é o padrão de consumo ideal para nós. Não devemos aspirar ao padrão deles."


Pessoal,
 
Peço o favor de visitar o site www.condominiobiodiversidade,org.br
 
Trata-se de uma nova proposta, que está em seu ínicio, para a conservação da biodiversidade na Região Metropolitana de Curitiba (PR), a qual pode ser estendida para outros grandes centros urbanos.
 
Há uma proposta similar, em Chicago (EUA), denominada Chicago Wilderness.
 
Abraços, Paulo Pizzi
 

Da página do ig:

Água: Fontes geram focos de tensão (3)

14:54 22/10

Mikhail Gorbachev e Shimon Peres (editorultimosegundo@ig.com.br)

Mais do que em qualquer outro lugar, o Oriente Médio exemplifica os perigos e possibilidades criadas pela crise de água

GENEBRA - Em todas as regiões pelo mundo, as fontes de água potável têm se tornado foco de tensão.

O rio Ganges, na Índia, considerado sagrado e utilizado como local para enterros, transmite febre tifóide, cólera e diarréia aos moradores da região.

Na China, o rio Amarelo, com 57,6 km de extensão, que já causou muito sofrimento ao longo da história do país com enchentes, está secando devido à rápida expansão da agricultura, indústria e ao aumento populacional.

Na ex-União Soviética, o rio Aral permanece como o principal exemplo de calamidade provocada pelo mau uso dos recursos naturais. Quando os soviéticos decidiram cultivar algodão no deserto, eles desviaram água dos rios que corriam em direção ao mar de Aral para irrigar as lavouras, onde eram aplicados pesados pesticidas.

Desde então, o mar encolheu dois terços de seu tamanho original, deixando a velha cidade portuária de Muynak, a 0,3 km do mar. Hoje em dia, os peixes já não nadam mais lá, e o sal e o lixo tóxico dos pesticidas sufocam a área. Como resultado, as crianças sofrem com doenças respiratórias.

Até mesmo o Rio Colorado, que fez florescer a cidade de Los Angeles em meio a um deserto está classificado como um dos rios mais atingidos e comprometidos do mundo.

Mais do que em qualquer outro lugar, o Oriente Médio exemplifica os perigos e possibilidades criadas pela crise de água. A Turquia, no norte da região é abençoada com abundantes reserves de água.

E conforme os rios correm abaixo, em direção à Síria, Jordânia e Israel, no entanto, dificilmente há água suficiente para a população do Vale do rio Jordão.

Ainda, caso a tendência atual permaneça, a população na região irá dobrar em aproximadamente 20 anos, agravando ainda mais a atual crise.

Mikhail Gorbachev foi o último presidente da União Soviética e agora dirige o Partido Verde Internacional, www.globalgreen.com  

Shimon Peres, ex-primeiro-ministro de Israel, é atualmente ministro da Cooperação Regional de Israel.c) 2000, Nobel Laureates 2000. Distribuido por Los Angeles Times Syndicate


A águia

A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie.

Chega a viver cerca de 70 anos.

Porém, para chegar a essa idade, aos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.

Aos 40 anos, suas unhas estão compridas e flexíveis e já não conseguem mais agarrar as presas, das quais se alimenta.

O bico, alongado e pontiagudo, se curva.

Apontando contra o peito, estão as asas, envelhecidas e pesadas, em função da grossura das penas, e, voar, aos 40 anos, já é bem difícil!

Nessa situação a águia só tem duas alternativas:

deixar-se morrer... ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e lá recolher-se, em um ninho que esteja próximo a um paredão.

Um lugar de onde, para retornar, ela necessite dar um vôo firme e pleno.

Ao encontrar esse lugar, a águia começa a bater o bico contra a parede até conseguir arrancá-lo, enfrentando, corajosamente, a dor que essa atitude acarreta.

Espera nascer um novo bico, com o qual irá arrancar as suas velhas unhas.

Com as novas unhas ela passa a arrancar as velhas penas.

E só após cinco meses, "renascida", sai para o famoso vôo de renovação, para viver, então, por mais 30 anos.

Muitas vezes, em nossas vidas, temos que nos resguardar, por algum tempo, e começar um processo de renovação.

Devemos nos desprender das (más) lembranças, (maus) costumes, e, outras situações que nos causam dissabores, para que continuemos a voar.

Um vôo de vitória.

Somente quando livres do peso do passado (pesado), poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz.

Destrua, pois, o bico do ressentimento, arranque as unhas do medo, retire as penas das suas asas dos maus pensamentos e alce um lindo vôo para uma nova vida.

Um vôo de vida nova e feliz.

(autoria: desconhecida)


Ética Ambiental

- Paradigma ou Conduta Profissional -

Artigo escrito por Hidejal N.Santos Jr., Engenheiro de Meio Ambiente da HTO

Consultoria Produtos e Serviços Ltda.

