DAS ALEGRIAS E DUREZAS DO ENSINAR

Berenice Gehlen Adams

 

“Aqui se encontra o retrato deste mundo.

Se você prestar bem atenção, verá que

há mapas dos céus, mapas das terras,

mapas do corpo, mapas da alma. Andei

por estes cenários. Naveguei, pensei,

aprendi. Aquilo que aprendi e que sei,

está aqui. E estes mapas eu lhe dou,

como minha herança. Com eles você

poderá andar por estes cenários sem

medo e sem sustos, pisando sempre a

terra firme. Dou-lhe o meu saber.”

Rubem Alves

 

 

Inicio este texto com uma citação de Rubem Alves, que, para mim e para muitos outros professores e professoras, é o mestre dos mestres, pelo malabarismo que ele consegue fazer com as palavras, nos encantando, nos incentivando a ensinar com o coração recheado de emoções, salientando que sem isto não se ensina nem se aprende, se doutrina, se adestra.

Mas, nem somente de emoções lindas vive o professor. Ele vive, também, da superação de desafios, que não são poucos, e que lhe são impostos diariamente. Nem preciso aqui listá-los, pois todos já sabem dessas durezas diárias, e porque o que merece destaque, neste Dia do Professor, é o que a maioria das pessoas não sabe, ou sabe superficialmente: os verdadeiros professores são as pessoas mais privilegiadas dessa Terra, afinal, quando se parte, dizem que daqui nada se leva além daquilo que temos guardado em nossos corações. Somente esse tesouro é possível carregar para outras dimensões do “além vida”... E qual é a outra profissão capaz de promover uma verdadeira interação entre a vida que cresce, a vida que floresce e a vida que se transforma e perpetua?

Ruben Alves destaca em seu livro “A alegria de ensinar” que: “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais”...

Nessa profissão, portanto, possibilita que palavras e ensinamentos de professores se perpetuam. Refiro-me a Professores verdadeiros, que são os que inspiram e impulsionam, pois infelizmente há, também, os professores “falsificados”.

Eu tive professores inesquecíveis, desde a Educação Infantil até a Pós-graduação, cujas lições carrego comigo no meu dia a dia, colocando-os em prática para educar meus filhos - que hoje são adultos felizes -, como com meus alunos pequenos – que hoje são grandes. E agora os aplico com meus alunos grandes, adultos, meus netos e a mim mesma.

 

É! Ensinar é mesmo um exercício sublime!

“Diferentes dos corpos dos animais, que nascem prontos ao fim de um processo biológico, os nossos corpos, ao nascer, são um caos grávido de possibilidades, à espera da Palavra que fará emergir, do seu silêncio, aquilo que ela invocou. Um infinito e silencioso teclado que poderá tocar dissonâncias sem sentido, sambas de uma nota só, ou sonatas e suas incontáveis variações... A este processo mágico pelo qual a Palavra desperta os mundos adormecidos se dá o nome de educação. Educadores são todos aqueles que têm este poder”. (Rubem Alves)

E esse poder transformador é tão grande que, quando eu aprendia as primeiras palavras com a doce e amável professora Citânia, decidi que um dia eu seria professora também!

 Entre encantos e desencantos, eu fico com a magia que nasce dessa profissão, que tem a capacidade de expandir o amor e o encantamento pela vida, através do conhecimento.

 

Parabéns, professoras e professores e gratidão por todos os ensinamentos que recebi e ainda receberei vida afora!

 

 

15/OUT/2016

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