InformaLista

O Informativo da lista “Educação Ambiental”

No. 03 – 29 de julho de 2000

 

Alguns textos apresentados na Lista de Discussão do Projeto Apoema - Educação Ambiental (Antigo Projeto Vida – Educação Ambiental)

Os textos não passaram por revisão ortográfica, portanto, podem haver erros.


PROJETO CARONA BRASIL

caronabrasil@mailcity.com  

OS QUATRO GRANDES TEMAS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Marcos Sorrentino  

As três, quatro, cinco ou mais ecologias ou dimensões ecológicas, sobre as quais nos falam diferentes autores e as quatro correntes de educação ambiental citadas acima, possibilitam identificarmos quatro grandes conjuntos de temas e objetivos com os quais se identificam distintos projetos de educação ambiental, em diversos locais do país

São eles:

Biológicos: Proteger, conservar e preservar espécies, ecossistemas e o planeta como um todo; conservar a biodiversidade e o clima (deter o buraco na camada de ozônio e o efeito estufa); detectar as causas da degradação da natureza, incluindo a espécie humana como parte da natureza; estabelecer as bases corretas para a conservação e utilização dos recursos naturais;

Espirituais/culturais: Promover o auto-conhecimento e o conhecimento do Universo, através do resgate de valores, sentimentos e tradições e da reconstrução de referências espaciais e temporais que possibilitem uma nova ética cultural, felicidade e sabedoria, visão global e holística;

Políticos: Desenvolver uma cultura de procedimento democráticos, estimular a cidadania e a participação popular; estimular a formação e aprimoramento de organizações, o diálogo na diversidade e a autogestão política;

Econômicos: Contribuir para a melhoria da qualidade de vida através da geração de empregos em atividades “ambientais” não alienantes e não exploradoras do próximo. Caminhar em direção à autogestão do seu trabalho, dos seus recursos e dos seus conhecimentos, como indivíduos e como grupo/comunidades.

Esses quatro conjuntos de temas/objetivos podem ser reduzidos a um grande objetivo geral, que talvez expresse uma tendência de convergência entre os diversos fazeres educativos voltados à questão ambiental: “Contribuir para a conservação da biodiversidade, para a auto-realização individual e comunitária e para a autogestão política e econômica, através de processos educativos / participativos que promovam a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida”.

Enviada pelo Projeto Carona Brasil em 19.07.2000-07-29

 

(Re) Conceituando Educação Ambiental

Professor Aziz Nacib Ab’Saber

 

Educação ambiental é uma coisa mais séria do que geralmente tem sido apresentada, em nosso meio. É um apelo à seriedade do conhecimento e, uma busca de propostas corretas de aplicação de ciências. Uma “coisa” que se identifica com um processo. Um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação de realidades, nada simples. Uma ação, entre missionária e utópica, destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcançados. Um esforço permanente de reflexão sobre  o destino do homem , de todos os homens, face a harmonia das condições naturais e o futuro do planeta “vivente”, por excelência. Um processo de Educação que garante um compromisso com o futuro. Envolvendo uma nova filosofia de vida. E, um novo ideário comportamental, tanto em âmbito individual, quanto na escala coletiva.

            Para atingir seus objetivos, a EA , aquela verdadeira e incorruptível exige uma sensibilidade especial para as coisas da natureza e a melhoria da estrutura da sociedade. Logo, carece de um certo conhecimento articulado sobre a região que serve de suporte, para homens  habitantes, homens-produtores, e homens integrados  em certas condicionantes  sócio-econômicas. É impossível consolidar uma corolário de EA exclusivamente em atendendo à escala planetária ou à escala nacional. Pelo contrário, ele envolve todas as escalas. Começa em casa. Atinge a rua e a praça. Engloba o bairro. Abrange a cidade ou  a Metrópole. Ultrapassa as periferias. Repensa o destino dos bolsões de pobreza. Penetra na intimidade dos espaços dtos “opressores”. Atinge as peculiaridades e diversidades regionais. Para só, depois, integrar, em mosaico,os espaços nacionais. E, assim, colaborar com os diferentes níveis de sanidade exigidos pela escala planetária, um fragmento de astro que asilou a vida e deu origem aos atributos básicos do ser que pensou o Universo.

            A EA obriga-nos a um entendimento claro sobre a projeção dos homens em espaços terrestres, herdados da natureza e da história. O lugar de cada um nos espaços remanescentes de uma natureza modificada; o lugar de cada um nos espaços sociais criados pelas condicionantes sócio-econômicas. E, tempo suficiente, para pensar na harmonia ou nos desajustes entre as formas de ocupação dos solos rurais, face à oposição, dinâmica e tendência de crescimento das cidades. Os organismos urbanos estão sempre invadindo espaços rurais, produtores de  alimentos e matérias primas: nunca se ouviu falar de espaços urbanos invadidos por atividades agrárias. Quando se estabelece a cornubação em uma rede de cidades, a emenda das manchas urbanas implica em um desaparecimento completo da produtividade agrícola regional.

            A preocupação básica da EA é a de garantir um meio ambiente sadio para todos os homens e tipos de vida existentes na face da Terra. Pretende se ajudar a preservação da biodiversidade in situ; re-introduzir vegetação onde for possível; sequestrar o gás carbônico liberado para a atmosfera nos  últimos 100 anos da Revolução Industrial; multiplicar os bancos de germoplasma necessários à produção de alimentos, e, à introdução ou re-introdução de biomassas de interesse ambiental, social e econômico. Resguardar a biodiversidade animal, evitando interferências maiores nos nichos e habitats que propiciaram condições para a permanência de diferentes espécies. Enfim, evitar extinções provocadas por ações predatórias, tão inconsequentes quanto muitas vezes desnecessárias.