Ética, na essência da palavra, significa o modo de ser, o caráter do homem, ou melhor, a sua relação intersocial com seus parâmetros de vida. A conduta de cada ser humano no meio social se traduz no campo da moral, refletindo diretamente no comportamento de cada um.

Os filósofos dos primeiros séculos, Sócrates e Platão e, mais tarde os seus discípulos, refletiram sobre a Ética e concluíram que ela é ligada à política, é racionalista e se explica pela virtude, cujo objetivo é o bem – o homem é um animal político e social, usa a Ética, refletida na razão e na virtude, para alcançar a felicidade.

Percorrendo esta linha do tempo, na era do Cristianismo vamos encontrar uma Ética definida como um conjunto de verdades, mandamentos e condutas revelados de Deus e seguido pelos homens – era o comportamento moral tomando rumos teológicos, subordinando a filosofia.

Vamos agora dar um salto no tempo, notar um crescimento espantoso da humanidade e com ela nasce e evolui a passos largos a tecnologia: a medicina surge com novas técnicas, resultando numa queda dos índices de mortalidade, alterando o binômio nascimento – morte e superlotando o planeta. O descontrole da produção alimentar e a degradação da cultura, vem mundializando a fome e a pobreza.

Em meio a esta visão ecocêntrica, surge a Ética Ambiental como uma nova relação de consciência entre o homem e a natureza: o ser humano faz parte da natureza e não é o seu dono, não a tem para serví-lo, mas para que ele sobreviva em harmonia com os demais seres. Nesta nova concepção o homem passa a se preocupar com suas ações e como conseqüência passa a praticar ações coerentes com a natureza.

Com esta nova linha de pensamento, podemos definir Ética Ambiental como uma conduta de comportamento do ser humano com a natureza, cuja base está na conscientização ambiental e no compromisso preservacionista, onde o objetivo é a conservação da vida global. O desafio desta nova ética está no aparecimento de um compromisso pessoal que se desenvolve pelo próprio indivíduo, dentro dele, é Ético e não Legal. Não se trata de uma obrigação legal, mas moral e ética, que posiciona o homem frente à natureza e se reflete em ações éticas, que sem dúvida trarão resultados favoráveis à preservação ambiental e conseqüentemente à melhoria da qualidade de vida.

O fenômeno da globalização obriga a se criar e adaptar regras de aceitação internacional, gerando uma onda de normalização ao redor do mundo, onde a ISO-9000 foi o marco, que posteriormente culminou na ISO-14000, em conseqüência à Conferência Rio-92, tornando-se um pré-requisito de qualidade ambiental na guerra da competitividade e da onda preservacionista, porém positiva, pois exige o esforço de inovação na implantação de tecnologias limpas.

Concluíndo, podemos enfatizar que a Ética Ambiental cria uma nova ordem mundial alicerçada em valores extrasociais humanos, embasado cientificamente na relação do homem com a natureza, desenvolvendo uma humanidade consciente de que é parte viva da Terra, e como tal tem o dever de desenvolver uma nova conduta comportamental, em todos os segmentos da sociedade, notadamente o setor empresarial e industrial, como peças fundamentais neste novo paradigma do século 21: a ética ambiental.

Extraído do site: http://www.saude.inf.br/etica.htm


Padre Cícero e a Educação Ambiental

Daniel Walker - walker@baydejbc.com.br

BIÓLOGO, PROFESSOR ADJUNTO DA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI-URCA

Educação Ambiental “é o processo de aprendizagem e o instrumento de formação de uma consciência ecológica, através do conhecimento e da reflexão sobre a realidade ambiental". Mas a conceituação de Educação Ambiental ainda não está completamente consolidada em nosso meio. Talvez por sua curta história e por sofrer a influência de diversos setores do conhecimento, a sua definição continua sendo considerada como um processo.

Há pessoas que não sabem distinguir os termos conservar e preservar. Pela legislação brasileira, conservar implica em manejar, usar com cuidado, manter; enquanto que preservar é mais restritivo, e significa, não usar ou não permitir qualquer intervenção humana significativa.

O Brasil por certo ainda tem muito que aprender na área de Educação Ambiental. A formação de uma consciência ecológica demanda muito tempo. E sem consciência ecológica a Educação Ambiental não prospera. Antes de mais nada, é preciso que as pessoas adquiram através do saber uma compreensão essencial do meio ambiente global e dos problemas a ele afetos, bem com o papel que cada uma desempenha. Por conta do saber vêm a mudança de comportamento - a qual implica em adquirir o real sentido dos valores sociais -, o senso de responsabilidade que desencadeia a vontade de zelar pelo meio ambiente, e a competência para solucionar os problemas ambientais.

Nos países do Primeiro Mundo a Educação Ambiental evoluiu bastante, mas somente depois que os problemas sociais foram resolvidos. Aqui, ainda é preciso se fazer muito para resolver os nossos problemas sociais. E, é claro, são inúmeros, como ocorre em todas as nações pobres do mundo. Entretanto, não é mais possível se perder tempo. O jeito, então, é se fazer as duas coisas simultaneamente.

