InformaLista

O Informativo da lista “Educação Ambiental”

No. 06 – 29 de outubro de 2000

 

Alguns textos apresentados na Lista de Discussão do Projeto Apoema - Educação Ambiental (Antigo Projeto Vida – Educação Ambiental)

Os textos não passaram por revisão ortográfica, portanto, podem haver erros.


 

As Geociências e os Estudos Ambientais

por Alarico A. C. Jácomo - Outubro de 1992

A Geologia é a ciência que estuda a história do Planeta: sua origem, sua interação cósmica, sua constituição interna e externa, as alterações dinâmicas dessa constituição no espaço e no tempo faz parte, ainda, das atenções da Geologia, o entendimento do meio físico - geológico como fonte de matérias-primas para o Homem, e como palco das mais diversas ações de uso e ocupação do solo.

Não fosse apenas pelo simples enunciado de seus escopos enquanto ciência, a importância da geologia para os estudos ambientais pode também ser avaliada pela consciência de alguns dados.

O planeta Terra tem uma idade estimada entre 4,5 e 5 bilhões de anos. Este corpo cósmico, com sua "carga genética" (composição) de formação, passa desde sua origem por intensas e dinâmicas transformações internas e externas, forjadas pelo movimento de seu calor interno e pela transformação da energia solar através, principalmente, da movimentação das águas superficiais e subsuperficiais.

Tecnologicamente, o planeta é constituído basicamente por um núcleo metálico com uma parte interior sólida e uma parte interna líquida, um espesso e denso manto de constituição rochosa rígida com altíssimas pressões e temperaturas, e uma delgada mostra rochosa rígida mais leve (litosfera). São as relações entre o manto e a crosta que interessam de feito às atividades humanas. O globo terreste tem um raio médio de cerca de 6.370 km. O núcleo tem um raio estimado em 3.470 km. A espessura média de crosta não ultrapasse 30 a 40 km.

Imaginemos um globo de 100 cm de diâmetro. Neste globo, ao núcleo corresponderia um raio de 27,2 cm ao manto a espessura de 22,5 cm. A espessura da crosta não ultrapassaria 3 mm. Sabendo-se que é justamente no interior do manto que se processam violentíssimas movimentações promovidas por energia térmica remanescente ou originada de reações nucleares naturais, as relações espaciais entre estas diversas dimensões mostram, com evidência a incapacidade da delgada crosta dura superficial em resistir aos esforços originados do manto e às vezes de bolsões de magma (câmaras magmáticas) situadas na base da própria crosta. A história geológica da Terra é basicamente um registro das intensas, permanentes, e ainda presentes manifestações das movimentações do manto na crosta terrestre. Os grandes falhamentos, as grandes e extensivas manifestações vulcânicas, os terremotos, a separação dos continentes, a elevação de cadeias montanhosas, a subsidência de grandes regiões etc., tem, aí, sua origem e explicação. É sobre uma fina camada (Biosfera) dessa delgada e ameaçada crosta rígida que um período muito recente do vasto tempo geológico, vem se desenvolvendo a vida e a civilização humana. O escocês James Hutton, no final do século XVIII, contribuiu definitivamente para a superação da atrasada concepção medieval da Terra como um astro maior e estético.

Dotado de notável capacidade de percepção e espírito científico, Hutton lançou até hoje basicamente válido, teoria do "uniformitarismo" que tem por base a constatação do dinamismo interno e externo do planeta. Dizia Hutton: "Desde o topo da montanha à praia do mar ... tudo está em estado de mudança. Por meio da erosão a superfície da Terra deteriora-se localmente, mas por processos de formação das rochas ela se reconstrói em outra parte. A Terra possui um estado de crescimento e aumento; ela tem um outro estado, que é o de diminuição e degeneração. Este mundo é, assim, destruído em uma parte, mas renovado em outra".

As formas exibidas pela superfície do planeta sem relevo, tem sido assim, por toda história geológica, e ainda hoje, o resultado de uma luta titânica entre as forças internas do globo (forças endógenas-tectonismo) - responsáveis pela formação das grandes cadeias montanhosas, das grandes baías, pela movimentação dos continentes e pelos basculamentos de grandes blocos continentais, pelas forças vulcânicas e terremotos e as forças externas (forças exógenas) responsáveis pela degradação física e química das rochas, pela alteração dos minerais e pela produção dos solos, pela erosão das montanhas e planaltos, pelo assoreamento das bacias. Aquelas geradoras e acrescentadoras dos gradientes de relevo estar, ao inverso, abrandadoras desses gradientes.

É claro que para a compreensão e acertação da interação dos três processos geológicos fundamentais: tectonismo / erosão / deposição - corno responsáveis pela configuração passada, presente e futura da superf’cie do planeta, é necessária assumir uma outra escala para dimensão no tempo, no final este se coloca como um fator ilimitado na história da Terra. O próprio Hutton já dizia sobre a capacidade daqueles processos geológicos em moldar a crosta terrestre: "O que mais se pode exigir? Nada, senão tempo". Pois L. Eicher em seu magnífico trabalho "Tempo Geológico", faz um exercício extremamente apropriado de dimensão tendo na história geológica do planeta. Esse exercício, que consiste em imaginar - e todo o tempo geológico, cerca de 4,5 bilhões de anos - ou seja, o tempo decorrido desde a origem do planeta até hoje comprimido no intervalo de um ano, e destaca ao longo deste ano alguns eventos geológicos e antropológicos marcantes, é extremamente feliz para ressaltar a singularidade material e espiritual das relações entre o Homem e o planeta. Tomamos a liberdade de destacar alguns eventos, não destacados originalmente por Eicher, mas que prestam e mais adequadamente ao entendimento do presente texto.

Neste "ano geológico", as rochas mais antigas até hoje conhecidas datam de março. Plantas e animais terrestres começaram a aparecer no final de novembro. Neste mesmo final de novembro os mares invadiam a Bacia Amazônica, a Bacia do Parnaíba e a Bacia do Paraná, lá permanecendo até perto do dia 10 de dezembro. Em torno do dia 15 deste mesmo mês surgem os primeiros mamíferos, e os dinossauros iniciam seu domínio da cena terrestre, porém desaparecendo espetacularmente no dia 26. Dia 20 foi o marco dos grandes derrames basálticos que cobriram uma área de 1.200.000 quilometros quadrados da Bacia do Paraná, atingindo todo sul brasileiro e países vizinhos. Dia 22 inicia-se o grande espetáculo da separação dos continentes, e o conseqüente desaparecimento do grande continente Grondwara. Faltariam S dias para o final do ano quando, então, ergueram-se os Andes, os Alpes, e o Himalaia. A menos de quatro horas para meia noite do dia 31, surgiram os primeiros homo sapiens. A pouco mais de 1 minuto para a meia noite, deu-se a revolução tecnológica neolítica, a partir da qual o homem começa a praticar agricultura e a criação de gado. Colombo descobre a América, faltando 3 segundos para meia noite e James Hutton lança as bases da ciência geológica a pouco mais de l segundo desse movimentado "reveillon" geológico, saudado em seu clímax pela explosão das primeiras bombas atômicas. Inicia-se o futuro.

A propósito também desta questão, Hendrick W. Van Loon, citado por Eicher em sua obra "The Story of Making" utiliza, com muita sensibilidade, a seguinte lenda nórdica para conduzir seu leitor ao estado de espírito apropriado à uma aceitação mais livre e ampla da dimensão do tempo:

 

Enfim, e em resumo, mostra-se essencial para o sucesso das relações entre Homem e seu meio ambiente, compreender-se que está a lidar com coisas que têm uma longa e rica história, da qual o período humano ocupa um mínimo espaço e coisas que não são estáticas, que estão ainda em um intenso e dinâmico processo de mudanças, tanto em nível interno como externo do globo, envolvendo forças cósmicas, sem dúvida, civilizações muito lucrariam para sua felicidade presente e futura, com uma certa dose de humildade e reverência em suas ações de uso e ocupação dos espaços terrestres.
 
Texto extraído do site: http://www.lsi.usp.br/econet/artigo/geoeco.htm

Quanto Lixo uma Pessoa Produz em Toda a Sua Vida

25 Toneladas de Lixo - do nascimento à morte, essa é a quantidade de

detritos que cada brasileiro vai produzir durante toda a sua vida

Você já reparou na quantidade de sujeira que se acumula na lata de lixo da

sua casa nos fins de semana? Pois é. De lata cheia em lata cheia, cada

brasileiro que viva até os 70 anos de idade vai produzir 25 toneladas de

detritos. Como a família média no país é formada por quatro pessoas, cada

lar irá fabricar 100 toneladas de lixo. São números pavorosos, mas pouca

gente dá atenção a isso até que o lixo - feito um vulcão aparentemente

extinto - dê sinais de vida. Foi o que aconteceu em São Paulo, durante as

enchentes de março de 1999. O lixo foi apontado como o maior responsável

pela tragédia. A intensidade de chuva que caiu sobre a cidade foi semelhante

a da última grande enchente, ocorrida em 1988. Ou seja, não havia mais água

do que há onze anos. Havia, sim, mais lixo, cuja produção dobrou nesse

período. Como ele estava em toda parte, entupiu bueiros, diminuiu a vazão de

água e ajudou a piorar o caos.

O lixo é um indicador curioso de desenvolvimento de uma nação. Quanto mais

pujante for a economia, mais sujeira o país vai produzir. É sinal de que o

país está crescendo, de que as pessoas estão consumindo mais. Segundo um

levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Publica

e Resíduos Especiais, Abrelpe, o brasileiro passou a produzir muito mais

lixo depois do Plano Real. A cidade de Salvador teve um aumento de 40% na

coleta de detritos. Em São Paulo, o crescimento foi de 13%. Os cariocas

assim como os curitibanos, jogaram 22% mais coisas fora. Por dia, calcula-se

que o brasileiro produza 1 quilo de lixo domiciliar. Ainda estamos longe dos

americanos com seus inacreditáveis 3 quilos por pessoa, mas já ultrapassamos

países da União Européia. A questão é que as grandes cidades brasileiras não

têm estrutura para encarar esse crescimento e se encontram perto de um

limite. As prefeituras estão sem dinheiro para a coleta e já não há mais

lugar onde jogar lixo.

O problema ganha uma dimensão mais perigosa por causa da mudança no perfil

do lixo. Há cinqüenta anos, os bebês utilizavam fraldas de pano, que não

eram jogadas fora. Tomavam sopa feita em casa e bebiam leite mantido em

garrafas reutilizáveis. Hoje, os bebês usam fraldas descartáveis, tomam sopa

em potinhos que são jogados fora e bebem leite embalado em caixas tipo

"tetrapak". Ao final de uma semana de vida, o lixo que eles produzem

equivale, em volume, a quatro vezes o seu tamanho. Na metade do século, a

composição do lixo era predominantemente de matéria orgânica, de restos de

comida. Com o avanço da tecnologia, materiais como plásticos, isopores,

pilhas, baterias de celular e lâmpadas são presença cada vez mais constante

na coleta. Em 1986, existia em todo o planeta apenas 1,3 milhão de linhas de

celular. Hoje são 135 milhões e daqui a sete anos serão 850 milhões de

linhas. Todas consumindo baterias altamente tóxicas para a saúde pública

quando jogadas nos lixões. Levando-se em consideração que o Brasil tem 7

milhões de linhas de celular e que 70% do lixo brasileiro é jogado a céu

aberto, a contaminação dos lençóis freáticos localizados abaixo desses

lixões não pára de crescer.