            Garantir a existência de um ambiente sadio para toda a humanidade implica em uma conscientização realmente abrangente, que só pode Ter  ressonância e maturidade através da EA. Um processo educativo que envolva ciência e ética, e uma renovada filosofia de vida. Um chamamento à responsabilidade planetária dos membros de um assembléia de vida, dotados de atributos e valores essenciais: capacidade de escrever sua própria História; informar-se permanentemente do que está acontecendo em todo o mundo; criar culturas e recuperar valores essenciais da condição humana. E, acima de tudo, refletir sobre o futuro do planeta.

            Para alcançar seus objetivos maiores, a  EA defende uma somatória de sanidades. Sanidade do ar. Sanidade das águas. Sanidade das coberturas vegetais remanescentes. Sanidade do solo e do subsolo. Uma maior harmonia e menos desigualdades no interior da sociedade. A possibilidade de uma  habitação adequada e sadia. Um transporte coletivo menos sofrido. Condições razoáveis no ambiente de trabalho “intramuros”. Nas fábricas e oficinas. Um ambiente que ajude a prolongar a vida e o bem estar de todos os membros da sociedade: crianças, velhos e adultos. Não há que pagar um dinheiro extra a título de salário de insalubridade, quando se sabe que a continuidade dessa atividade, em condições ambientais tão precárias, é o caminho para a doença, o envelhecimento precoce, a morte. Há que exigir, sim, um ambiente o mais sadio possível, no interior de todas as instalações industriais. É imoral e desumano pagar um pouco mais para que pessoas “esteios de família” vivam menos.

            Enfim, EA exige método, noção de escala; boa percepção das relações entre tempo e conjunturas; conhecimentos sobre diferentes realidades regionais. E, sobretudo, códigos de linguagem adaptados às faixas etárias do alunado. É um processo que, necessariamente, revitaliza a pesquisa de campo, por parte dos professores e dos alunos. Implica em um exercício permanente de interdisciplinaridade – a prévia da transdisciplinaridade. Faz balançar o gasto coreto das velhas disciplinas, eliminando teorizações elitistas e aperfeiçoando novas linhas teóricas, em bases mais sólidas e de entendimento mais amplo. Nesse sentido, a EA, bem conduzida, colabora efetivamente para aperfeiçoar um processo educativo maior, sinalizado para a consquista ou reconquista da cidadania. É a nova “ponte” entre sabedoria popular e a consciência técnico-científica. Um artíficio e uma escadaria para se escapar da impotência e infertilidade da torre de marfim, e esgrimir no céu aberto do cotidiano.

            Não há lugar para se conduzir, no processo educativo, dito ambiental, tentando impigir noções genéricas para habitantes da beira de um lago ou das margens de um rio ou “furo” da Amazônia, e estendendo-as para os moradores dos sertões interiores dou das coxilhas do Rio Grande do Sul. Ou, tentar utilizar material documentário preparado para alunos residentes em áreas de solos férteis e rios perenes, projetando-o para meninos ou adolescentes residentes em rústicos sertões do Nordeste Seco, em que os rios correm apenas por 5 a 6 mêses durante o ano, e em que as condições culturais e sociais da população são totalmente diversas. Ou, ainda, pretender usar conhecimentos e posturas relacionados aos lindos litorais do Brasil atlântico, no ensino dirigido para crianças, adolescentes e adultos, condenados à vivência das favelas. Ou , aos pobres trabalhadores, semi-escravos, que mourejam no coração das selvas.

            No balanço do fim de um século restaram poucas contribuições positivas para garantir o futuro da humanidade no contexto do planeta que possibilitou o advento da vida. A EA será, com toda certeza, um dos poucos instrumentos de maior ressonância para  a defesa do futuro. E, para re-educação dos pais através da consciência cultural de uma juventude que não admite o imediatismo, odeia a guerra e cultua  justiça social.

 

Enviada por  Valter José em 19.07.2000

 

PROJETO CARONA BRASIL

A AVALIAÇÃO DO ENSINO DE VALORES

 

Todos os Temas Transversais trazem conteúdos que, de acordo com a proposta de transversalidade, fazem parte do ensino das áreas. Portanto, sua avaliação não é outra além da que é feita nos seus contextos.

Entretanto, é preciso atentar para o fato de que a avaliação de valores, atitudes e procedimentos, que têm presença marcante entre os conteúdos dos Temas Transversais é bastante difícil.

Ao colocar a possibilidade da avaliação de atitudes não se pode deixar de salientar os limites da atuação da escola nessa formação. Vale lembrar que a educação não pode controlar todos os fatores que interagem na formação do aluno e que não se trata de impor determinados valores, mas de ser coerente com os valores assumidos, de possibilitar aos alunos uma discussão sobre eles e a construção de critérios para a escolha pessoal.

Embora se possa saber com, quando e onde intervir e que essa intervenção produz mudanças, sabe-se também que tais mudanças não dependem apenas das ações pedagógicas. As atitudes das crianças não dependem unicamente da ação da escola, mas tem intrincadas implicações de natureza tanto psicológicas quanto social, nas relações de vida familiar e comunitária. Pode-se, entretanto, intencionalmente direcionar e redirecionar a ação pedagógica em função dos objetivos e concepções definidas. Um papel essencial da avaliação será responder: “ O que está sendo produzido com essa intervenção? Em que medida as situações de ensino construídas favoreceram a aprendizagem das atitudes desejadas?”.

Deve-se ter presente que a finalidade principal das avaliações é ajudar os educadores a planejar a continuidade de seu trabalho, ajustando-o ao processo de seus alunos, buscando oferecer-lhes condições de superar obstáculos e desenvolver o autoconhecimento e a autonomia - e nunca de qualificar os alunos.