O Governo está no momento implementando uma reforma no ensino em que a Educação Ambiental já começa a ser vista logo no Ensino Fundamental, dentro do que se convencionou chamar de Temas Transversais, parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais-PCN.

A experiência mostra que não é preciso se ter muita escolaridade para praticar a Educação Ambiental, pois os índios, apesar do seu primitivismo, sempre se revelaram como os mais autênticos defensores e respeitadores da Natureza. Com efeito, sem que ninguém lhes ensinasse, eles sempre evitaram, por exemplo, a caça e a pesca predatórias, e cuidaram de seu ambiente. A convivência direta com a Natureza certamente contribuiu para que eles despertassem para uma conscientização ecológica. Assim, sem ter o que as pessoas da cidade chamam de cultura, os índios se destacaram como exímios administradores do meio ambiente, sem, contudo, deixar de executar suas funções básicas de subsistência, como caçar e pescar, atividades desenvolvidas de forma racional e, portanto, causando o mínimo de desequilíbrio ecológico, nada que a Natureza não possa restaurar em pouco tempo.

Já o homem urbano, mesmo aquele dotado de escolaridade apreciável e possuidor de sólida cultura, tem se mostrado indiferente à conscientização ecológica, comportando-se como um cruel depredador do seu ambiente, e personificando um péssimo exemplo de gerente e usuário da Natureza. Na verdade, ele fez tudo o que não devia: contaminou o ar, poluiu as águas, extinguiu espécies de seres vivos e empobreceu o solo, provocando, desta maneira, o surgimento de catástrofes que não pode evitar, de doenças que não pode curar, de alterações climáticas que não pode controlar, e, finalmente, pôs em risco sua própria sobrevivência. O homem urbano tornou seu planeta insuportável para se viver.

E isto é profundamente lamentável, decepcionante até, pois, de todos os seres vivos criados por Deus, coube justamente ao homem - o chamado Homo sapiens - o privilégio de ser o administrador da Natureza, função na qual se revelou um verdadeiro desastre!

É oportuno salientar que a prática e a difusão da Educação Ambiental não são privilégios dos biólogos, mas dever do Estado e de todo cidadão, independentemente de sua formação escolar. Cada um deve agir como um ambientalista, um defensor e amante da Natureza. O poder Público precisa tomar consciência de que tarefas como a limpeza das vias públicas, a conservação das praças, arborização, controle de vetores de doenças, entre outras, devem ser praticadas rotineiramente; e o povo, por sua vez, precisa incorporar à sua prática diária a abolição de maus hábitos, como fumar em recintos de aglomeração humana, jogar lixo nas ruas, pichar muros, ouvir música com som em alto volume, criar animais em cativeiro, praticar o comércio clandestino de animais, desperdiçar água e energia, usar abusivamente agrotóxicos e inseticidas domésticos, etc., atitudes que agridem as pessoas e a Natureza e só contribuem para a disseminação da deseducação ambiental.

Mas de todas as atitudes que denotam falta de Educação Ambiental, nenhuma caracteriza exemplo mais imperdoável do que o péssimo hábito que muitos brasileiros têm de jogar lixo nas ruas. Todos estão racionalmente conscientes dos males causados pelo lixo, mas, como não estão emocionalmente envolvidos persistem nesse mau hábito. E este é um problema ecológico de fácil solução porque o passo decisivo é de competência e iniciativa da própria pessoa causadora do problema. Se cada indivíduo recolhesse seu lixo doméstico diário e o acondicionasse em sacos, separando-o pela natureza do material (vidro, papel, metal e orgânico), ele não sujaria o ambiente, não provocaria poluição odorífica, não atrairia insetos e facilitaria a coleta pelo Serviço de Limpeza Pública.

Em algumas cidades brasileiras do sul e sudeste o lixo já vem sendo acondicionado em sacos e separados pela natureza do material. Esse bom exemplo precisa ser expandido para todo o País, pois como diz o conhecido slogan: Cidade limpa, povo sadio.  

Outra questão importante em Educação Ambiental é a necessidade de se conhecer as riquezas ecológicas do lugar. No Cariri, é dever de toda a população conhecer a Floresta Nacional Araripe e os outros patrimônios que ela encerra, representados pelas fontes de água, pela fauna e pela flora existentes em Crato, Barbalha, Jardim, etc. Conhecer e zelar. É importante, por exemplo, saber que a Floresta Nacional Araripe foi a primeira criada oficialmente no Brasil, no dia 2 de maio de 1946, e o que ela representa para o nosso ambiente.

Já é tempo de se deixar de lado a idéia errônea de que cuidar da Natureza é responsabilidade do Governo somente. As escolas precisam assumir com muita determinação, e não apenas como atividade pedagógica, a missão de difundir entre os seus alunos os propósitos da Educação Ambiental para fomentar no meio da juventude o respeito à Natureza, ponto de partida para a formação de uma consciência ecológica sólida. E cada cidadão, individualmente, deve fazer a sua parte em favor da ecologia. Só através da ação integrada do governo e da população é que teremos um ambiente de fato saudável.