Dar um destino adequado ao lixo é um dos grandes desafios da administração

pública em todo o mundo. No Japão, onde não há lixões, parte dos detritos é

colocada em barcos e enviada para países vizinhos que cobram pelo serviço.

Em Nova York, são aplicadas multas de até 300 dólares para o cidadão que não

faz a triagem em casa separando papéis, latas, plásticos e vidros. A maior

parte do lixo vai para o aterro sanitário de Staten Island também de barco.

No Brasil, o problema vem sendo enfrentado de forma inadequada e

improvisada. Boa parte do lixo é simplesmente jogada em grandes terrenos,

isso quando chega a ser coletado. Calcula-se que 30% do lixo brasileiro

fique espalhado pelas ruas das grandes cidades. Basta um passeio pelo centro

de qualquer capital para perceber o grande número de sacos plásticos, papéis

e todo tipo de sujeira pelo chão. O brasileiro ainda não joga o lixo no

lixo.

Poucas são as cidades que estão investindo numa solução mais definitiva. A

saída ideal está na reciclagem e na montagem de usinas geradoras de energia.

Em Curitiba, existe uma fábrica que recicla os inimigos da natureza. Em

Madri, capital da Espanha, 50.000 habitantes recebem energia elétrica gerada

a partir da reciclagem do lixo. O sistema transforma montanhas de detritos

em gás metano. Esse gás vai para uma minitermelétrica que faz a conversão

para eletricidade.

Bom Negócio: Nos Estados Unidos, a indústria de reciclagem do lixo fatura

120 bilhões de dólares por ano. É um resultado equivalente ao das montadoras

de carros americanas, mas com margens de lucro maiores. Na semana passada,

duas companhias anunciaram um processo de fusão que criará o segundo maior

grupo de coleta de lixo dos Estados Unidos, com 6,6 bilhões de dólares de

receita. No Brasil, os números são bem mais modestos. O economista Calderoni

fez a conta no livro Os Bilhões Perdidos no Lixo e mostrou que o país fatura

hoje 1,2 bilhão de dólares por ano com essa atividade. Esse número poderia

ser de 5,8 bilhões de dólares em pouco tempo.

Falar de lixo é tão etéreo quanto falar de água encanada. A população não

têm consciência de como ela vem ou para onde vai. Com a sujeira, a única

vontade é que desapareça o mais rápido possível para longe dos olhos - um

sentimento natural. No Brasil, menos de 1 % do lixo é reciclado. É muito

difícil, senão impossível, encontrar uma casa com cinco lixeiras diferentes,

unia para cada tipo de detrito. Na França, o consumidor está adotando novo

conceito na hora de fazer as compras: a possibilidade de reutilização das

embalagens. Em vez de levar o leite de caixinha, um movimento de donas de

casa recomenda a compra de uma garrafa plástica que pode ser reaproveitada

depois. Os empresários já estão produzindo embalagens retornáveis que são

procuradas pelo consumidor graças aos descontos: é o chamado selo verde. Lá,

eles já perceberam que não se acaba com o lixo atirando-o na lata. O

problema apenas começa ali.

São Paulo:

tem cinco dos seus sete aterros sanitários lotados. Os dois que restam, de

acordo com as previsões mais otimistas devem durar apenas mais quatro anos.

Usinas de Reciclagem do Lixo:

À um custo, estimado, de 15 milhões de dólares dá para montar uma usina que

consome 250 toneladas de lixo por dia e gera energia para 50.000 pessoas.

Mais Rico mais Lixo:

Lixo per capita

PAÍS......kg/dia

EUA..........3,2

ITÁLIA.......1,5

HOLANDA......1,3

JAPÃO........1,1

BRASIL.......1,0

GRÉCIA.......0,8

PORTUGAL.....0,6

Duração do Lixo:

LIXO........anos

Lata de Alumínio..100

Plástico..........100

Tampa de garrafa..150

Vidro..........10.000

Texto extraído do site http://www.superdicas.com/netalmanaque/lixo.htm


Fritjof Capra




                         Rumo à Ecologia Profunda

   Em seu mais novo livro, A Teia da Vida (Cultrix-Amana), Fritjof Capra
mostra como a ecologia profunda - a concepção que não separa os homens da
          natureza - ganha relevância na nova visão da realidade.
                           Por Fritjof Capra (*)



À medida que o século se aproxima do fim, as preocupações com o meio
ambiente adquirem suprema importância. Defrontamo-nos com toda uma série de
problemas globais que estão danificando a biosfera e a vida humana de uma
maneira alarmante, e que pode logo se tornar irreversível. Quanto mais
estudamos os principais problemas de nossa época, mais somos levados a
perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas
sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes.
Por exemplo, somente será possível estabilizar a população quando a pobreza
for reduzida em âmbito mundial. A extinção de espécies animais e vegetais
numa escala massiva continuará enquanto o hemisfério meridional estiver sob
o fardo de enormes dívidas. A escassez dos recursos e a degradação do meio
ambiente combinam-se com populações em rápida expansão, o que leva ao
colapso das comunidades locais e à violência étnica e tribal que se tornou
a característica mais importante da era pós-guerra fria. Em última análise,
esses problemas precisam ser vistos, exatamente, como diferentes facetas de
uma única crise, que é, em grande medida, uma crise de percepção. Há
soluções para os principais problemas de nosso tempo, alguns delas até
mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no
nosso pensamento e nos nossos valores. E, de fato, estamos agora no
princípio dessa mudança fundamental de visão de mundo na ciência e na
sociedade, uma mudança de paradigma tão radical como foi a revolução
copernicana. Porém, essa compreensão ainda não despontou entre a maioria
dos nossos líderes políticos. O reconhecimento de que é necessária uma
profunda mudança de percepção e de pensamento para garantir a nossa
sobrevivência ainda não atingiu a maioria dos líderes das nossas grandes
universidades. Nossos líderes não só deixam de reconhecer como diferentes
problemas estão inter-relacionados; eles também se recusam a reconhecer
como suas assim chamadas soluções afetam as gerações futuras. A partir do
ponto de vista sistêmico, as únicas soluções viáveis são as soluções
"sustentáveis". O conceito de sustentabilidade adquiriu importância-chave
no movimento ecológico e é realmente fundamental. Este, em resumo, é o
grande desafio do nosso tempo: as chances das gerações futuras.

A Mudança de Paradigma


Na minha vida de físico, meu principal interesse tem sido a dramática
mudança de concepções e idéias que ocorreu na física durante os primeiros
30 anos deste século, que ainda está sendo elaborada em nossas atuais
teorias da matéria. As novas concepções da física têm gerado uma profunda
mudança em nossas visões de mundo; da visão de mundo mecanicista de
Descartes e de Newton para uma visão holística, ecológica. A nova visão da
realidade não era, em absoluto, fácil de ser aceita pelos físicos no começo
do século. A exploração dos mundos atômico e subatômico colocou-os em
contato com uma realidade estranha e inesperada. Em seus esforços para
apreender essa nova realidade, os cientistas ficaram dolorosamente
conscientes de que suas concepções básicas, sua linguagem e todo o seu modo
de pensar eram inadequados para descrever os fenômenos atômicos. Seus
problemas não eram meramente intelectuais, mas alcançavam as proporções de
uma intensa crise emocional e, poder-se-ia dizer, até mesmo existencial.
Eles precisaram de um longo tempo para superar essa crise, mas, no fim,
foram recompensados por profundas introvisões sobre a natureza da matéria e
de sua relação com a mente humana. As dramáticas mudanças de pensamento
ocorridas na física no princípio deste século têm sido amplamente
discutidas por físicos e filósofos durante mais de 50 anos. Elas levaram
Thomas Kuhn à noção de um "paradigma" científico, definido como "uma
constelação de realizações - concepções, valores, técnicas, etc. -
compartilhada por uma comunidade científica e usada por essa comunidade
para definir problemas e soluções legítimos". Mudanças de paradigmas, para
Kuhn, ocorrem sob a forma de rupturas descontínuas e revolucionárias. Hoje,
25 anos depois da análise de Kuhn, reconhecemos a mudança de paradigma em
física como parte integral de uma transformação cultural muito mais ampla.
A crise intelectual dos físicos quânticos nos anos 20 espelha-se hoje numa
crise cultural semelhante, porém muito mais ampla. Conseqüentemente, o que
estamos vendo é uma mudança de paradigmas que está ocorrendo não apenas no
âmbito da ciência, mas também na arena social, em proporções ainda mais
amplas. O paradigma que está agora retrocedendo dominou nossa cultura por
várias centenas de anos, durante as quais modelou nossa moderna sociedade
ocidental e influenciou significativamente o restante do mundo. Esse
paradigma consiste em várias idéias e valores entrincheirados, entre os
quais a visão do universo como um sistema mecânico composto de blocos de
construção elementares, a visão do corpo humano como uma máquina, a visão
da vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência, a crença no
progresso material ilimitado, a ser obtido por intermédio de crescimento
econômico e tecnológico, e - por fim, não menos importante - a crença em
que uma sociedade na qual a mulher é, por toda a parte, classificada em
posição inferior à do homem é uma sociedade que segue uma lei básica da
natureza. Todas essas suposições têm sido decisivamente desafiadas por
eventos recentes. E, na verdade, está ocorrendo, na atualidade, uma revisão
radical dessas suposições.

Ecologia Profunda


O novo paradigma pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que
concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes
dissociadas. Pode também ser denominado visão ecológica, se o termo
"ecologia" for empregado num sentido muito mais amplo e profundo que o
usual. A percepção ecológica profunda reconhece a independência fundamental
de todos os fenômenos e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades,
estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última
análise, somos dependentes desses processos). Os dois termos, "holístico" e
"ecológico", diferem ligeiramente em seus significados, e parece que
"holístico" é um pouco menos apropriado para descrever o novo paradigma.
Uma visão holística, digamos, de uma bicicleta significa ver a bicicleta
como um todo funcional e compreender, em conformidade com isso, as
interdependências das suas partes. Uma visão ecológica da bicicleta inclui
isso, mas acrescenta-lhe a percepção de como a bicicleta está encaixada no
seu ambiente natural e social - de onde vêm as matérias-primas que entram
nela, como foi fabricada, como seu uso afeta o meio ambiente natural e a
comunidade pela qual ele é usada, e assim por diante. Essa distinção entre
"holístico" e "ecológico" é ainda mais importante quanto falamos sobre
sistemas vivos, para os quais as conexões com o meio ambiente são muito
mais vitais. O sentido em que eu uso o termo "ecológico" está associado a
uma escola filosófica específica e, além disso, a um movimento popular
global conhecido como "ecologia profunda", que está rapidamente adquirindo
proeminência. A escola filosófica foi fundada pelo filósofo norueguês Arne
Naess, no início dos anos 70, com sua distinção entre "ecologia rasa" e
"ecologia profunda". A ecologia rasa é antropocêntrica, ou centralizada no
ser humano. Ela vê os seres humanos como situados acima ou fora da
natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui apenas um valor
instrumental, ou de "uso", à natureza. A ecologia profunda não separa seres
humanos - ou qualquer outra coisa do meio ambiente natural. Ela vê o mundo
não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos
que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A
ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de seres vivos e concebe os
seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. Em última
análise, a percepção da ecologia profunda é percepção espiritual ou
religiosa. Quando a concepção de espírito humano é entendida como o modo de
consciência no qual o indivíduo tem uma sensação de pertinência, de
conexidade, com o cosmos como um todo, torna-se claro que a percepção
ecológica é espiritual na sua essência mais profunda. Não é, pois, de se
surpreender o fato de que a nova visão emergente da realidade baseada na
percepção ecológica profunda é consistente com a chamada filosofia perene
das tradições espirituais. Há outro modo pelo qual Naess caracterizou a
ecologia profunda. "A essência da ecologia profunda", diz ele, "consiste em
formular questões mais profundas". É também essa a essência de uma mudança
de paradigma. Precisamos estar preparados para questionar cada aspecto
isolado do velho paradigma.