Capacidades como dialogar, participar e cooperar são conquistas feitas paulatinamente em processos nem sempre lineares e que necessitam ser reafirmados e retomados constantemente. A qualificação, ou rotulação dos alunos, seja negativa ou positiva, tende a estigmatizá-los, a gerar comportamentos estereotipados e obstaculizar o desenvolvimento além de ser uma atitude autoritária e desrespeitosa.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

nacionais : terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais /

Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília ; MEC/SEF,1998.

Enviada pelo projeto Carona Brasil em 19.07.2000

 

COMO SE POLUI UM RIO – PARTE I

Gil Portugal (janeiro/91)

Em realidade, despoluir ou não poluir um rio é uma tarefa de múltiplas facetas e exige atuações postas tais quais um feixe de retas paralelas em uma mesma direção.

Em primeiro lugar, para coordenar idéias, compete definir aquilo que é, para um rio, o seu elemento ou elementos vitais, a partir de que ele será um rio "com saúde".

Desculpem-me se, daqui para frente, passarei a escrever sobre o óbvio mas, se o farei, nada mais é que para ordenar a linha de pensamento.

Na massa d’água corrente de um rio existem um sem número de organismos vivos dos reinos vegetal e animal e em todos os graus de entrosamento. É um ecossistema. E a Natureza nos ensina que todo ecossistema tem que viver harmoniosamente.

Vejamos, para começar, o reino animal que está presente no rio. A grande maioria de seus membros devi-do a ele sobrevive, porque ali se alimenta e respira (oxigênio) ar e por isso eles são animais aeróbios. Se não exis-tissem no rio alimento ou ar eles morreriam. Com isso, tira-se a primeira conclusão: o ar, isto é, o oxigênio é peça indispensável para a sobrevivência do ecossistema, da mesma forma que o alimento, como para qualquer animal, e que, neste caso é a matéria orgânica. Acontece que a respiração é a função primordial, visto que, à sua falta o animal perece de imediato, donde se conclui que o oxigênio é a matéria prima fundamental para a sobrevivência do ecossistema.

Basicamente, o oxigênio estará presente na massa líquida por dois processos: a diluição em contato com o ar atmosférico e a fotossíntese devida aos vegetais. E aí, podemos chegar à primeira grande conclusão: se não houver diluição de contato e fotossíntese somadas em quantidade suficiente fornecendo oxigênio para atender a fauna, ela perecerá gradativamente até a posição de equilíbrio com a demanda.

O animal respira oxigênio e expira CO2 (dióxido de carbono), se alimenta de matéria orgânica e a trans-forma em minerais; a planta absorve o CO2 e através da fotossíntese, regenera o oxigênio.

Essa teoria é límpida e certa e com ela, podemos analisar um a um os fatos que fazem "adoecer" um rio e, com isso, nominar cada reta do nosso feixe de paralelas citado. Vejamos:

Desmatamentos - A retirada de um vegetal do solo ou mesmo sua morte, enfraquecerá a resistência mecânica desse solo graças a fixação que havia pelas raízes. Ao perder essa resistência, as águas de chuva iniciam um processo de erosão que, invariavelmente, mesmo que longe do curso d’água, irá carregar para os leitos desse curso, quantidades anormais de sólidos, levando ao processo de assoreamento.

O assoreamento conduz a dois acontecimentos, um deles de caráter não ambiental propriamente dito, que é a diminuição da seção fluída e com isso, provocará alagamento extra-caixa do rio e o outro ambiental, que se dá pelo soterramento dos vegetais de fundo e inibição da penetração para eles do oxigênio passando, aí, a ocorrer outro processo de decomposição do material orgânico soterrado – sem a presença de oxigênio – através de organismos ditos anaeróbios (que não necessitam do oxigênio dissolvido para respirarem) mas que, ao invés de darem como produto o dióxido de carbono e minerais (insumos para a fotossíntese), produzirão gases derivados de carbono e do enxofre como o metano, as mercaptanas e os gases sulfurosos, venenos para a fauna aeróbia.

Agrotóxicos - São substâncias utilizadas em plantações com a finalidade de matar organismos nocivos à saúde dessas plantações; evidentemente que, essas substâncias, mais cedo ou mais tarde, pelas chuvas, serão carreadas para um curso d’água, continuando ali seu efeito tóxico sobre outros organismos que não aqueles a que se destinavam eliminar. Tais organismos, principalmente os microorganismos, são exatamente aqueles que se encarregam de fazer a decomposição das substâncias orgânicas no seio da massa líquida e se eles estão mortos ou doentes, funcionarão como mais alimentos a serem consumidos, ao invés de transformadores de alimentos.

Adubos - São substâncias colocadas em plantações com a finalidade de abastecê-las de seus elementos vitais como o nitrogênio, o potássio e o fósforo, são as "vitaminas" da flora e estimulam seu crescimento. De uma forma ou de outra, parte desses adubos serão carregados para os rios e ali incentivarão o crescimento dos vegetais aquáticos, principalmente os minúsculos como as algas e esse crescimento exagerado fará acontecer o fenômeno de eutrofização (proliferação exagerada de vegetais) que turvará de verde as águas, dificultando a penetração de luz solar imprescindível à fotossíntese (que é geradora de oxigênio).

Barragens - O turbilhonamento das águas é fator que facilita a dissolução de oxigênio do ar na água. Se as águas ficam tranqüilas, caso das águas barradas, a tendência à oxigenação diminui à montante da barragem e também, fica facilitada a deposição de poluentes pesados que comprometem o ecossistema; de positivo, nesse caso, há um favorecimento na depuração das águas à jusante.(continua...)

Gil Portugal


COMO SE POLUI UM RIO – PARTE II

Gil Portugal (fevereiro/91)

 

Finalizando este artigo, vejamos as outras formas de se poluir um rio.

Lixeiras - Uma lixeira para lixo doméstico deve se constituir num sistema de proteção que preveja o recolhimento dos percolados e do "chorume", que nada mais é que um "caldo" altamente orgânico e que demandará um grande consumo de oxigênio ao chegar a um curso d’água; não se contando aí a possibilidade do lixo conter patogênicos, se for oriundo de hospitais.