É até possível justificar porque só recentemente os problemas ambientais passaram a fazer parte da pauta das discussões prioritárias da comunidade. Primeiro, porque durante muito tempo eles permaneceram restrito ao seleto grupo dos biólogos e cientistas. Depois, porque as autoridades e o povo em geral se acomodaram, esperando que a ciência resolvesse tudo sozinha. O comodismo a que todos se lançaram só fez foi agravar a situação.

Mas nem sempre foi assim. No Cariri, há mais de cem anos, quando ninguém falava em ecologia, o Padre Cícero - como extraordinário homem de vanguarda que foi -, se antecipava e ensinava preceitos ecológicos aos romeiros. Eram coisas simples, como "não derrubem o mato; não toquem fogo no roçado; deixem os animais viverem; não matem os passarinhos; utilizem as plantas medicinais”, mas que surtiam um grande efeito. Essa iniciativa de Padre Cícero, hoje largamente disseminada no Nordeste, foi elogiada por ecologistas de renome, como o professor J. Vasconcellos Sobrinho, no seu livro Catecismo de Ecologia (Vozes, 1982) e Dr. Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente, o qual, em artigo publicado no jornal O Globo (19.01.94) disse que Padre Cícero "pregou em pleno sertão nordestino a palavra que hoje a consciência ambiental a duras penas começa a inscrever na nossa visão de mundo. Muito antes de que se realizasse a I Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972, ele teve essa percepção aguda de algo que constitui antes de tudo um interesse legítimo, identificado por quem está próximo da realidade".

Padre Cícero deu, portanto, o primeiro passo... há mais de cem anos! Foi, na verdade, um pioneiro da ecologia no Cariri. Pode-se dizer que ele prestou uma importante contribuição para alicerçar a Educação Ambiental em nossa Região.

Agora é com a gente.

PRECEITOS ECOLÓGICOS DE PADRE CÍCERO

- Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau

- Não toque fogo no roçado nem na caatinga

- Não cace mais e deixe os bichos viverem

- Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer

- Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza

- Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva

- Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta

- Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só

- Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca

- Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gato melhorando e o povo terá sempre o que comer

- Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai vivar um deserto só.

NOTA DO AUTOR: Este texto já estava pronto quando surgiu a informação, publicada no livro Bárbaros na Floresta: o Mito do Nobre Ecosselvagem, do sociólogo inglês Robert Whelan, a qual desmistifica a idéia vigente entre os ambientalistas de que os índios são os mais autênticos defensores da natureza.. Segundo os dados coletados por Whelan, no México, os maias destruíram 75% das florestas da Península de Yucatan; no Havaí (USA) cerca de 80% das espécies nativas de pássaros foram dizimadas no período que antecedeu ao desembarque dos europeus no arquipélago, e em Wyoming (USA), no século XIX, os colonizadores encontraram restos de pelo menos 300 000 búfalos atirados em precipício pelos índios. O objetivo era matar grande número de animais e, assim, garantir o sustento das aldeias. Há ainda a informação de que já em 1500, na costa da América, as queimadas eram intensamente praticadas pelos índios. O sociólogo inglês faz uma afirmação contundente: “Os índios tinham - e têm – tanta consciência ecológica quanto o operador de uma motossera na Amazônia”. Ou seja, ontem como hoje sua maior preocupação é com a própria sobrevivência. E mais: “As pessoas têm uma visão idealizada de como os índios vivem. Com este livro, ofereço um enfoque mais realista”., disse Ehelan à revista VEJA. (Matéria publicada na revista VEJA, 24.05.2000)

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Meio ambiente, muita discussão e pouca ação

SÍLVIA FRANZ MARCUZZO

O atual modelo de desenvolvimento, baseado na globalização e no neoliberalismo, não considera globais os danos causados ao meio ambiente. Companhias transnacionais não têm pátria, mudam-se conforme os incentivos fiscais.

A discussão dos problemas ambientais do Planeta teve início em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia. Antes disso, o debate não associava o desenvolvimento econômico à degradação ambiental. Só havia preocupação com problemas compartilhados por alguns países, como áreas de interesse comum, águas internacionais, continente antártico, espaço aéreo e regiões costeiras. Foi com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992, que as regras sobre proteção do meio ambiente se multiplicaram. Na Rio 92, ou Eco 92, também chamada de Cúpula da Terra, foi amplamente debatido o conceito de desenvolvimento sustentável, aquele que satisfaz as necessidades econômicas do presente sem comprometer o meio ambiente que será deixado para as gerações futuras. Na ocasião, foi assinada a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a proposta de criação da Agenda 21, os Princípios para a Administração Sustentável das Florestas, a Convenção da Biodiversidade e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. Desde então, houve muita discussão, mas pouca prática. Esses acordos internacionais ainda não saíram do papel. O atual modelo de desenvolvimento baseado na globalização e no neoliberalismo não considera globais os problemas do meio ambiente. As companhias transnacionais não têm pátria, mudam-se conforme os incentivos fiscais.