Ecologia social e ecofeminismo


Além da ecologia profunda, há duas importantes escolas filosóficas de
ecologia, a ecologia social e a ecologia feminista, ou "ecofeminismo". Em
anos recentes, tem havido um vivo debate dos méritos relativos dessas três
escolas. Parece-me que cada uma delas aborda aspectos importantes do
paradigma ecológico e, em vez de competir uns com os outros, seus
proponentes deveriam tentar integrar suas abordagens numa visão ecológica
coerente. A percepção ecológica profunda parece fornecer a base filosófica
e espiritual ideal para um estilo de vida ecológico e para o ativismo
ambientalista. No entanto, não nos diz muito a respeito das características
e dos padrões culturais de organização social que produziram a atual crise
ecológica. É esse o foco da ecologia social. O solo comum das várias
escolas de ecologia social é o reconhecimento de que a natureza
fundamentalmente antiecológica de muitas de nossas estruturas
sócio-econômicas está arraigada no que Riane Eisler chamou de "sistema do
dominador" de organização social. O patriarcado, o imperialismo, o
capitalismo e o racismo são exemplos de dominação exploradora e
antiecológica. O ecofeminismo poderia ser encarado como uma escola especial
de ecologia social, uma vez que também aborda a dinâmica de dominação
social dentro do contexto do patriarcado. Entretanto, sua análise cultural
das muitas facetas do patriarcado e das ligações entre feminismo e ecologia
vai muito além do arcabouço da ecologia social. Os ecofeministas vêem a
dominação patriarcal de mulheres por homens como o protótipo de todas as
formas de dominação e exploração: hierárquica, militarista, capitalista e
industrialista. Eles mostram que a exploração da natureza, em particular,
tem marchado de mãos dadas com a das mulheres, que têm sido identificadas
com a natureza através dos séculos. Essa antiga associação entre mulheres e
natureza liga a história das mulheres com a história do meio ambiente, e é
a fonte de um parentesco natural entre feminismo e ecologia.
Conseqüentemente, os ecofeministas vêem o conhecimento vivencial feminino
como uma das fontes principais de uma visão ecológica da realidade.

Novos valores


Neste esboço do paradigma ecológico emergente, enfatizei até agora as
mudanças nas percepções e nas maneiras de pensar. Se isso fosse tudo o que
é necessário, a transição para um novo paradigma seria muito mais fácil.
Há, no movimento da ecologia profunda, um número suficiente de pensadores
articulados e eloqüentes que poderiam convencer nossos líderes políticos e
corporativos acerca dos méritos do novo pensamento. Mas isto é só parte da
história. A mudança de paradigmas requer uma expansão não apenas de nossas
percepções e maneiras de pensar, mas também de nossos valores. É
interessante notar aqui a notável conexão nas mudanças entre pensamentos e
valores. Ambas podem ser vistas como mudanças da auto-afirmação para a
integração. Essas tendências - a auto-afirmativa - são aspectos essenciais
de todos os sistemas vivos. Nenhuma delas é, intrinsecamente, boa ou má. O
que é bom, ou saudável, é um equilíbrio dinâmico; o que é mau, ou
insalubre, é o desequilíbrio - a ênfase excessiva em uma das tendências em
detrimento da outra. Agora, se olharmos para a nossa cultura industrial
ocidental, veremos que enfatizamos em excesso as tendências
auto-afirmativas e negligenciamos as integrativas. Isso é evidente tanto no
nosso pensamento como nos nossos valores. Uma coisa que notamos ao examinar
essas tendências opostas lado a lado é que os valores auto-afirmativos -
competição, expansão, dominação - estão geralmente associados a homens. De
fato, na sociedade patriarcal, eles não apenas são favorecidos como também
recebem recompensas econômicas e poder político. Essa é uma das razões
pelas quais a mudança para um sistema de valores mais equilibrados é tão
difícil para a maioria das pessoas, em especial para os homens. O poder, no
sentido de dominação sobre outros, é a auto-afirmação excessiva. A
estrutura social na qual é exercida de modo mais efetivo é a hierarquia. De
fato, nossas estruturas políticas, militares e corporativas são
hierarquicamente ordenadas, com os homens geralmente ocupando os níveis
superiores, e as mulheres, os inferiores. A maioria desses homens, e
algumas mulheres, chegaram a considerar sua posição na hierarquia como
parte de sua identidade e, desse modo, a mudança para um diferente sistema
de valores gera neles medo existencial. No entanto, há outro tipo de poder,
um poder mais apropriado para o novo paradigma - poder como influência de
outros. A estrutura ideal para exercer esse tipo de poder não é a
hierarquia, mas a rede, que é também a metáfora central da ecologia. A
mudança de paradigma inclui, dessa maneira, uma mudança na organização
social, uma mudança de hierarquias para redes.

Ética


Toda a questão dos valores é fundamental para a ecologia profunda; é, de
fato, sua característica definidora central. Enquanto o velho paradigma
está baseado em valores antropocêntricos (centralizados no ser humano), a
ecologia profunda está alicerçada em valores ecocêntricos (centralizados na
Terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida
não-humana. Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas
ligadas umas às outras numa rede de interdependências. Quando essa
percepção ecológica profunda torna-se parte de nossa consciência cotidiana,
emerge um sistema de ética radicalmente novo. Essa ética ecológica profunda
é urgentemente necessária nos dias de hoje, especialmente na ciência, uma
vez que a maior parte daquilo que os cientistas fazem não atua no sentido
de promover a vida nem de preservá-la, mas sim no sentido de destruir a
vida. Com os físicos projetando sistemas de armamentos que ameaçam eliminar
a vida do planeta, com os químicos contaminando o meio ambiente global, com
os biólogos pondo à solta tipos novos e desconhecidos de microorganismos
sem saber as conseqüências, com psicólogos e outros cientistas torturando
animais em nome do progresso científico - com todas essas atividades em
andamento, parece da máxima urgência introduzir padrões "ecoéticos" na
ciência. Geralmente, não se reconhece que os valores não são periféricos à
ciência e `tecnologia, mas constituem sua própria base e força motriz.
Durante a revolução científica no século 17, os valores eram separados dos
fatos, e desde essa época tendemos a acreditar que os fatos científicos são
independentes daquilo que fazemos, e são, portanto, independentes dos
nossos valores. Na realidade, os fatos científicos emergem de toda uma
constelação de percepções, valores e ações humanos - em uma palavra,
emergem de um paradigma - dos quais não podem ser separados. Embora grande
parte das pesquisas detalhadas possa não depender explicitamente do sistema
de valores do cientista, o paradigma mais amplo, em cujo âmbito essa
pesquisa é desenvolvida, os cientistas são responsáveis pelas suas
pesquisas não apenas intelectual mas também moralmente. Dentro do contexto
da ecologia profunda, a visão segundo a qual esses valores são inerentes a
toda a natureza viva está alicerçada na experiência profunda, ecológica ou
espiritual, de que a natureza e o eu são um só. Essa expansão do eu até a
identificação com a natureza é a instrução básica da ecologia profunda.

(*) O texto aqui apresentado é um excerto do capítulo 1, "Ecologia Profunda
- Um Novo Paradigma", de A Teia da Vida - Uma Nova Compreensão Científica
dos Sistemas Vivos, recém-lançado no Brasil pela Editora Cultrix. Tradução:
Newton Roberval Eichemberg.


Site que divulga eventos ambientais em diversas regiões do país.

http://www.ecolnews.com.br/eventos_ambientais.htm


URUBUS E SABIÁS

Rubem Alves

 

        “Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré–mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás...  Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.<?XML:NAMESPACE PREFIX = O />

        — Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

        — Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

        E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...            

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."                                       

Rubem Alves nasceu em Boa Esperança, Minas Gerais, em 1933.  Bacharel em Teologia - Seminário Presbiteriano de Campinas, SP.  Mestre em Teologia - Union Theological Seminary, NY, USA, é doutor em Filosofia pelo Princeton Theological Seminary, NJ, USA. É, também, psicanalista pela Associação Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Junto à UNICAMP foi Professor Adjunto e Titular da Faculdade de Educação, livre-docente pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e Diretor da Assessoria de Relações Internacionais daquela Universidade. Publicou diversos livros, dentro os quais destacamos "O que é a Religião?", "Filosofia da Ciência", "Conversas com quem gosta de ensinar", "Ghandi: A política dos gestos poéticos", "A alegria de ensinar", além de vários livros infantis.
O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar - O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica - São Paulo, 1995, pág. 81.

http://www.releituras.com/rualvurubu.htm

 


Uma reflexão de Valter José de Almeida

Muitas vezes abordamos a EA como uma disciplina específica, talvez, pela idéia que ela requer uma "habilitação" para o seu exercício. Na verdade, a EA, dentro da nova proposta curricular, é apresentada como uma tema transversal e deve estar presente em todas a s áreas do conhecimentos do ensino formal . O que isso significa na prática? Muitos educadores são excelentes "cantores", verdadeiros sabiás, mas muitas vezes são inibidos pelos "urubus" que são representados pelo comodismo, autoritarismo e medo de enfrentar novas propostas de integração da educação ambiental com as "outras educações": educação dos direitos humano, educação sustentável e educação para a paz.

Segundo a bióloga Maria Cornélia Mergulhão, do zoológico de Sorocaba, grandes educadores ambientais estão também fora da sala de aula. Não é preciso ser professor, muitos menos da área de biologia para ser eleito educador ambiental. Basta ter o ideal de usar parte de sua vida mostrando, com palavras e exemplos, a importância de ser um cidadão consciente e ativo em relação ao seu meio, ou seja, o educador ambiental, não pode ter medo de usar o seu "canto", tem que tentar sempre, a todo momento, lapidar o seu conhecimento, inovando suas estratégias educativas.