Lixos Públicos - As populações ribeirinhas têm, no geral, o costume de lançar seus lixos diretamente nos rios por suas margens; isso significa mais material orgânico a demandar oxigênio bem como, materiais biodegradáveis como metais e plásticos que se não afetam diretamente a saúde do rio, irão causar trans-tornos aos sistemas de captação das águas para tratamento.

Esgotos Sanitários - Está aí a causa maior da alta demanda bioquímica de oxigênio de um rio. Estudos mostram que, para cada pessoa, o esgoto produzido demanda, por dia, um consumo de 54g de oxigênio das águas do rio, isso sem contar os prejuízos dos não biodegradáveis que irão influenciar, por efeito direto, na saúde da flora e da fauna.

Atividades Pastorís - A criação de animais implica numa concentração não natural de espécies e consequentemente, focos concentrados de dejetos altamente orgânicos a sacrificar os cursos d’água, localizadamente.

Abatedouros - Da mesma forma, há uma concentração não natural de fontes altamente demandáveis de oxigênio nos cursos d’água, além de outros inconvenientes, como exemplo, as penas que constituem um grande transtorno de filtração primária nas estações de captação de águas para tratamento.

A Poluição Atmosférica por Particulados - A geração e lançamento ao ar de partículas pelas diversas atividades industriais têm o efeito de cobertura constante dos solos e vegetais. Tais partículas, mais cedo ou mais tarde, por efeito das chuvas, irão atingir os cursos d’água, causando efeitos de assoreamento e de turbidez.

Os Pós de Varrição - Da mesma forma, as partículas geradas nas vias públicas por veículos, principalmente, irão, mais cedo ou mais tarde, alcançar um curso d’água.

Efluentes Líquidos de Hospitais e Laboratórios - Não se tem notícias de que haja tratamentos nesses casos; isso leva, evidentemente, à poluições de caráter patogênico e químico, respectivamente.

Os Aterros Industriais - O fenômeno de lixiviação de metais nos aterros industriais sem uma perfeita proteção do solo, infiltram para os aqüíferos subterrâneos esses metais em dissolução, terminando seu deságüe em curso d’água.

As Micro-Atividades - Oficinas, postos de gasolina, fundições, galvanoplastias, cemitérios etc. são contribuidores constantes de óleos, outros orgânicos e metais.

A Poluição Térmica – O lançamento de águas quentes um rio causará, de imediato, fenômenos localizados de desoxigenação pois, o calor favorece a dissipação do oxigênio dissolvido; além disso, a faixa de temperatura de sobrevivência de peixes e muitos microorganismos é bastante estreita e, ainda, alguns vegetais têm sua proliferação acentuada com o aumento de temperatura.

A Poluição por Tensoativos - Os sabões influenciam para desequilibrar a tensão superficial vital para espécies de animais que dela dependem para sobreviver; como exemplo a flutuação das aves aquáticas, as bolhas de ar do besouro d’água etc.

A Poluição por Potencial Hidrogeniônico - A acidez ou basicidade acentuada, fora da normalidade das águas, podem levar a mortandade de peixes, muito comum junto a despejos de usinas de açúcar de cana.

A Poluição por Valor Osmótico - O fenômeno da passagem de líquidos através de membranas semipermeáveis, na direção do menos saturado para o mais saturado, aplica-se à vida de animais acostumados ou à água doce ou à água salgada. Dessa forma, o lançamento de grande quantidade de sais em água doce é uma forma de poluição e, paradoxalmente, o lançamento de águas doces e límpidas no mar é, também, forma de poluição.

Bem, leitor, vou parar por aqui, mas queria que ficasse registrado que o assunto "saúde de um rio" é muito mais complexo do que se pensa.

Hoje, como temos assistido, a preocupação recai quase que exclusivamente nas indústrias. É mais fácil forçá-las a não poluir, porque os recursos para tal não saem de verbas públicas; as tecnologias não precisam ser pensadas por organismos públicos para que descubram aquelas de maior benefício a menor custo etc.

Com isso, apenas um dos enormes tentáculos do polvo vem sendo cuidado: a poluição devido às indústrias.

Este artigo tem a finalidade de chamar a atenção para a abrangência do assunto e se refere às formas de poluição.

Quanto à despoluição, a certeza é que, deixar de poluir é uma forma de despoluição pois, os cursos d’água são notavelmente auto-renováveis, bastando que se diminuam as causas de sua degradação para que eles se recuperem paulatinamente.

Gil Portugal

Enviada em 20.07.2000


Falando em Educação Ambiental...

Gostaria de acrescentar algumas idéias que fazem parte de palestra   denominada "Conceitos e Filosofia da Educação Ambiental" que tenho proferido como abertura do Programa "Natureza da Paisagem: Energia Recurso da Vida

               " A educação Ambiental é um processo educacional transdisciplinar que visa o desenvolvimento da consciência ambiental e da cidadania ecológica do indivíduo, determinando mudanças comportamentais e filosóficas, extrapolando em muito enquanto processo educacional as fronteiras do ensino formal"

            "Este processo educacional deve ser compreendido no contexto das mudanças em curso nos paradigmas educacionais".

            "As principais características da EA:

                        é engajada: constitui-se numa ação política permanente, exige visão crítica do modelo atual de desenvolvimento ;

                        é gradual: exige a prática do dia-a-dia; não se faz por decreto, nem com ações restritas a datas comemorativas !

                        é baseada em exemplos: na coerência do educador;

                        é transdisciplinar e interdisciplinar ; não é disciplina de ecologia e de meio ambiente, não podendo ficar a cargo dos professores de ciências ; meio ambiente é tema transversal !

                        é dialética !