A presidente da Ação Democrática Feminina Gaúcha - Amigos da Terra, Magda Renner, que participou de reuniões preparatórias da Rio 92, afirma que os problemas ambientais estão longe de ser solucionados. "Hoje eles se tornaram dez vezes mais importantes que naquele tempo, e em muitos pontos houve regressão". Como exemplo, ela cita o Protocolo de Montreal, assinado em 1987, com emendas em 1990 e 1992. "Antes de 1990, os pesquisadores já sabiam quais os gases que atacam a camada de ozônio. Mas nenhum país, nem em 1992, nem agora, nesta última reunião de Montreal, se comprometeu definitivamente em suspender a produção desses gases", argumenta a ecologista, que há 33 anos realiza trabalhos voluntários pela qualidade de vida e cidadania. E indaga: "É possível que nós tenhamos um governador que festeja a vinda da maior fábrica de cigarros do Brasil e que se sinta realizado porque ela vai aumentar sua produção?" E conclui: "Quando vejo o tipo de desenvolvimento que está sendo implantado no Brasil, eu me pergunto se os nossos governantes não estavam na Lua, de férias, enquanto acontecia, aqui na Terra, a Eco 92". Para Magda, o importante é realizar ações locais, como programas de educação ambiental e atividades de conscientização.

Agenda 21 - A Agenda 21 é um programa de ações que cada país signatário deve implantar em nível federal e local, com o objetivo de promover um novo tipo de desenvolvimento. Traz diretrizes para o desenvolvimento sustentável a longo prazo, a partir de temas prioritários. Sugere a adoção de ações, como mudanças no padrão de consumo e a reformulação da produção econômica para os países desenvolvidos. O documento foi assinado por 179 países e é resultado do amadurecimento do debate da comunidade internacional a respeito da compatibilização entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental. E, conseqüentemente, sobre a continuidade da vida do Planeta.

No texto "Agenda 21 Local - Um Olhar a partir das Organizações da Sociedade", Samyra Crespo - secretária executiva adjunta e coordenadora da área de meio ambiente do Instituto de Estudos da Religião e do Museu de Astronomia e Ciências Afins - diz que as metas estabelecidas em 1992 para os governos deveriam ser cumpridas até a primeira data de revisão da Agenda, cinco anos depois, em junho de 1997, durante a Assembléia Especial da ONU, a Cúpula da Terra II, em Nova York. No entanto, durante a Rio+5, uma das reuniões preparatórias para a Cúpula da Terra II, ficou claro que poucos governos haviam tomado alguma medida em relação à Agenda 21. Duas semanas antes da Rio+5, o Brasil criou uma Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional.

Ao contrário das convenções, dos tratados e das Agendas 2l de cada país, as Agendas 21 locais estão conseguindo sair do papel. Francisco Milanez, representante do Fórum Brasileiro de Organizações Não-governamentais na Cúpula da Terra II, afirma que os cinco anos da Agenda 21 demonstram como está funcionando o Planeta. "No nível governamental federal, as pressões são econômicas, por isso as Agendas 21 federais são poucas e falsas. No nível municipal, o cidadão tem ainda uma escala de poder, ele opina e se contrapõe de alguma forma aos interesses econômicos. A Agenda 21 exige a construção com o povo, porque ela é uma reforma estrutural da forma de viver da humanidade. Ninguém muda a forma de viver de cima para baixo'', afirma o presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. Milanez conta que nas reuniões da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, preparatórias para a Cúpula da Terra II, em abril deste ano, em Nova York, o governo brasileiro não enviou representantes do Ministério do Meio Ambiente. Mas, na reunião final, quando já estava quase tudo acertado, havia muitos membros do Ministério. "Tudo acontece nas reuniões preparatórias, a reunião final é apenas uma celebração. Nos Estados Unidos as ONGs fazem parte da delegação", afirma Milanez, que sempre viajou com recursos próprios. Para Aspásia Camargo, secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do Planejamento trabalha em todas as decisões que a comissão pela implantação da Agenda 21 está tomando. Aspásia diz que o Ministério do Planejamento deverá inserir a Agenda 21 no próximo Plano Plurianual. "Nós desejamos que todos os governos façam o mesmo, pois a maior parte dos governos estaduais não criou as suas comissões e muitos deles, sequer têm comissão de meio ambiente funcionando", advertiu a socióloga, em Porto Alegre, quando participava do seminário Caminhos para a Agenda 21 Brasileira - Contribuições Gaúchas, em setembro deste ano. Agenda 21 em Porto Alegre - A diretora do programa de doações para incentivo de Agenda 21 local do Conselho Internacional de Iniciativas Locais Ambientais (ICLEI), Prabha Khosla, informa que duas mil cidades do mundo estão implantando a Agenda 21. Ela esteve no Brasil em outubro, visitando cidades que apresentam projetos com princípios de desenvolvimento sustentável para implementação de Agendas locais, Vitória, Betim, Niterói, Santos e Porto Alegre. Três municípios serão selecionados para receber US$ 100 mil em dois anos para programas de implementação da Agenda 21. O ICLEI também escolhe estudos de casos de práticas exemplares a ser apresentados em conferências internacionais e envia informações para os 265 municípios membros. Prabha considera a experiência de Porto Alegre muito importante para outros municípios, porque existe um trabalho de integração entre as secretaria, que é o Fórum Municipal de Meio Ambiente e Saneamento. Além disso, ela diz que o trabalho do Orçamento Participativo realmente existe mais no Brasil que em outras partes do mundo. "Nós queremos fazer um estudo sobre isso, para informar outros municípios onde é possível fazer algo pela democracia, com um governo aberto e transparente", observa a representante do ICLEI, que tem sede no Canadá e seis escritórios distribuídos pelo mundo.