Visitem a minha HP: www.ebras.com.br/~valter/


Às margens da Lagoa que morre

Miguel Falabella


Uma leitora me escreve, alertando para o fato de o excesso de memória e peso, na bagagem de lembranças, retardar o avanço na caminhada. Segundo ela, uma mochila mais leve permite saltos mais altos, horizontes mais distantes e descobertas mais rápidas. Aconselha-me, cheia de carinho, a esvaziar a mala e arrumar tudo de novo, atirando fora aquilo que eu julgar desnecessário.

Estou pensando na mensagem, sentado aqui, no meio da tarde de sábado, um vento morno soprando sobre a Lagoa moribunda. Estou pensando nas coisas que ela me disse e ponderando sobre o que devo, ou não, atirar no lixo - que espécie de sentimento e saudade deve-se permitir escapar da mente, antes que ela se extinga? Estou aproveitando a mudança que se aproxima (mais duas semanas e toda minha vida será encaixotada rumo ao novo endereço), para limpar as gavetas da memória e selecionar aquilo que vai e aquilo que fica. É muita coisa, eu admito, mas não sei se quero abrir mão delas, na verdade. Não sei que espécie de alegria eu vou ser capaz de abraçar, sem a lembrança das minhas mágoas. Não vou ser capaz de alimentar uma nova ilusão, sem o parâmetro da solidão. Não. Não vou jogar nada fora, por mais pesada que esteja a bagagem. Preciso de toda a memória.

Todos precisamos de toda a memória possível. Para traçar novos caminhos, lembrando do esboço que primeiro se riscou. A falta de memória, seja individual ou coletiva, acaba destruindo qualquer possibilidade de novo, qualquer possibilidade de acerto. Como se errássemos o mesmo erro, outra e outra vez - uma coisa triste!

Outro dia mesmo, estávamos no intervalo da gravação do "Sai de baixo" e assistimos ao programa sobre os 50 anos de televisão. Todos ali eram profissionais da área, há já algum tempo, e Daniel Filho tinha ido dirigir o programa inaugural e acabamos prestando uma homenagem a ele, nos nossos corações, porque ele já fez tanta coisa legal na televisão, mais da metade do que ali foi mostrado tinha o seu selo, de alguma forma. Trabalho e talento merecem ser homenageados, sempre. Eu penso assim. Mas acabei vendo o programa pelos olhos dele, brilhando ao reconhecer cada momento, cada ângulo de câmera, cada colega que partiu, ou que chegou. Era a memória de toda uma vida. Eu vi. Nos olhos dele.

Quero um dia ter meus olhos cheios de memória, com o cristalino partido em mil pedaços, cada um deles com uma história própria, refletindo mil outras histórias. Sei que isso me leva ao problema inicial da crônica - a advertência da leitora a respeito do excesso. Às vezes, sou mesmo chegado a um exagero, devo confessar. Por isso, agradeço o conselho, mas vou continuar com tudo, porque eu acho que um pedaço da memória individual de cada um de nós vai juntar-se a outras, para formar o bloco da memória nacional (e, do jeito que as coisas estão, quem puder ceder mais um pouco da sua cota habitual, a nação agradece). São Miguel há de me arranjar forças para carregar a bagagem toda, ladeira acima. Ele é meu chapa, além de xará.

E, uma vez resolvido a carregar comigo todo o sentimento, passo à tarefa mais simples de selecionar a matéria. É mais fácil. Prefiro cortar o excesso de peso nessas coisas. Não vou abrir mão de uma única lembrança, de um único gesto, de nenhum beijo - nem mesmo aquele que me amargou a boca. Vou levar comigo todos os meus sonhos, os que espoucaram nos céus e os outros que abortei na calada da noite. É a minha história, o meu traçado.

Escrevo no meio de uma tarde estranha, cinzenta e abafada. A Lagoa, estendida a meus pés, tenta respirar, asfixiada pelo nosso descaso. Pela nossa falta de memória e de respeito. Eu vou olhar para ela e é um espelho escuro, de uma cor triste, nessa tarde. Elba vai dar um show de forró, hoje à noite. Talvez eu vá, para dançar e celebrar o fato de ainda estar aqui, tocando o barco pra frente. Vasculho a minha bagagem e percebo que a minha vida mudou tanto, desde que eu era um jovem da Ilha do Governador, pensando em prestar concurso para o Banco do Brasil, que chega a ser inacreditável. Se eu jogar qualquer das minhas lembranças na lata do lixo, posso acabar perdendo o fio da meada de vez.

Minha memória é meu alumbramento. Meu aturdimento com a rapidez com que a vida é capaz de dar voltas. Ladeira acima, subindo numa maciez, e de repente lá vem o diabo do carrinho despencando na encosta e você fica com aquele grito entalado na goela. Eu não sei como é que alguém pode gostar de montanha-russa. Nunca vou ser capaz de entender.

Minha memória é generosa e manda antigos instantâneos para a minha caixa postal, todo o tempo. Agora mesmo, debruçado no parapeito, de olho na Lagoa, já me despedindo da vista, eu tive a lembrança de bem longe, luzes, cheiros, barracas cheias de artigos, a Feira da Providência, às margens dela. Como é que eu poderia saber, naquele tempo? Como é que eu saberia, naquele fim de tarde, olhando abismado para as representações de outros mundos, inatingíveis, então, (porque Miami não ficava na Barra, naquela época!) que as coisas iam tomar um rumo muito diferente daquele que eu imaginei, um dia?

Como é que eu poderia saber que a Lagoa, naquela tarde fagueira, já tinha começado a morrer?

Extraído do site: http://www.carioca.webbr.net/cro10.htm


Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma.

Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.

A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duraçã;o. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.

Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Extraído do site http://www.releituras.com .


Sugestões de Materiais

A seguir encontram-se algumas dicas de publicações:


BOCHNIAK, R. Questionar o conhecimento: interdisciplinaridade na escola. São Paulo, Loyola, 1992.

BORNHEIM, G. A. Filosofia e política ecológica. Revista Filosófica Brasileira, Rio de Janeiro, UFRJ, 1985, vol. 1, nº 2, p. 16-24.

BORNHEIM, G. A. O homem não é natural. Revista Ambiente, 1990, vol. 4, nº 1, p: 7-12.

BRANCO, S. M. O meio ambiente em debate. São Paulo, Moderna, 1988.

BRANCO, S. M. Ecossistêmica: uma abordagem integrada dos problemas do meio ambiente. São Paulo, Edgard Blücher, 1989.

BUFFA, E. Educação e cidadania: quem educa o cidadão? (3ª ed.). São Paulo, Cortez/Autores Associados, 1991.

CARVALHO, E. D. R.; DANCIGUER, L.; MACARINI, S. A importância da interdisciplinaridade e das atividades de campo para a melhoria do ensino-aprendizado nas escolas de 1º e 2º graus: O GAIA e a experiência dos projetos "Geologia à Beira da Estrada" e "Ciência Viva na Cidade". Cadernos IG/UNICAMP, Campinas, UNICAMP, 1992, vol. 2, nº 1, p. 18 a 30.

CARVALHO, E. D. R.; DANCIGUER, L.; MACARINI, S. Projeto GAIA (Grupo de Aplicações Intedisciplinares à Aprendizagem). Anais da 43ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Rio de Janeiro, 1991, seção B6, p. 275.

CARVALHO, L. M. A temática ambiental e a escola de 1° grau. São Paulo, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 1989.

CARVALHO, M. O que é natureza. São Paulo, Brasiliense, 1991.

CECAE/USP RECICLA. Sobre o lixo... a produção bibliográfica da Universidade de São Paulo na área de resíduos sólidos. São Paulo, SIBi/USP, 1999.

COIMBRA, J. A. A. O outro lado do meio ambiente. São Paulo, CETESB, 1985.

CORSON, W. C. Manual global de ecologia: o que você pode fazer a respeito da crise do meio ambiente. São Paulo, Augustus, 1993.

COVRE, M. L. M. O que é cidadania (2ª ed.). São Paulo, Brasiliense, 1993.

DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo, Cortez/Autores Associados, 1990.

DIAS, G. F. Populações marginais em ecossistemas urbanos. Brasília, IBMARNR, 1989.

DIEGUES, A. C. Desenvolvimento sustentado, gerenciamento geoambiental e o de recursos naturais. Cadernos FUNDAP, São Paulo, jun. 1989, nº 16.

DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente (3ª ed.). Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1994.

EHRLICH, P. R. O mecanismo da natureza: o mundo vivo à nossa volta e como funciona. Rio de Janeiro, Campus, 1993.

ELETROPAULO. Guia de planejamento e manejo da arborização urbana. São Paulo, Eletropaulo/CESP/CPFL, 1995.

ELETROPAULO. Guia de arborização urbana. São Paulo, Eletropaulo, 1999.

EMBRAPA. Atlas do meio ambiente do Brasil (2ª ed.). Brasília, Embrapa-SPI / Terra Viva, 1996.

ESPINOSA, H. R. M. Desenvolvimento e meio ambiente sob nova ótica. Ambiente, São Paulo, CETESB, 1993, vol. 7, nº 1.

FAZENDA, I. C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo, Loyola, 1979.

FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria (2ª ed.). São Paulo, Loyola, 1993.

FEEMA. Vocabulário básico de meio ambiente. São Paulo, Serviço de Comunicação Social da Petrobras, 1990.

FERREIRA, L. Estado e ecologia: novos dilemas e desafios (o caso do Estado de São Paulo). Tese de Doutorado, Campinas, UNICAMP, 1992.

FREIRE, P. A alfabetização de adultos: é ela um que fazer neutro? Educação e Sociedade, São Paulo, Cortez & Cedes, n° l, 1978.

FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979.

FUNDO MUNDIAL PARA A NATUREZA. Muda o mundo, Raimundo! - educação ambiental no ensino básico do Brasil. Brasília, WWF/MMA, 1996.

GRÜN, M. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. Campinas, SP, Papirus, 1996.

GRUBER, J. G. (org.). O livro das árvores. Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngües, 1997.

GRUPO DE APLICAÇÃO INTERDISCIPLINAR À APRENDIZAGEM. O GAIA e seu Curso de Capacitação para Professores de 5ª Série da Rede de Ensino Público. In Anais do III Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores, Águas de São Pedro, UNESP, 1994, p. 202.

GRUPO DE APLICAÇÃO INTERDISCIPLINAR À APRENDIZAGEM. Projeto Vale do Piracicaba (Uma Experiência em Educação Ambiental). In Anais do 4º Encontro Nacional de Estudos Sobre o Meio Ambiente, Cuiabá, UFMT, 1993.

GUATTARI, F. As três ecologias. Campinas, Papirus, 1990.

GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas, Papirus, 1995.

ISER. Construindo nosso futuro: agenda 21 local - guia do cidadão. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 1996.

KEY, W. B. A era da manipulação. São Paulo, Página Aberta, 1993.

KLOETZEL, K. O que é meio ambiente (2ª ed.). São Paulo, Brasiliense, 1994.

MERICO, L. F. K. Introdução à economia ecológica. Blumenau, FURB, 1996.

MIRANDA, L. L. O que é lixo. São Paulo, Brasiliense, 1995.

PINTO, A. V. Sete lições sobre educação de adultos (7ª ed.). São Paulo, Cortez/Autores Associados, 1991.

PONTIN, J. A.; MASSARO, S. O que é poluição química (3ª ed.). São Paulo, Brasiliense, 1994.

REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo, Brasiliense, 1994.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo, Studio Nobel/FUNDAP, 1993.

SÃO PAULO (Estado) Secretaria do Meio Ambiente. Programa de Educação Ambiental do Vale do Ribeira. São Paulo, SMA, 1989.

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE; IBAMA; UNICAMP. Em busca da sustentabilidade do vale do Ribeira e Litoral Sul de São Paulo: Subsídios para discussão do Plano de Ação Governamental para o desenvolvimento sustentável. São Paulo, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 1998.

SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE; IBAMA; UNICAMP. Diagnóstico Ambiental Participativo do Vale da Ribeira e do Litoral Sul de São Paulo. São Paulo, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 1999.

UICN; PNUMA; WWF. Cuidando do planeta Terra: uma estratégia para o futuro da vida. São Paulo, CL-A Cultural, 1991.

VAL, A. M.; MATUCK, R. Manual do pequeno observador: árvores. São Paulo, Ática, 1997.

VIANNA, A.; MENEZES, L.; IÓRIO, M. C.; RIBEIRO, V. M. Educação ambiental: uma abordagem pedagógica dos temas da atualidade (2ª ed.). Erexim, RS, CRAB, 1994.



A seguir encontram-se algumas dicas e contatos para aquisição de materiais na área de educação ambiental:


Videoteca Videambiente
SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente
CEAM - Coordenadoria de Educação Ambiental
Fone (011) 577-4022 ramal 509

  • Empréstimo de fitas de vídeo para instituições (pessoas jurídicas) mediante cadastramento (ofício em papel timbrado da instituição à CEAM solicitando o cadastro e designando, no máximo, 3 nomes de pessoas, com respectivos RG, que poderão retirar as fitas);

  • Em seu acervo, existem cerca de 35 vídeos de domínio público (podem ser copiados).

CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem
Fone (11) 5182-6544
Fax (11) 5182-6548
E-mail cempre@cempre.org.br

  • Cempre Informa (gratuíto);
  • Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado;
  • Cadernos de reciclagem nº 1: coleta de papel no escritório;
  • Cadernos de reciclagem nº 2: o papel das prefeituras;
  • Cadernos de reciclagem nº 3: coleta seletiva nas escolas;
  • Cadernos de reciclagem nº 4: a contribuição da indústria;
  • Cadernos de reciclagem nº 5: a contribuição das ONGs;
  • Cadernos de reciclagem nº6: compostagem - a outra metade da reciclagem;
  • Reciclagem & negócios: recicladora de plástico;
  • Reciclagem & negócios: recicladora de papel de jornal;
  • Reciclagem & negócios: coleta seletiva e o sucateiro;
  • Fichas técnicas.

Sagres Produção e Distribuição de Audiovisuais
Fone (21) 253-4750
Fax (21) 253-4782

  • Vídeo "Ilha das Flores" (dentro da fita "Curta os Gaúchos").

MKT - Multimeios para Treinamento
Fone/Fax (11) 6910-4192 / 895-6858

  • Vídeos "Metrópole", "E", "A Fábula de Sufi", "Evolução" e "Sob o Arco-íris".

5 Elementos - Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental
Fone/Fax (11) 864-2787 / 871-1944

  • Vídeos "Viravolta" e "Viraplástico".

InterConnection Ltda.
Fone (11) 574-0633 Ramal 234 ou 235
Fax (11) 549-1220

  • Vídeos "Série Educação Ambiental".

Canal Imaginário Comunicação Ltda.
Fone/Fax (21) 286-2551 / 266-4451

  • Vídeo "Tá Limpo".

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária
Fone (21) 210-3221

  • Vídeo educativo "Água: use, mas ... não abuse".

Globo Comunicações
Fone DDG 0800-160957
Fax (11) 523-7022

  • 3 fitas de vídeo com as 20 aulas da Série Educação Ambiental do Telecurso 2000.

CPT - Centro de Produções Técnicas Ltda.
Fone (31) 891-7000
E-mail vendas@cpt.com.br

  • Vídeos "Lixo - Reciclagem e Compostagem" e "Arborização Urbana".

ACIMA - Associação de Profissionais em Ciência Ambiental
Fone (11) 5506-8490
Fax (11) 5506-6708
E-mail cursords@dialdata.com.br

  • Revista "Debates Socioambientais".

SENAC - Departamento Nacional
E-mail senacnet@senac.br

  • Revista "SENAC e Educação Ambiental".

Dércio e Doroty Marques
Fone (11) 485-1519 / 9999-6874
Fone (71) 334-3808 / 334-5187

  • Shows e músicas com temas ambientais e discos, tais como "Espelho d'água - sons e sentimentos da natureza", "Segredos vegetais", "Monjolear", "Paraíba vivo" e outros.


CD "Canção dos direitos da criança"

  • Músicas de Toquinho e Elifas Andreato para a Declaração Universal dos Direitos da Criança. É vendido em diversas lojas de discos.


Ômiccron Programação Gráfica
Fone/Fax (11) 884-8310
E-mail patrick.levy@u-netsys.com.br

  • CD-ROM "Reciclagem em papel".

Plastivida
Fone (11) 232-1144

  • CD-ROM "Plásticos em foco".

Ministério do Meio Ambiente - Secretaria de Recursos Hídricos
Fax (61) 225-4760

  • Projeto "Água, Meio Ambiente e Cidadania": Coleção composta por cinco livros, um cartaz didático, um CD-ROM e uma página na internet. Os títulos são os seguintes: "Água, meio ambiente e vida" (recomendado para as quatro primeiras séries do 1º grau); "Fazendo e aprendendo com a água" (livro de atividades); "O caminho das águas" (recomendado para as quatro primeiras séries do 1º grau); "Para que o futuro do planeta seja azul - princípios da lei dos recursos hídricos" (edição ilustrada e comentada); "Homem e a bacia hidrográfica"; "Guia do educador".

  • CD-ROM "Movimento cidadania pelas águas em ação" e folhetos sobre o projeto de mesmo nome.

Agromídia Software
Fone/Fax (31) 899-2606 / 899-2880
Home page www.agromidia.com.br

  • CD-ROM "Educação ambiental - um exercício de cidadania" e "Plantas medicinais".

Extraído do site:http://www.gaia-ong.com.br/

Frases de Gandhi

1.

O homem se torna muitas vezes o que ele próprio acredita que é. Se insisto em repetir para mim mesmo que não posso fazer uma determinada coisa, é possível que acabe me tornando realmente incapaz de fazê-la. Ao contrário, se tenho a convicção de que posso fazê-la, certamente adquirirei a capacidade de realizá-la, mesmo que não a tenha no começo.

2. 

As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importâncai faz se seguimos por caminhos diferente, desde que alcancemos o mesmo objetivo?

3.

Para se ver frente a frente com o Espírito da Verdade, universal e onipresente, é preciso ser capaz de amar a coisa menor da criação como a si mesmo. Um homem que aspira a isso não pode se manter afastado de qualquer setor da vida. É por isso que minha devoção à Verdade levou-me para o campo da política; e posso dizer, sem a menor hesitação e mesmo com toda a humanidade, que aqueles que dizem que a religião não tem nada a ver com a política não sabem o que é religião.

4.

Oração não é pedir. É um anseio da alma. É uma admissão diária das próprias fraquezas. É melhor na oração ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração.

5.

A fé é uma função do coração. Deve ser imposta pela razão. As duas coisas não são antagônicas, como pensam algumas pessoas. Quanto mais intensa a fé, mais profunda se torna a razão. Quando a fé se torna cega, inevitavelmente morre.

6.

O caminho da paz é o caminho da verdade. Ser honesto é ainda mais importante do que ser pacífico. Na verdade, a mentira é a mãe da violência. Um homem sincero não pode permanecer violento por muito tempo. Ele vai perceber, no curso de sua busca, que não tem necessidade de ser violento. Vai também descobrir que enquanto houver nele o menor vestígio de violência não conseguirá encontrar a verdade que está procurando.

7.

É impossível ser um internacionalista sem ser um nacionalista. O internacionalismo só é possível quando o nacionalismo se torna um fato, isto é, quando as pessoas pertencentes a diversos países se organizaram e são capazes de agir como um só homem.

8.

A economia que ignora as considerações morais e sentimentais é como figuras de cera, que podem ser parecidas com a vida, mas carecem da vida genuína da carne viva. Em todos os momentos cruciais, essas novas leis econômicas fracassaram na prática. E s nações ou indivíduos que as aceitam como máximas de orientação devem perecer.

9.

Para serem bem usadas, as máquinas têm de ajudar e atenuar o esforço humano. O uso atual das máquinas tende mais e mais a concentrar a riqueza nas mãos de uns poucos, em total menosprezo a milhões de homens e mulheres, cujo pão lhes é arrebatado da boca.

10.

Não acredito que um indivíduo possa progredir espiritualmente, enquanto aqueles que o cercam  estão sofrendo. Acredito em advaita, acredito na unidade essencial do homem e também de tudo o que vive. Portanto, acredito que se um homem progride espiritualmente o mundo inteiro está progredindo com ele; se um homem cai, o mundo cai junto com ele.

Advaita: uma das duas principais ramificações do Vedanta, que é um dos seis sistemas clássicos da filosofia indiana. Sustenta que Brahma, o Eu, é a realidade suprema, que o mundo veio de Brahma e é totalmente dependente dele.

11.

A verdade (satya) implica amor, a firmeza (agraha) cria e portanto serve como sinônimo para a força. Comecei por isso a chamar o movimento indiano de satyagraha, ou seja, a força que nasce da verdade e do amor ou não violência.

A força gerada pela não violência é infinitamente maior do que a força de todas as armas inventadas pela engenhosidade do homem.

A não violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.

A não violência nunca deve ser usada como um escudo para a covardia. É uma arma para os bravos.

12.

Ahimsa é o atributo da alma e por isso deve ser praticado por todos, em todos os momentos da vida. Se não pode ser praticado em todas as áreas da vida, então não tem qualquer valor prático.

Ahimsa não é a coisa primária de que se tem falado. Não fazer mal a qualquer coisa viva é certamente uma parte de ahimsa. Mas é a expressão mínima. O princípio de ahimsa é violado por cada pensamento nocivo, pela pressa indevida, pela mentira, pelo ódio, por desejar o mal a qualquer pessoa. É também violado quando retemos alguma coisa de que o mundo precisa.

13.

A desobediência civil é o direito intrínseco de um cidadão. Ele não pode renunciar a esse direito sem deixar de ser um homem. A desobediência civil nunca é acompanhada pela anarquia. A desobediência criminosa pode levar à anarquia. Todos os estados reprimem a desobediência criminosa pela força. Um estado perece, se assim não agir. Mas reprimir a desobediência civil é tentar aprisionar a consciência.

14.

Se queremos alcançar a verdadeira paz neste mundo e se queremos desfechar uma guerra verdadeira contra a guerra, teremos de começar pelas crianças; se crescerem com a sua inocência natural, não teremos de lutar; não teremos de tomar resoluções ociosas e infrutíferas, mas seguiremos do amor para o amor, da paz para a paz, até que finalmente todos os cantos do mundo estarão dominados pela paz e pelo amor, pelo que o mundo inteiro está ansiando, consciente ou inconscientemente.