                        é racional e intuitiva !

                        é  um ato de amor á vida !

Enviada por Rogério Menezes, 20.07.2000


Falando em Educação Ambiental...

Do meu ponto de vista, a educação ambiental deve ser encarada como uma proposta inovadora para o sistema educacional, já que, trata-se de uma "disciplina"holística, integradora,  onde os problemas ambientais são encarados sob diversas perspectivas, sendo social, econômica, ecológica, biológica, geológica, geográfica, etc, etc. Sendo assim, é possível perceber que trata-se de uma metodologia multidisciplinar e que deve estar sempre contextualizada com a realidade local dos aprendizes, situando-os, também, no contexto global. Do modo como eu percebo, é muito mais fácil ensinar, seja português, matemática, biologia, física, química, etc, verificando todas as faces de um mesmo fenômeno, fazendo uso de várias disciplinas. Me parece que o ensinamento fica melhor fixado quando está conectado com a realidade vivente do grupo que aprende e com algum fenômeno ou acontecimento que influencia a vida deste grupo. Outro ponto de grande importância é que a educação ambiental, além de educar para o meio ambiente, deve educar para a vida em uma sociedade composta por seres humanos únicos e em um planeta composto por muitas espécies diferentes entre si e com papéis fundamentais e complementares.
 
 
Enviada por Andressa em 15.07.2000


Falando em Educação Ambiental...

Não tenho a experiência acumulada de muitos desta lista, mas creio que nos meus 2 anos de trabalho no fomento de EA para professores e educadores deu para aprender um bocado e, sobre tudo, sempre repensar a EA.

Sempre tenho procurado ler sobre o assunto e em cima do que leio e discuto, formular e reformular meus próprios conceitos sobre o tema.

Acredito que a EA eh, antes de tudo, um agente modificador de comportamento um processo (como o próprio nome diz) educacional e, por tanto, eh lento e gradativo. Costumo dizer que a EA não eh somente "bichinhos e plantinhas", ela passa pela melhoria da qualidade de vida e para obter êxito temos que começar com a valorização do ser humano enquanto indivíduo e social, eh preciso ter sempre em mente o inter-relacionamneto entre o Homem e o seu próximo. Sem isto não vejo como sensibilizar a sociedade das questões ambientais que, diga-se de passagem, são fundamentais para a sobrevivência do próprio homem.

Não acredito que vc vá encontrar um conceito convincente sobre a EA, uma vez que estes conceitos dependem muito do que acreditamos enquanto cidadãos, enquanto pessoas espiritualizadas (ou não). Estes conceitos surgem e ao mesmo tempo são modificados, eles dependem muito da realidade com que trabalhamos. Mas acredito que todos tem um ponto em comum: "trabalhar o Homem para trabalhar com e pela Natureza".

Pensar Educação não eh uma coisa fácil, tb tenho esta dificuldade e acredito que muitos desta lista também a tem. Então, o que sugiro eh continuar o que vc já fez, propor a discussão, ouvir e ler várias opiniões e pegar delas o q julgar melhor para formular o seu próprio conceito. O "grande barato" da EA eh esta diversidade de áreas afins que trabalham junto. Se pararmos para observar bem, cada uma tem um conceito um pouco diferente (sempre objetivando a sua área do saber), mas todas tem um tronco comum: "a melhoria na qualidade de vida".

Enviada por Gustavo Borges em 16.07.2000  


Falando em Educação Ambiental...

Vou colocar a minha visão sobre a Educação Ambiental, porém, devo dizer que estou em um processo de aprendizado quanto a esta questão. Venho pesquisando desde 93 e, até o presente momento, o texto que segue apresenta uma idéia de como vivo, vejo e sinto a Educação Ambiental:

* Segundo Garrett Hardin (ecologista americano), "a Educação Ambiental está diretamente ligada a nossa forma de vida como um todo: desde o que comemos, como moramos, o que vestimos até o que consumimos. Nossa postura frente ao cotidiano, nossas maneiras e até mesmo o nosso trabalho estão diretamente ligadas à Educação Ambiental". Partindo desta afirmação podemos perceber que a Educação Ambiental é um processo que deveria estar presente em todos os momentos de nossa vida, e não somente em ambientes escolares.

* A Educação Ambiental é a prática educacional sintonizada com a vida em sociedade, que pode (e deveria) ser inserida sob diversos enfoques: social, econômico, político, cultural, artístico, etc., não podendo ser considerada como uma prática estanque, uma vez que pode (e deve) abranger diversas áreas. Desta forma também pode ser considerada como uma arte, no sentido de trabalhar com a criatividade no que tange procurar alternativas para envolver os indivíduos num processo de reeducação de valores, percepções e sentidos em relação a forma de ver e viver o mundo

* A Educação Ambiental trata-se de um processo transformador e conscientizador que vai interferir de forma direta com hábitos e atitudes dos cidadãos. Partindo do princípio que a EA abrange todas as áreas, a cidadania tem fator fundamental para uma conscientização deste contexto global de EA. Segundo Vilmar Berna (jornalista e ecologista gaúcho) "não é por falta de conhecimento que o meio ambiente é destruído, mas devido ao atual estágio de desenvolvimento existente nas relações sociais de nossa espécie. O que podemos perceber é que a destruição da natureza não resulta da forma como nossa espécie se relaciona com ela, mas da maneira como se relaciona consigo mesma. Ao desmatar, queimar, poluir, utilizar ou desperdiçar recursos naturais ou energéticos, cada ser humano está reproduzindo o que aprendeu ao longo da história e cultura de seu povo, portanto, este não é um ato isolado de um ou outro indivíduo, mas reflete as relações sociais e tecnológicas de sua sociedade. Portanto, é impossível pretender que seres humanos explorados, injustiçados e desprovidos de seus direitos de cidadãos consigam compreender que não devam explorar outros seres vivos, como animais e plantas, considerados inferiores pelos humanos".