Sílvia Franz Marcuzzo é jornalista, membro do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul.

Extraído do site: http://www.portoalegre.rs.gov.br/ecos/ecos/ecos11/ambiente.htm


Pensamento Ecológico de

José Lutzenberger

Os textos, a seguir, foram selecionados com o objetivo de permitir um contato com o pensamento ecológico do Prof. José Lutzenberger. Este ecólogo gaúcho produziu idéias que em muito se aproximam das propostas da Ecologia Profunda do filósofo norueguês Arne Naess. Os textos, produzidos nas décadas de 1970 e 1980, expressam a posição do autor em diferentes áreas que podem auxiliar na reflexão dos aspectos éticos associados às quetões ambientais.

 

Características Fundamentais

"Só uma visão sistêmica, unitária e sinfônica poderá nos aproximar de uma compreensão do que é nosso maravilhoso planeta vivo."(p.93, texto original de 1986)

Reverência pela Vida

"Só o cego intelectual, o imediatista, não se maravilha diante desta multiesplendorosa sinfonia, não se dá conta de que toda agressão a ela é uma agressão a nós mesmos, pois dela somos apenas parte. A contemplação o inimaginavelmente longo espaço de tempo que foi necessário para a elaboração da partitura e o que resta de tempo pela frente para um desdobramento ainda maior do espetáculo até que se apague o Sol só pode levar ao êxtase e à humildade. Assim, o grande Albert Schweitzer enunciou como princípio básico de Ética 'o princípio fundamental da reverência pela Vida em todas as suas formas e manifestações'! Se há um pecado grave, esse é frear a Vida em seu desdobramento, eliminar espécies irremediavelmente, arrasar paisagens, matar oceanos." (p.85, texto original da década de 1970)

Tecnologias duras e brandas

"Ao contrário do que acontece com as tecnologias duras, que hoje arrasam o planeta porque, ao resolverem um problema, sempre causam uma constelação de outros, as tecnologias brandas sempre resolvem vários problemas ao mesmo tempo. Um exemplo apenas: hoje um pequeno matadouro é violento poluidor orgânico do curso d'água mais próximo. Se usasse os detritos em bioconversão adequada, teria gás para um motor estacionário ou para caldeiras (diminuição de demanda de eletricidade), produziria adubo para todo um esquema da hortas ou pomares orgânicos ao seu redor (produção de alimentos de alto teor biológico) e não mais largaria material orgânico no rio (não controle da poluição, sempre ineficaz, mas eliminação pura e simples da poluição). As tecnologias brandas, que podemos chamar de tecnologias apropriadas, podem e devem entrosar-se em sistemas integrados." (p.61, texto original da década de 1970)

Ambiente Natural

"A visão cartesiana que ainda domina grande parte do pensamento científico atual coloca-nos como observadores externos da Natureza. Daí o conceito de 'ambiente natural'. O ambiente é visto como algo externo a nós, no qual estamos total e umbilicalmente imersos, é verdade, mas que não faz parte de nosso ser - uma dicotomia bem clara." (p.87, texto original de 1986)

Pesquisas em Animais

"A Vida jamais poderá ser compreendida nos termos que queria Descartes que, nos seres vivos, com exceção dos Humanos, via simples máquinas, relógios ou autômatos; robôs, como diríamos hoje. Mas esta visão ainda está bem viva, muito viva, por exemplo, nos laboratórios de toxicologia da indústria química, que submete milhões de criaturas indefesas - macacos, cachorros, gatos, ratos, proquinhos-da-índia e outros - por ela simplesmente classificados de 'cobaias', a torturas indescritíveis para, que em enfoque ridiculamente bitolado, estabelecer, entre outras abstrações indecentes, a 'dose diária admissível' dos venenos com que fazem seus grandes negócios. Esta visão, é triste dizê-lo, é comum em muito curso e aula de biologia, e nas modernas fábricas de carnes e ovos, eufemisticamente chamadas de 'criação confinada' e 'aviários'." (p.93, texto original de 1986)