Citações extraídas de "As Palavras de Gandhi" texto selecionado por Richard Attenborough, Editora Record.

Extraído do site: http://sites.mpc.com.br/cesar.dantas.de.castro/frases_de_gandhi.htm


A FLORESTA


Roberto Shinyashiki

 

Um lenhador percorre há anos a mesma floresta. Diariamente, ele observa com cuidado as árvores e cada detalhe da mata que fazem com que seu trabalho seja o mais produtivo possivel. E, assim, ele vai ganhando a vida com determinação e paciência.

Certo dia o lenhador encontra um sábio meditando na floresta, e os dois começam a conversar. O lenhador resolve contar o quão difícil é seu trabalho diário, sua cansativa rotina de cortar lenha, carrega-la até a cidade e encontrar um comprador para conseguir algum dinheiro.

Durante a conversa, o sébio pergunta se ele conhece toda a floresta. O rapaz lhe responde:

- Mais ou menos...

O sábio então lhe diz:

- Avance, meu filho, existem muitos tesouros esperando por você!

Durante anos, quando os dois se encontram, a saudação do mestre é sempre a mesma:

- Avance, ainda existem muitos tesouros esperando por você!

Certa vez, o lenhador, diferentemente dos dias anteriores, decide seguir os conselhos do sábio e entra na floresta, numa área ainda não explorada.

Ele olha ao redor e fica maravilhado. Tudo o que vê é diferente, os animais, as árvores e as flores. Para sua surpresa, ele encontra uma mina de prata. Apanha um pouco de metal e, com a venda, consegue dinheiro suficiente para sobreviver uma semana.

Todas as semanas ele vai até a floresta, feliz com a mina de prata. Agora tudo de que precisava era trabalhar uma vez por semana. Porém sempre que encontrava o sábio, ele sorria e dizia:

- Avance, ainda existem muitos tesouros esperando por você.

Até que um dia resolveu aceitar a provocação do mestre e foi além da mina de prata, passando por outras vegetações e , de repente, se deparou com uma mina de ouro. Extraiu o quanto pôde do valioso minério e depois vendeu no mercado da cidade. Era a marvilha das maravilhas, pois tinha dinheiro para um ano de vida.

Todos os anos, o ex-lenhador ia até a floresta, feliz com a mina de ouro. Agora só precisava trabalhar uma vez por ano. Porém, sempre que encontrava o sábio, este sorria e dizia:

- Avance, ainda existem muitos tesouros esperando por você.

O ex-lenhador mostrava-se muito tranquilo, pensando que já tinha conseguido tudo o que poderia imaginar. Até que novamente resolveu aceitar a provocação do mestre e foi além da mina de ouro, chegando até um local de beleza surpreendente, onde encontrou uma de diamantes. Pegou a pedra mais linda que encontrou, levou-a até a cidade e conseguiu dinheiro para nunca mais ter de trabalhar.

Muitos anos mais tarde, contando para seu filho a história da sua riqueza, ouviu a seguinte pergunta:

- Pai, por que você continua indo à floresta todos os dias, mesmo sem precisar mais de dinheiro?

O velho olhou-o com ternura e sorrindo disse:

- Eu gosto de pensar que sempre existe um novo tesouro para encontrar!

 


Naturalmente: Fraldas de algodão ou fraldas descartáveis, que opção utilizar?

 Uma criança usa mais de 6000 fraldas até aos 2 anos. Se forem fraldas descartáveis, isto corresponde a mais de 5 árvores abatidas, para uma utilização por um período inferior a 2 horas, que cria um resíduo com mais de 500 anos de persistência.

Apesar do início da produção massiva das fraldas descartáveis datar de 1961, o conceito surgiu muito antes, quando em 1946 foi colocada uma protecção de nylon à volta de uma fralda de algodão. Todavia, esta solução milagrosa para a maioria das mães só viria a singrar nos anos 70 e 80, quando as novas fraldas passaram de produtos ocasionais para produtos de utilização praticamente exclusiva na higiene dos bebés. Nasceu, assim, um dos produtos que revolucionou a vida doméstica, principalmente nos países industrializados, integrado no contexto de simplificação de hábitos e tarefas.

No entanto, nos finais dos anos 80, os produtos de “deitar fora depois de usados” tornaram-se um símbolo da degradação ambiental. As fraldas descartáveis foram dos alvos mais atingidos pelos activistas, que as encararam como o emblema de uma sociedade consumista e como uma das maiores fontes individuais de resíduos acumulados em lixeiras e aterros.

O debate entre defensores de fraldas descartáveis e de algodão tem decorrido desde então, mas aparentemente chegou a um impasse, resultante de conclusões contraditórias extraídas de inúmeros estudos realizados. Apesar deste aparente beco sem saída, os fabricantes, por um lado, e os ambientalistas (agora auxiliados pelas lavandarias de fraldas, que conquistam terreno em muitos países) por outro, não se poupam a esforços para fazerem da sua perspectiva a mais aceite. É que numa sociedade de consumo, controlada pela publicidade, o poder de argumentação revela-se fundamental para o sucesso de qualquer actividade ou iniciativa.

Uma análise que pode auxiliar no esclarecimento desta questão é a “avaliação do ciclo de vida” dos produtos. É uma tentativa de quantificar todos os benefícios e prejuízos por que um produto pode ser responsável ao longo de toda a sua existência, analisando todos os recursos utilizados, a energia consumida e os desperdícios originados, desde a produção dos materiais, passando pela utilização, até à deposição final ou eliminação. Pode-se imaginar que esta não é uma tarefa fácil, tanto no caso das fraldas de algodão, como no das descartáveis, já que se tem de examinar a cultura do algodão e a produção da pasta de papel e do plástico, respectivamente. No primeiro caso, por exemplo, há que contabilizar a produção de fertilizantes químicos e pesticidas, a extracção e transporte da água para irrigação, os fornecimentos de energia para o cultivo e a colheita, o processamento das matérias primas, o fabrico, a manutenção (lavagem), a deposição (em estações de compostagem, aterros, incineradores, etc.), os custos do transporte entre qualquer estágio e a energia requerida para cada um deles. Algumas destas análises revelam não existir qualquer diferença, em termos ambientais, de um produto sobre o outro, pois as fraldas são sempre prejudiciais, embora qualquer um dos sistemas possa ser melhorado.

Mas vamos conhecer alguns dos argumentos e contra-argumentos utilizados nesta questão. Os proponentes das fraldas de tecido trazem para a discussão motivos relacionados com as enormes quantidades de resíduos sólidos produzidos. Se pensarmos que uma criança até aos 30 meses utiliza mais de 6000 fraldas, é fácil perceber a dimensão do problema. Uma vez que estas fraldas apresentam como tempo de decomposição mais de 500 anos em aterros sanitários (pois 30% da sua constituição é plástico), a proporção de fraldas descartáveis só tende a aumentar. Mesmo as fraldas descartáveis biodegradáveis, nas quais é adicionado amido ao plástico para aumentar a sua fragmentação, não são a solução. É que, apesar de reduzido em partículas mais pequenas, a quantidade de plástico e o seu volume continua a ser o mesmo. Para além disso, alguns plásticos que poderiam entrar em processos de reciclagem, deixam de poder sê-lo quando misturados com o açúcar, já que este interfere no processo, deteriorando a qualidade e consistência dos produtos reciclados. Nestes casos, a designação de “biodegradável” não tem qualquer consequência em termos ambientais.

A contaminação por que uma fralda usada pode ser responsável é também citada como potencial problema. Os materiais fecais humanos contêm bactérias e vírus responsáveis por perturbações intestinais e doenças, como a poliomielite. Apesar de actualmente pouco comum, o vírus da poliomielite desprende-se do intestino de qualquer bebé que tenha recebido a vacina contra a doença. A deposição destes materiais pode conduzir à contaminação das reservas de água subterrâneas, assim como atrair insectos vectores de doenças, problema mais preocupante nos países em desenvolvimento.

Todas estas questões referem-se à fase terminal do ciclo de vida do produto, mas a fase de produção é igualmente problemática, já que estamos a falar de produtos fabricados à base de papel e plástico, ou seja, que têm como matéria prima recursos como a celulose (o que implica o abate de árvores) e o petróleo.

É quando se fala no consumo de recursos que os defensores das fraldas descartáveis apontam para o dispêndio de água na lavagem das fraldas reutilizáveis, para além dos detergentes e branqueadores, muitos dos quais contendo substâncias tóxicas como o cloro. Mas aqui os ambientalistas podem contra-argumentar, já que muita água, energia, branqueadores e outras substâncias químicas poluentes são utilizadas na produção da pasta celulósica e do plástico. Para além deste aspecto, as novas máquinas industriais das lavandarias já consomem menores quantidades de água e energia, utilizando, muitas vezes, detergentes biodegradáveis sem fosfatos.

Uma análise de custos pode, ainda, ser importante. Muitos pais têm a possibilidade de comparar as despesas associadas à utilização dos dois tipos de produtos e parece não haver dúvidas de que a reutilização sai bem mais “em conta”, mesmo com os custos da lavagem (água e energia) e dos detergentes. No entanto, existe sempre o factor tempo, cada vez mais considerado, e que pode fazer recair a escolha nas fraldas descartáveis.

Mas não nos esqueçamos que um dos aspectos principais é o bem-estar e a segurança da criança. Neste sentido, são também levantadas inúmeras justificações. Por exemplo, muitos dos aditivos utilizados para melhorar as qualidades anti-alérgicas e de suavidade das fraldas descartáveis, são puramente artifícios de marketing. Existem, também, alguns relatórios que indicam que alguns corantes e fragrâncias aplicadas podem originar dores de cabeça, tonturas, irritações e erupções cutâneas, para além de casos, felizmente mais esporádicos, de queimaduras e intoxicações. Registos de bebés que conseguem arrancar fragmentos de plástico das fraldas, colocando-os na boca e nariz, correndo o risco de asfixia e outros de ferimentos provocados pela fricção de plástico na pele, já ocorreram igualmente.

Para além de todos estes problemas graves, as frequentes “dermatites da fralda”, devidas à humidade excessiva e prolongada e à falta de arejamento, sofreram um aumento com a crescente utilização das fraldas descartáveis. É que com a utilização de géis ultra absorventes, a segurança de que a criança não se vai sentir molhada, prolonga o tempo de mudança da fralda e, deste modo, o tempo de contacto com a urina, e a capacidade de absorção destes polímeros pode ser prejudicial por retirar a humidade natural da pele. Contudo, parece estar provado que a utilização das fraldas tradicionais em infantários e enfermarias aumenta a proliferação de infecções, já que nestes casos, apesar de lavadas, as fraldas são usadas por mais do que uma criança. É por este motivo que muitas instituições exigem a utilização de fraldas descartáveis, o que se revela um problema para pais que optem por outra alternativa.