* Os seres humanos sofrem as conseqüências de suas próprias "descobertas" mal planejadas, portanto, mal aplicadas. Muitos vivem em condições miseráveis. O sofrimento maior encontra-se estampado nas favelas rodeadas de lixo, situadas em lugares perigosos (em morros e às margens de rios e arroios poluídos...). Todo esse sofrimento é decorrência da má gestão das cidades, da poluição, do descaso, da falta de coscientização de nossos governantes e da população em geral, interferindo de forma direta na qualidade de vida dos indivíduos. Um meio poluído e devastado não pode proporcionar condições de vida favoráveis. A melhoria da qualidade de vida, principalmente da população de baixa renda, depende da EA para reverter o processo de caos e sofrimento em que se encontra. Na verdade, a EA tem um papel muito mais abrangente do que se pensa.

* Quando a EA não é percebida em seu todo, muitas vezes é aplicada como uma matéria estanque. Tenho conhecimento de inúmeros projetos de EA em escolas, empresas (e isso é muito bom) porém, sua forma estanque desvincula-a do seu todo, ou seja, é trabalhada com um enfoque de uma determinada questão e é só. Existe uma preocupação por parte dos educadores em desenvolver um projeto pedagógico (matérias que devem ser trabalhadas) durante o ano letivo e muitos deles não conseguem globalizar a EA aos conteúdos curriculares. Por incrível que pareça, dar maior ênfase à EA pode parecer "perda de tempo", e isto ocorre por que o conceito de EA não está bem definido, seja por parte dos educadores, orientadores e ou coordenadores. A  EA deve ser trabalhada de forma interdisciplinar.

* Se tudo continuar como está, o prognóstico para um futuro próximo é desolador. Para se ter uma idéia, segundo o Programa Ambiental da ONU cerca de 1,5 quilômetros de floresta tropical é destruída a cada 6 minutos. Uma área do tamanho da Áustria é desmatada a cada ano. Uma árvore é plantada para cada dez que são derrubadas. Neste ritmo, toda floresta tropical será destruída até o ano 2035. Outro dado alarmante é que atualmente existem cerca de 500 milhões de automóveis em todo o mundo. Cada um destes automóveis consome, em média, 8 litros de combustível por dia e estima-se que por volta do ano 2025 haverá quatro vezes mais automóveis do que hoje. Sem falar da questão dos produtos descartáveis e embalagens não recicláveis que vêm aumentando assustadoramente abarrotando aterros sanitários. Portanto, a EA não é somente uma questão educacional e sim questão de VIDA, para que a vida sobreviva.

* A EA nas empresas é importantíssima e vai depender muito dos próprios empresários e do tipo de produtos que suas indústrias oferecem. Seria importante fazer uma análise do impacto ambiental ocasionado pela empresa e o que ela deveria efetivamente fazer para sanar os danos ambientais por ela causados. Partindo desta análise seria fundamental a instalação de um programa de EA que estivesse diretamente relacionado ao produto (como forma de ação imediata para sanar o dano causado e evitar novos danos) e a partir daí desenvolver a EA em seu todo.

* Segundo Vilmar Berna, na década de 70, governos internacionais preocupados com a rápida destruição dos recursos naturais e a poluição do planeta, defenderam a tese do crescimento zero, ou seja, congelar os níveis de progresso à época. Ora, por diversas vezes durante nossa história econômica, o Brasil teve crescimento abaixo de zero, portanto negativo, e nem por isso viu diminuindo seus problemas ambientais, muito pelo contrário. Devido à crise econômica, as empresas investiram menos em controle de poluição. A questão tecnológica também tem sido apontada como uma das responsáveis pela destruição ambiental, uma vez que polui, degrada o meio ambiente e desperdiça recursos naturais. Ora, a tecnologia e a ciência não são neutras. Elas podem estar submetidas aos interesses dos detentores do poder naquele momento. Por outro lado, a adoção de tecnologia mais brandas e menos poluentes não asseguram uma relação menos predatória nas relações humanas.

* É no dia a dia que a prática da EA faz-se mais necessária. São pequenos atos que dão início a grandes transformações. Uma vez que o indivíduo percebe com clareza a importância de hábitos e atitutes saudáveis tanto para si quanto para o meio, vai ser um exemplo para que mais pessoas tornem-se ambientalistas, o que todos somos por natureza, pois somos parte dela, porém, devido a inúmeros fatores, esquecemos disto. Aí entra também a questão da espiritualidade. Desenvolvendo valores espirituais, de valorização à vida, espontaneamente voltaremos a nos integrar com a natureza e conseqüentemente procuraremos preservar o meio ambiente, pois teremos uma noção clara de que tudo é integrado, tudo é interligado.

* Falar em EA é falar de hábitos e atitudes. Mudar isso não é uma coisa fácil, uma vez que a mudança deve ser espontânea e vir de dentro para que ela possa, de fato, ocorrer. Muitos discursos de ambientalistas acabam por assustar as pessoas com palavras duras e autoritárias ao invés de as sensibilizarem. Não acho que seja por aí. EA é um assunto muito mais sério do que pensamos e tendo consciência disto jamais nos tornaremos piegas. Se um projeto for bem elaborado, bem estruturado e com objetivos claros ele sempre será uma semente. Brotar ou não, depende de cada um. Daí a importância dos pequenos atos. São eles que na verdade farão a diferença. É claro que as dificuldades aparecem mas o importante é procurarmos alternativas para que o projeto siga seu rumo. Existem diversas experiências brasileiras bem sucedidas como o Projeto Tamar, o SOS Mata Atlântica, Projeto Baleia Jubarte e espero que tão logo o Projeto Vida – EA esteja dentre os projetos bem sucedidos de nosso país.