Biologia Molecular

"Quando observo o trabalho dos biólogos moleculares, que se aprofundam sempre mais na dança das macromoléculas dos genes nos cromossomos, sem ligar para o organismo como um todo, me vem a imagem de alguém que, querendo conhecer e compreender os magníficos sistemas ferroviários europeus, por exemplo a Bundesbahn na Alemanha, se limitasse a estudar, com o microscópio, as letras nas tabelas dos grossos manuais de horários dos trens, e que passasse a vida fazendo nada mais que isso. Não deixa de ser muito interessante o que toda esta gente descobre e cataloga e, por isso, esses trabalhos são muito importantes; mas , desvinculados da visão do todo, nenhuma orientação ética nos proporcionam. Aliás, é dogma corrente em círculos científicos modernos que a ciência nada tem a ver com valores, com ética, com política, com religião." (p.94, texto original de 1986)

Lutzenberger J. Gaia, o planeta vivo. Porto Alegre: L&PM, 1990.

Extraído do site: http://www.ufrgs.br/HCPA/gppg/lutz.htm


6 bilhões de pessoas. Será demais?

Marcelo Leite - Folha de S.Paulo - 02.07.99

 

TEÓRICOS CRÊEM QUE A TERRA ESTÁ PRÓXIMA DO MÁXIMO DE HABITANTES QUE PODE ALIMENTAR, MAS NÃO HÁ CONSENSO; NA AGRICULTURA, USO DE ÁGUA SUPERA TAXA DE REPOSIÇÃO

Supondo que você leia este texto até o fim e que isso leve três minutos, haverá umas 450 pessoas a mais sobre a Terra quando terminar. Nesse ritmo de mais de duas pessoas por segundo, em 12 de outubro o planeta contará com 6 bilhões de habitantes. O cálculo parte da agência de população da

Organização das Nações Unidas. A contagem regressiva oficial para o Dia dos 6 Bilhões começa daqui a 2,16 milhões de pessoas, no Dia da População Mundial (11 de julho). É tanta gente que a ONU arranjou logo duas datas para marcar a ultrapassagem de mais um bilhão.

O crescimento populacional de hoje não tem precedentes. Se a humanidade tivesse procriado sempre com tamanho afinco (1,33% ao ano), ela teria surgido apenas seis séculos antes de Cristo, calcula Joel Cohen, do Laboratório de Populações das universidades Rockefeller e Columbia (EUA). Thomas Robert Malthus (1766-1834) deve estar dando voltas na tumba. Há 201 anos, escreveu "Um Ensaio sobre o Princípio da População". O livro abriu um dos debates mais perenes de todos os tempos: há limites, afinal, para a população que a Terra pode alimentar?

Malthus não tinha dúvida de que a fronteira existia e seria ultrapassada, pois a população tende a crescer mais rápido que a produção de comida: "O poder da população é indefinidamente maior que o poder da terra de produzir subsistência para o homem".

Como "a paixão entre os sexos é necessária", segundo Malthus a população teria de ser corrigida de tempos em tempos por meio de fome, miséria e guerra. Como um vírus, a idéia foi capaz de sobreviver até o mundo de hoje, em que as taxas de fertilidade caem e cresce a produção de alimentos.

A partir de 1965-70, a taxa de crescimento populacional deixou de subir. A população continua a aumentar, porém mais devagar. Só na última revisão (dezembro de 1998), a ONU retirou meio bilhão de pessoas do que era projetado para 2050 (agora, 8,9 bilhões). Há, no entanto, cerca de 1 bilhão de pessoas na idade de procriar. Isso garante um impulso que demógrafos chamam de "momentum", tomando da física o conceito de quantidade de movimento. CAPACIDADE DE SUPORTE Para intuir a atualidade de Malthus, basta substituir "comida" por "recursos naturais", a partir dos anos 60. Até mesmo um termo tão recente quanto "capacidade de suporte" (de populações por ecossistemas), gêmeo do "desenvolvimento sustentável" dos anos 90, soa obviamente malthusiano. Também malthusiano, o biólogo Paul Ehrlich escreveu "A Bomba da População", em 1968. Essa bíblia do alarmismo vendeu 9 milhões de cópias. Pessimista provou-se, ainda, "Os Limites para o Crescimento", estudo feito em 1972 por Dennis e Donella Meadows para o Clube de Roma. Seus modelos matemáticos em computador, grande inovação na época, regurgitaram profecias catastróficas para o próximo século. A explosão populacional levaria necessariamente a um colapso de recursos naturais. Tão ou mais velho que o pessimismo é seu contrário. O próprio Malthus escreveu para polemizar com os otimistas de seu tempo, como Marie-Jean-Antoine-Nicolas Caritat, o marquês de Condorcet (1743-1794).