Assiste-se, hoje, ao desenvolvimento de soluções mistas, como o de fraldas de algodão cujo interior é revestido por uma película absorvente descartável. Aliás, as actuais fraldas de algodão já nada têm a ver com as tradicionais – são formadas por várias camadas de tecido para aumentar a capacidade de absorção, dispensaram os alfinetes e aderiram aos velcros, abandonaram os formatos inespecíficos e adquiram formas anatómicas e até se especializaram nas diferentes idades dos destinatários.

Depois de tudo isto, parece não existir uma única resposta para a questão inicial: “O que é preferível, fraldas de algodão ou descartáveis?”. Existem pais que utilizam ambos os produtos, dependendo da situação, mas parece que o mais lógico será pensar no tipo de problemas ambientais (a falta de água ou a acumulação de resíduos) que cada região enfrenta e fazer a escolha em sua função. O que é evidente é a inexistência de qualquer recomendação a nível governamental no sentido de orientar as atitudes individuais.

Por Maria Carlos Reis, Naturlink 

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A política dos 3 R's
Água, um recurso cada vez mais cobiçado
Reciclagem: alguns conceitos e sugestões

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A ALEGRIA

Lélio Costa e Silva

A lata dourada, de outrora "óleo refinado", coberta de ferrugem jazia num monte de lixo na esquina. Mais adiante, um único pé de sandália de borracha, sem tira nem cheiro, se misturava ao cascalho.

Todos passantes reclamavam do lixo, chutando e amaldiçoando aqueles objetos abandonados. Numa tarde, voltando da escola, um menino tocou aquele lixo. Extasiado, apanhou a lata e a sandália, como jóias preciosas. Com o olhar de benção, fez das mãos ferramentas e deu início ao grande projeto. Expandindo vontade e perseverança criou um lindo carrinho, tipo furgão, com janelas e pára-brisa. E assim a providencial lata virou carcaça daquele automóvel e a útil sandália de borracha gerou rodinhas azuis com revestimento branco. Acrescentou detalhes nunca imaginados: suspensão nas rodas e um pedaço descascado de fio amarrado ao eixo de arame dava direção ao veículo. Para terminar , o menino colou plaquinhas de papel onde se lia: Ipaba-MG. Fiorino 1.8 - GU5963. E aquele brinquedo, reflexo da harmonia, iniciou a sua trajetória. Pelas mãos do seu condutor experimentou obstáculos, devidamente superados pela flexibilidade e leveza, conduzindo cargas e sonhos até chegar ao seu destino. Naquela tarde a expressão da criatividade fez renascer a alegria.

http://relictos.ipn.zaz.com.br/reli-FEV.htm


 

A PAZ

Lélio Costa e Silva

Dois agricultores brigavam pelos limites das suas terras, cada um culpando o outro por invasão de propriedade. Estava difícil um acordo. Um cultivava exclusivamente café e o outro soja. Ambos consideravam a sua plantação a única opção de cultivo.

Um dia, depois de muitos atritos e por sugestão de um terceiro vizinho, resolveram criar um espaço neutro, através de um corredor cercado por mourões dos dois lados. Assim, aqueles senhores procuraram ocupar todo o espaço disponível das terras com as suas respectivas culturas, não respeitando encostas e muito menos as matas ciliares do único córrego que servia às duas propriedades. Só não invadiram a área neutra.

Como não havia mais árvores nas duas propriedades, as aves visitantes como os anambés, pavós, saís-azuis, saís-andorinhas, sanhaços, pintassilgos, sabiás e canários-da-terra, passaram a fazer das cercas seus únicos pontos de parada. Alí, em meio a revoadas, gorjeios e algazarras defecavam sementes ingeridas em outros locais. Um dia os solos daquelas propriedades se tornaram impróprios para as culturas. Viraram trilhas secas, entremeadas de certezas erodidas...

Hoje, entre as duas cercas litigiosas sobrevive a zona neutra permeada de árvores, a única reserva ecológica daquela região. Um oásis de Paz.

http://relictos.ipn.zaz.com.br/reli-FEV.htm


QUALIDADE DE VIDA

 

PRESERVAR A NATUREZA É CUIDAR DO PLANETA TERRA.

A palavra "ecologia" deriva do grego oikos, com o sentido de "casa", e logos, que significa "estudo". Assim o estudo do ambiente da casa inclui todos os organismos nela existentes e todos os processos funcionais que a tornam habitável. Literalmente a ecologia é o estudo do "lugar onde se vive", com ênfase sobre a "totalidade ou padrão de relações entre os organismos e o seu ambiente".

O ambiente é o meio onde vivem todos os organismos em completa integração, em harmonia plena, ou deveriam. Viver em harmonia, com o respeito devido a todos que participam desse meio é uma questão que tem que ser pensada, trabalhada com muito cuidado para que o equilíbrio tênue entre todos os seus componentes não se desfaça, comprometendo a qualidade da vida.

Pensar a questão ambiental hoje é uma necessidade em razão das muitas dificuldades que vimos enfrentando no dia a dia, com a falta de cuidado que as pessoas tem com a natureza e que causam a degradação continuada do meio ambiente, com reflexos negativos na qualidade de vida.

Proteger o meio ambiente, garantindo assim qualidade de vida para gerações futuras, não é só responsabilidade dos governos, industrias e organizações conservacionistas, mas de todo e qualquer cidadão do planeta.

Adotar o consumo sustentável é uma obrigação de todos nós para a preservação do meio ambiente.

Segundo o ambientalista Fabio Feldman, " o consumidor no mundo inteiro está passando a fazer opções ambientalmente corretas. Isto é fundamentalmente importante porque cada indivíduo, sendo um consumidor de bens e serviços em maior ou menor grau, pode dar a sua parcela de contribuição para o equilíbrio ecológico ".

Para o uso apropriado e melhor gerenciamento dos recursos naturais e do meio ambiente, é fundamental que as pessoas estejam atentas a tudo que consumem diariamente e que saibam avaliar o impacto causado na natureza pelos diferentes materiais e substâncias que descartam no dia a dia, como principalmente os produtos de limpeza.

Todos estes produtos contem em sua fórmula, substâncias cujas propriedades são responsáveis pela remoção da sujeira. Entre estas substâncias encontram-se os tensoativos que podem ser não-biodegradáveis e biodegradáveis. Os primeiros podem acumular-se em rios e estações de tratamento de esgotos, comprometendo a qualidade ambiental. Na década de 60 muitas empresas se anteciparam na luta pela preservação do meio ambiente e lançaram produtos de limpeza com tensoativos biodegradáveis. O tensoativo biodegradável é susceptível à decomposição por microorganismos e, em decorrência deste processo, não se acumula no meio ambiente nem dá origem a substâncias nocivas ao mesmo. Sabe-se que 50% de um tensoativo biodegradável é destruído muito mais rapidamente que 1% de um não biodegradável.

A utilização de produtos concentrados também é vantajosa pois o volume de embalagens descartáveis, e que normalmente são muito prejudiciais ao meio ambiente, é muito menor. Alguns materiais utilizados em embalagens chegam a permanecer centenas de anos na natureza antes de sua decomposição, como pode ser verificado no quadro abaixo:

MATERIAL

TEMPO DE DEGRADAÇÃO

PAPEL

3 MESES

FILTRO DE CIGARRO

1 A 2 ANOS

CHICLETE

5 ANOS

MADEIRA PINTADA

14 ANOS

NAILON

30 ANOS

ISOPOR

150 A 200 ANOS

LATAS DE ALUMÍNIO

200 A 500 ANOS

PLÁSTICO

CERCA DE 450 ANOS

FRALDA DESCARTÁVEL

600 ANOS

VIDRO

MAIS DE MIL ANOS

 

O fosfato é uma substância química largamente utilizada como adubo na lavoura, fazendo parte dos macro nutrientes. É utilizado também na formulação de produtos de limpeza, e quando liberado como efluente líquido para as coleções hídricas, causa impacto negativo na qualidade das águas, contribuindo para o crescimento excessivo de algas e plantas mais altas em sua superfície, devido ao aumento da disponibilidade de nutrientes. A proliferação de algas em lagos, rios e córregos, consome o oxigênio presente na água, diminuindo a quantidade de oxigênio livre e impede a penetração dos raios solares, causando a morte de peixes e plantas. As empresas de ponta, que se preocupam com o meio ambiente, aboliram há muito tempo o fosfato na fórmula de seus produtos, contribuindo assim para a melhoria da qualidade da vida.

Um cidadão consciente e bem informado é crucial para a melhoria das condições de vida em nosso planeta.

 

As florestas tropicais cobrem menos de 8% da superfície terrestre e ainda assim abrigam mais espécies vegetais e animais que qualquer outro lugar na Terra. Anualmente 65.000 km² destas florestas são desmatados em função de uma série de fatores econômicos, sociais e ambientais. A preservação das florestas tropicais é um assunto que interessa a todos e deve ser preocupação de todos os cidadãos, pois elas são fundamentais para o equilíbrio ecológico do planeta. É importante estimular atividades econômicas que preservem e não destruam as florestas tropicais, evitando o uso de produtos de empresas predatórias. Devem ser estimuladas também as empresas que contribuem para a geração de novos empregos e oportunidades para os povos que tem a sua subsistência garantida pelo trabalho que realizam na floresta, respeitando-as e tratando-as condignamente.

A reciclagem é um fator de economia de energia, de preservação das reservas naturais e gerador de empregos e renda. A sua adoção reflete uma preocupação com a preservação do meio ambiente e com a melhoria da qualidade de vida. A seguir são mostradas alguns dos ganhos ambientais que podem ser conseguidos com a prática da reciclagem:

Composição do Lixo Domiciliar (fonte: IPT/CEMPRE)

  • Vidro 3%
  • Metal 4%
  • Plástico 3%
  • Papel 25%
  • Outros 65%

Por que Reciclar?

  • Economiza energia
  • Preserva fontes esgotáveis de matéria prima
  • Reduz custos com disposição final
  • Minimiza o impacto ambiental causado pela disposição inadequada do lixo

Papel:

  • 01 tonelada de papel reciclado evita o corte de 16 a 20 árvores, 70% de economia de energia (fonte: CEMPRE)
  • Em geral existe a possibilidade de reutilização das aparas em até 3 vezes sem perda significativa das propriedades de resistência mecânica. (fonte: CEMPRE-Reciclagem e Negócios)
  • Um artifício que aumenta a qualidade do papel reciclado é a incorporação de certa quantidade de matéria prima virgem no processo de recilcagem. (fonte: CEMPRE-Reciclagem e Negócios)
  • 1 tonelada de papel reciclado gera economia de 25 a 30 árvores, 500.000 litros de água, 50.000 Kw de energia, 2 barris de petróleo e de 100 a 300 m3 de solo (fonte: Trabalho JMMJ – 91)
  • Para a produção de 1 tonelada de papel virgem são necessários 100.000 litros de água; para a produção de 1 tonelada de papel reciclado são necessários 2.000 litros de água e gastam-se 71% menos energia do que para a produção de papel virgem. (fonte: PMSão Paulo-Programa Escolar de Reciclagem – maio/94)
  • Diminui o consumo de água em 85% e de energia em 65% (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)

Diminui a necessidade de fibra vegetal virgem (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)

Papel reciclado é aquele obtido a partir de um mínimo de 90% de papel usado ou aparas (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)

  • Diminui o volume de lixo destinado aos aterros (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)

Alumínio:

  • Cada brasileiro consome em média 10 latinhas por ano. Cada latinha reciclada economiza energia elétrica equivalente ao consumo de um aparelho de TV durante 3 horas.
  • 60 latinhas = 1 kg ( Fonte: Recicloteca nº 2/97)
  • a reciclagem de 1.000 Kg de alumínio evita o uso de 5.000 kg de minério – bauxita. (JMMJ – 91)
  • Diminui o consumo de energia em 70% e de água em 65% (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)

Metal Ferroso:

  • A reciclagem diminui o consumo de água em 40% e de energia em 94% (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)

É uma embalagem 100 % reciclavel e os materiais que o compõem não perdem suas propriedades. (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)

  • Diminui o impacto ambiental causado pela extração de matéria prima.