* Para finalizar, na minha opinião, a Educação Ambiental é muito mais do que conscientizar sobre o lixo, reciclagem e datas comemorativas. Ela será o elo entre todas as disciplinas e preencherá uma lacuna na área da educação que é a valorização da vida e do meio ambiente. Berenice Gehlen Adams

Enviada por Bere em 14.07.2000


O velho e a Jabuticabeira

 

"O velho estava cuidando da planta com todo o carinho.

  O jovem aproximou-se dele e perguntou:

- Que planta é esta que o senhor está cuidando?

- É uma Jabuticabeira - respondeu o velho.

- E ela demora quanto tempo para dar frutos?

- Pelo menos uns quinze anos - informou o velho.

- E o senhor espera viver tanto tempo assim?

Indagou irônico o rapaz.

- Não, não creio que viva mais tanto tempo, pois já estou no fim da

minha jornada - disse o ancião.

- Então, que vantagem você leva com isso, meu velho?

- Nenhuma, exceto a vantagem de saber que ninguém colheria Jabuticabas,

se todos pensassem como você..."

 

"Não importa se teremos tempo suficiente para ver mudadas as coisas e

pessoas pelas quais lutamos, mas sim que façamos a nossa parte, de modo

que tudo se transforme a seu tempo."

 

Enviada por Roswitha  em 16.07.2000


Da Teoria à Prática Ambientalista

Por: Luciana Cerqueira

Copydesk: Rafael Tassinari

"O princípio particular à ecologia ambiental é o de que tudo é possível, tanto as piores catástrofes quanto as evoluções flexíveis. E, no entanto, é justamente na articulação da subjetividade em estado nascente, do socius em estado mutante, do meio ambiente no ponto em que pode ser reinventado, que estará em jogo a saída das crises maiores de nossa época".

(Felix Guatarri, em As 3 Ecologias)

Definir a Ecologia do Meio Ambiente, em primeiro lugar, implica algo anterior e mais abrangente: é preciso vivenciar a Ecologia da Subjetividade e das Relações Humanas. Partindo desta linha de pensamento, Félix Guattari, em "As 3 Ecologias", ao problematizar nossas possibilidades de ação tanto em nível individual quanto em escala planetária, nos conclama à reinvenção do ser e do estar no mundo.

Isto traz à tona, em primeiro lugar, a constatação de quão distanciados estamos de nossa essência (natureza). Guattari nos revela o grau de desconexão que permeia nossas relações sociais ao contextualizar o homem moderno no seu modus vivendi serial, que louva a velocidade tecno-científica, a especialização (laminagem das subjetividades) em contrapartida à homogeneização dos comportamentos .

Sem conhecer a si próprio, o homem age mecanicamente, negando sua individualidade e também o coletivo (o outro); conduzindo, por fim, a um estado de tamanha apatia que compromete o significado da própria existência humana. Isto leva à falência de toda as possibilidades de recriação, crescimento, liberdade e espontaneidade.

Assim, o que mais intriga nas "3 Ecologias" de Guattari é o desafio, quase inegável, de recuperarmos o entendimento da Parte como componente do Todo; ou quem sabe, do Todo presente em cada Parte, que é justamente a interligação de singularidade existente em um átomo - unidade de vida.

"Esta revolução deverá concernir não só as relações de forças invisíveis em grande escala, mas também os domínios moleculares de sensibilidade, de inteligência e de desejo".

E aqui subentende-se a dinâmica do que ele define como Ecologia Mental. Quando nos fala da relação da subjetividade com sua exterioridade - seja social, animal, vegetal, cósmica - Guattari sinaliza um ponto de partida para uma nova compreensão da vida.

"A ecosofia mental será levada a reinventar a relação do sujeito com o corpo, com o fantasma (inconsciente, no sentido psicanalítico), com o tempo que passa, com os mistérios da vida e morte".

Já sob a ótica social, seu discurso nos fala de flexibilidade frente à diferença (multiplicidade de territórios existenciais), comprometimento (resistência aos valores essenciais) e revolução em termos políticos, sociais e culturais, capaz de reorientar os objetivos da produção de bens materiais e imateriais. E aqui é possível vislumbrar o componente da transformação social como uma possível resposta à crise ecológica deste final de milênio.

Emprestando algumas palavras de Paulo Freire, é somente depois de compreender-se como sujeito que faz e refaz o mundo que o homem pode então assumir atitudes de mudança de comportamento, movidas não só pelo desejo* da liberdade, mas também pelo sentimento de responsabilidade planetária (não mais a passividade).

Este talvez seja o grande desafio para quem vivencia o movimento ambientalista e sua proposta de respeito à vida, no sentido mais amplo. Ao se anunciar a possibilidade de uma nova apreensão do mundo, pela percepção do que é belo , prazeroso e positivo, traz –se à luz alguns componentes das desterritorialiazações inerentes ao processo de transformação de nossa subjetividade.

Nesse sentido, abre-se a perspectiva de um construtivismo, que se apropria tanto das pré-referências já dadas e estabelecidas (nossas representações) quanto das percepções que advêm da nossa experimentação, para promover um salto do conhecimento, uma mudança de paradigma.  

Enfim, lançado está o desafio: uma mudança de paradigma, ou seja, um novo modo de viver, compreender e se relacionar com a vida.

* Desejo, do latim de-sid-erio, provém da raiz sid, da língua zenda, significando estrela, como se vê em sideral - relativo às estrelas. Seguir o desejo é seguir a estrela - estar orientado, saber para onde se vai, conhecer a direção...