O economista Julian Simon propôs uma aposta a Paul Ehrlich em 1980: uma cesta com cinco metais da escolha de Ehrlich, no valor de US$ 1 mil, estaria custando menos em dez anos (sinal de que a escassez prevista não ocorreria). Quem errasse pagaria o valor da variação nos preços. Eles caíram e Ehrlich fez um cheque de US$ 567,07. Simon morreu no final do ano passado, muito menos famoso do que Ehrlich. Seus mais destacados seguidores seriam hoje os que apontam a biotecnologia como a nova Revolução Verde.

Não é preciso ser malthusiano para perceber que transgênicos são solução para um problema inexistente.

A fome já chegou, mas está restrita a focos de pobreza crônica, como a África. É problema de distribuição, não de volume. A engenharia genética também não tem o poder de aumentar o estoque físico de água doce do planeta, principal limitação da agricultura. A irrigação consome 70% da água usada pelo homem, que retira dos aquíferos (lençóis profundos) mais do que a natureza repõe. Na Índia, por exemplo, isso pode reduzir em até 25% a produção de grãos nas próximas décadas, segundo a organização Worldwatch Institute (EUA).

Outro problema que a tecnologia terá dificuldade para resolver é o do efeito estufa (aquecimento global), potencializado pelo gás carbônico (CO2) produzido com a queima de combustíveis fósseis, sobretudo petróleo e carvão.

Mesmo que ocorra uma transição sem sobressaltos para uma matriz energética baseada no gás natural, em 50 anos, ou para o trinômio sol/ventos/hidrogênio, em 100, o CO2 já emitido vai continuar afetando o clima por muitas décadas.

CONFLITO NORTE-SUL

Escala planetária e complexidade são as marcas características dos debates internacionais sobre a relação entre desenvolvimento econômico, crescimento populacional e recursos naturais. Nos anos 90, proliferaram agências e conferências da ONU, assim como ONGs especializadas em ambiente. Toda essa superestrutura burocrática não foi capaz, ainda, de gerar muitos resultados concretos.

O processo de negociação tem emperrado no abismo entre padrões de consumo do "Norte" (países ricos) e do "Sul" (pobres). A China, por exemplo, logo estará emitindo tanto CO2 quanto os EUA, mas na conta per capita a distância é maior que entre Pequim e Washington. Por isso não progride o Protocolo de Kyoto, assinado há um ano e meio, que estipula redução de gases-estufa.

Segundo Joel Cohen, 55, que lançou em 1995 o livro "How Many People Can the Earth Support?" ("Quantas Pessoas a Terra Pode Sustentar?", W.W.Norton, US$ 14,95), a questão da equidade é central para definir o máximo sustentável de população. No histórico que traçou das estimativas desde 1679 (13,4 bilhões de pessoas), encontrou números disparatados, até mesmo 1 trilhão (1978). Os valores mais frequentes ficam entre 4 bilhões e 16 bilhões. Para Cohen, a questão é cultural e política. Envolve valores e não cifras: "Não posso adivinhar se os filhos de meus filhos vão querer dirigir um automóvel, ou ter iate", afirmou à Folha. "Se todos tiverem uma dieta norte-americana, só se consegue alimentar um terço da população atual", disse Paul Ehrlich, 67, em entrevista por telefone. Para ele, o melhor para a Terra seria entre 1 bilhão e 2 bilhões de habitantes. Cohen lembra que há cem anos se dizia que os EUA não poderiam ter 200 milhões de habitantes, pois as ruas seriam cobertas com esterco de cavalos.

A tecnologia evoluiu para carros, mas o problema agora é o "esterco dos carros" no ar. Ele recusa definir-se como otimista ou pessimista: "Quando eu atravesso a Quinta Avenida, não sou nem otimista nem pessimista. Se fosse otimista, fecharia os olhos e atravessaria _seria morto. Se pessimista, ficaria com medo até de tentar atravessar. O que faço é olhar para o trânsito, para o semáforo, em todas as direções, e, com muito cuidado, tento chegar do outro lado da rua".

No livro, ele indica uma cidade para ser olhada com muito cuidado: São Paulo.

Extraído do site:

http://members.nbci.com/que_merda/transgenicos/def/bem-01.htm


Entrou hoje na net meu site,que na verdade é fruto desta lista: dos textos, das dicas, e dos eventos.

Quero agradecer a todos que estão fazendo meu curso (apesar da primeira aula)vocês me deram muita força.

Espero que gostem

Um abração a todos

Solange

www.reciclarte.hpg.com.br


Este é um dos vários sites portugueses dedicados ao Ambiente, onde se podem encontrar informações interessantes:

http://www.portugalmail.pt/ambiente/ambiente.htm

Fátima Rocha


Neste site fazem updates diários de situações ambientais em todo o planeta:

http://www.educationplanet.com/search/redirect/redirect?id=2444&mfcat=/search/Environment/Animals&mfcount=43

Fátima


Mensagens enviadas até o dia: 11.11.2000

Projeto Apoema - Educação Ambiental

www.apoema.com.br