Plástico:

  • Diminuindo o consumo de plásticos além de economizar energia e petróleo, evitamos o acúmulo desse material, que não é absorvido pela natureza.

Vidro:

  • Diminuição do consumo de energia em torno de 30%., da poluição atmosférica em 20% e da contaminação de rios em 50%. (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente Barcelona)
  • O vidro é 100% reciclável. Para fabricar 1 kg de vidro reciclado pode ser utilizado 1 kg de vidro usado ou 1,2 kg de matéria prima virgem (fonte: Junta de Resíduos – Departamento de Meio Ambiente - Barcelona)

Texto do livro "AZUL E LINDO PLANETA TERRA, NOSSA CASA" de Ruth Rocha e Otavio Roth

 

Milton Andrade

Texto extraído do site: http://www.allmigos.com.br/ambiente.html



A VOZ DO SILÊNCIO

(autor desconhecido)

"Pior do que uma voz que cala, é um silêncio que fala!"
Simples, rápido! E quanta força!
Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse
verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
 nem uma gargalhada para acabar com o clima
de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer
ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de
entendimento. Cordas vocais em funcionamento.
articulam argumentos, expôem suas queixas, jogam limpo.
 Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!"
É o silêncio de um mandando más notícias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um
bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente.
 Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho.
Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto.
É quando ninguém bate a nossa  porta, não há recados na secretária
eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem."

A DIFERENÇA QUE FAZ DIFERENÇA
>
>
>
>
>       Os desejos primários de todas pessoas são: ser felizes,
>       progredir e ganhar mais dinheiro.
>       Uma forma efetiva de alcançar estes anseios é sendo ricos e
>       prósperos.
>
>       Assim como há pessoas pobres e pessoas ricas, há paises pobres
>       e paises ricos. A diferença entre os paises pobres e os ricos
>       não é a antiguidade do país. Fica demonstrado pelos casos de
>       paises como a Índia e Egito, que tem mil anos de antiguidade e
>       são pobres.
>       Ao contrário, Austrália e Nova Zelândia, que há pouco mais de
>       150 anos eram quase desconhecidos, hoje são, todavia, paises
>       desenvolvidos e ricos.
>
>       A diferença entre paises pobres e ricos também não está nos
>       recursos naturais de que dispõem, pois o Japão tem um
>       território muito pequeno e 80% dele é montanhoso, ruim para a
>       agricultura e criação de gado, porém é a segunda econômica
>       mundial: seu território é como uma imensa fabrica flutuante
>       que recebe matérias-primas de todo o mundo  e os exporta
>       transformados, também a todo o mundo, acumulando sua riqueza.
>
>       Por outro lado, temos uma Suiça sem oceano, que tem uma das
>       maiores frotas náuticas do mundo, não tem cacau mas tem o
>       melhor chocolate do mundo, em seus poucos quilômetros
>       quadrados, cria ovelhas e cultiva o solo quatro meses por ano
>       já  que o resto é inverno, mas tem os produtos lácteos de
>       melhor qualidade de toda a Europa.
>       Igualmente ao Japão não tem recursos naturais, mas dá e
>       exporta serviços, com qualidade muito dificilmente superável,
>       é um pais pequeno que passa uma imagem de segurança,ordem e
>       trabalho, que o converteu na caixa forte do mundo.
>
>       Também não é a inteligência das pessoas a tal diferença, como
>       o demonstram estudantes de países pobres que emigram aos
>       países ricos e conseguem resultados excelentes em sua
>       educação, outro exemplo são os executivos de países ricos que
>       visitam nossas fábricas e ao falar com eles nos damos conta de
>       que não há diferença intelectual.
>
>       Finalmente não podemos dizer que a raça faz a diferença, pois
>       nos países centro-europeus ou nórdicos vemos como os chamados
>       ociosos da América Latina (nós!!) ou da África, demonstram ser
>       a força produtiva desses países.
>
>       O que faz a diferença?
>
>       A ATITUDE DAS PESSOAS FAZ A DIFERENÇA.
>
>       Ao estudar a conduta das pessoas nos países ricos se descobre
>       que a maior parte da população cumpre as seguintes regras,
>       cuja ordem pode ser discutida:
>
>       1. A moral como principio básico
>       2. A ordem e a limpeza
>       3. A integridade
>       4. A pontualidade
>       5. A responsabilidade
>       6. O desejo de superação
>       7. O respeito às leis e aos regulamentos
>       8. O respeito pelo direito dos demais
>       9. Seu amor ao trabalho
>       10. Seu esforço pela economia e investimento
>
>       Necessitamos de mais leis? Não seria suficiente cumprir e
>       fazer cumprir  estas 10 simples regras?
>
>       Nos países pobres, só uma mínima (quase nenhuma) parte da
>       população segue estas regras em sua vida diária.
>
>       Não somos pobres porque ao nosso país falte riquezas naturais,
>       ou porque a natureza tenha sido cruel conosco, simplesmente
>       por Nossa Atitude. Nos falta caráter para cumprir estas
>       premissas básicas de funcionamento das sociedades.
>
>
>       Faça circular esta carta para que a maior
>       quantidade possível de gente medite sobre isto. Se esperamos
>       que o governo solucione nossos problemas, ficaremos toda a
>       vida esperando.
>
>       Quanto mais empenho coloquemos em nossos atos e mudemos nossa
>       atitude, pode significar a entrada do nosso país na senda do
>       progresso e bem-estar...
>
>       (Autor Desconhecido.)      



O HOMEM

 

Autor Desconhecido                       

 

 

            Um cientista estava preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios para minorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas.

            Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajuda-lo a trabalhar. O cientista nervoso pela interrupção, pediu ao filho que fosse brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível remove-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção.

            De repente deparou-se com o mapa do mundo,o que procurava! Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:

            - Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se você consegue conserta-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho.

            Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas depois ouviu a voz do filho que o chamava calmamente:

- Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!

A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança.

Para sua surpresa o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?

- Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?

- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem, que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.

 Qualquer dúvida, crítica e/ou sugestão sobre este texto será sempre bem vinda e poderá ser encaminhada para gaborges@uol.com.br


Terra – planeta água

"A água não é somente uma herança de nossos predecessores; ela é sobretudo um empréstimo dos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras".

Artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos da Água

Ultimamente vem sendo discutindo cada vez mais o uso racional da água – bem esgotável de importância vital para os seres vivos. Diversos municípios, inclusive São Paulo, adotam medidas para o racionamento da água. Na região de Ribeirão Preto já não chove há aproximadamente 90 dias, prejudicando as lavouras, aumentando a poluição e afetando a saúde das pessoas.

Conheça um pouco sobre a água, as maneiras de preserva-la e, a partir disso, ajude a conservar um dos mais preciosos bens do planeta Terra. As informações abaixo foram extraídas do libreto "Por uma cidade sem sede", editado pelo SENAC de São Paulo, e de diversos sites sobre o assunto espalhados pela Internet.

Origem da água

Há cerca de 4,5 bilhões de anos, o planeta Terra era uma bola de fogo cravejada de vulcões. Durante um lento e longo processo, os gases carregados de vapor d’água contidos no magma foram gradativamente sendo lançados ao espaço, formando gigantescas nuvens. Na etapa seguinte, as nuvens caíram na forma de chuvas, dando início ao ciclo das águas.

Esse contínuo processo de evaporação perdurou por milênios, até que a Terra esfriou o suficiente para conseguir reter a água que hoje cobre ¾ de sua superfície, dando origem aos oceanos, mares e rios. Por causa dessa profusão, os primeiros astronautas, ao avistarem a Terra, comentaram que ela deveria ser chamada de planeta Água.

O ciclo da água

É o ciclo da água que dá condições à vida no planeta. O sol aquece todas as águas superficiais do planeta, mudando seu estado físico para vapor, que por ser mais leve, sobe até as camadas mais frias da atmosfera, onde se condensa, formando nuvens. E essas, finalmente, acabam se precipitando, na forma de chuva, neve ou granizo.

Ao voltar à superfície, a água escorre de volta para os cursos de água, ou infiltra-se até os lençóis freáticos (rios subterrâneos), alimentando os oceanos ou dando origem às nascentes.

Desse ciclo fazem parte as plantas, que absorvem água pelas raízes e a devolvem ao meio pelo evapo-transpiração. E inclui-se, é claro, o homem, que utiliza a água para uma enorme diversidade de atividades, como higiene, agricultura, pecuária, indústria, lazer e produção de energia. O problema é que a água utilizada pelo homem nem sempre é devolvida em condições adequadas. Além disso, a atividade humana também interfere no ciclo da água, principalmente nas cidades, com o desmatamento e a impermeabilização desordenada do solo, para a construção de ruas e habitações.

Quanta água há no planeta?

Mesmo com o planeta Terra sendo composto por ¾ de partes cobertas de água, não devemos ficar tranqüilos. Veja como está distribuída essa água pelo mundo:

Principais bacias hidrográficas do Brasil

As principais bacias hidrográficas do País são:

Água potável

A qualidade da água vem sendo alterada de maneira cada vez mais drástica pela ação do homem, comprometendo a oferta de água potável, principalmente nas grandes cidades.

Ações como desmatamento indiscriminado (provocando erosão e assoreamento), poluição pelo uso de agrotóxicos, pelos efluentes industriais e, principalmente pelo esgoto doméstico – tudo isso vem comprometendo a qualidade da água e a oferta de água potável.

Nos últimos 30 anos, a oferta de água potável aumentou de 60 para 91% nos centros urbanos, mas ainda há um déficit grande na questão de saneamento, uma vez que no Brasil somente 15,6% do esgoto gerado é tratado. Conforme a Organização Mundial da Saúde, a maior causa de doenças no primeiro ano de vida infantil se deve a patologias que podem ser transmitidas por água contaminada.

Por isso é urgente mudar nossos hábitos de desperdício, antes que a demanda seja maior que a oferta, de forma irreversível.

O que você pode e deve fazer

Veja algumas sugestões e reflita sobre outras possibilidades de economizar e cuidar melhor da água que você usa no seu dia-a-dia:

Curiosidades

Sites relacionados
Universidade da Água: http://www.uniagua.org.br/
Web Água: www.webagua.com.br
Neoambiental: www.neoambiental.com.br
SENAC: www.sp.senac.br

Extraído do site:http://www.netsite.com.br/novans/news/especiais/07.asp


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