(J.A. Gaiarsa, As carícias e o Iluminado, p.12)

 

Luciana Cerqueira

jornalista, membro do Grupo de Estudos

Multidisciplinar em Educação Ambiental (GEMEA)

do Instituto Thoreau - São Paulo

 

Texto retirado do site http://redepsi.sti.com.br/ Enviada por Bere – 08.07.2000


O Valor da Biodiversidade

Por Nilson Marchioro*

 

A Gazeta do Povo, de Curitiba, do dia 10/07/00, traz materia intitulada "IBAMA calcula que biodiversidade brasileira vale R$ 4 trilhoes". Segundo a reportagem, o IBAMA vem conduzindo uma pesquisa de abrangencia nacional,  nos principais biomas do Brasil, com objetivo de verificar "quanto custa a  natureza no pais". As duas primeiras pesquisas teriam sido iniciadas no  Parana, nos Parques Nacionais do Superagui (Litoral do Estado) e do Iguacu  (Proximo a Foz do Iguacu). Os valores estariam muito abaixo do esperado, segundo a materia. A pesquisa vai ainda ser conduzida na Amazonia, no Cerrado, na Caatinga, nos Campos Sulinos, nos Mangues e demais regioes  costeiras.

E importante que o Ministerio do Meio Ambiente preocupe-se com a questao da conservacao da natureza, de uma forma geral, e com a valoracao dos recursos  naturais. A agencia de aguas vem ai, as commodities ambientais sao uma  realidade (viva a BECE* !!), a regulamentacao dos creditos do sequestro do  Carbono ocorrera em breve. Mas sera que a "valoracao da natureza" e tao  simples assim?

Os economistas, a bem pouco tempo, deixaram de considerar o meio ambiente  como uma externalidade ao calculo economico, e sao varias as tentativas de  definicao de uma metodologia que valore os recursos naturais, e por  decorrencia os seus "subprodutos". Qual seria o processo da calculo  utilizado pelo IBAMA para a valoracao em questao? A materia da Gazeta do  Povo faz mencao ao valor dos beneficios ecologicos e recreativos proporcionados pelos parques avaliados no Parana. O que sao beneficios ecologicos?

Estariam sendo considerados, por exemplo, o potencial  da biodiversidade sob o aspecto farmaceutico? Ou a influencia da vegetacao sobre os mananciais regionais (inclusive os que formam as Cataratas do Iguacu)? E o complexo estuarino lagunar abrangido pelo Parque Nacional do  Superagui, um dos mais valiosos ecossistemas do mundo, sob que aspecto  teria sido avaliado?

E intencao do Governo Federal ter esse trabalho de "avaliacao" concluido em  2002. Sabe-se que diversos institutos de pesquisa e universidades devem ser consultados e envolvidos nesse esforco.

Como profissional das ciencias agrarias e participante de diversos projetos  na area de meio ambiente, tenho acompanhado a evolucao das metodologias de avaliacao no meio rural (como ocorrido na semana de 3 a 7 de julho em  Curitiba, em evento promovido pelo IBAPE - PR, com a presenca da economista  Amyra El Khalili, responsavel pela discussao das commodities ambientais  nesse contexto). Sao conhecidas as dificuldades no processo de avaliacao de propriedades rurais, com seus diferentes tipos de vegetacao, variados tipos  de solos e corpos d'agua. E trata-se apenas de uma valoracao visando o  mercado de imoveis ou o calculo de indenizacoes. Como calculariamos o valor  da biodiversidade de um pais com as dimensoes e variabilidade ambiental do  Brasil? Quais foruns nacionais discutiram essa metodologia? Com que  objetivos esse calculo esta sendo realizado?  

Se cada um de nos, como bons brasileiros que somos (ou deveriamos ser), tivesse o poder de decisao, e recebesse de alguma instituicao internacional  uma proposta de compra de R$ 4 trilhoes, por toda a biodiversidade  brasileira, bateriamos o martelo?

BECE* - Brazilian Environment Commodities Exchange

Nilson de Paula Xavier Marchioro é Eng. Agronomo, doutor em Meio

Ambiente e Desenvolvimento Rural pela UFPR, doutor em Meio Ambiente pela

Universidade  de Paris 7, diretor presidente  da Cooperativa

Interdisciplinar de Servicos Tecnicos - INTERCOOP.

E-mail: <mailto:nmarchioro@intercoop.com.br>nmarchioro@intercoop.com.br.

 

Intercoop - Cooperativa Interdisciplinar de Servicos Tecnicos

Rua Marechal Deodoro 235, sala 1801 - Curitiba - PR - Brasil

Tel: +55-41 - 232-8029 - Fax: +55-41 - 225-5697

 

Enviada por Carlos Alberto em 14.07.2000


ESCOLA, COMUNIDADE E PROBLEMA AMBIENTAL

 

Cabe à Escola auxiliar na formação cultural do estudante, preparando-o para a sua cidadania. Assistindo e auxiliando o aluno, a Escola o incentivará tanto a se encontrar consigo mesmo, como a interagir com os outros em seu meio social. Longe estamos, portanto, de admitir o velho objetivo de que à Escola caberia o papel de “passar às novas gerações o saber acumulado pelas gerações anteriores”.

Percebemos que a definição está incompleta, ao considerar que novas pesquisas, na ciência e nas artes trouxeram melhores conhecimentos sobre o ser humano e sobre a natureza pura.

Muitas teorias são reformuladas quando sua validade é colocada à prova, e assim, em sua evolução, o ser humano cresce em inteligência, imaginação, sensibilidade e criatividade. A Escola terá que se posicionar para que sempre lhe seja possível o enriquecimento com novas fontes do saber. A Antiguidade Clássica e as teses de MacLuhan reafirmam que “a escola atualizada é já uma escola ultrapassada”.

Isso nos faz pensar no laborioso processo de aperfeiçoamento dos professores, pesquisadores, dos cientistas, observando a natureza, fazendo experiências, à procura da solução para os nossos problemas.

De outro lado, no perigo de estagnação do saber na escola que se crê atualizada e que, entretanto, mal e mal informa seus educandos sobre teorias muitas vezes ultrapassadas.

A Escola só cumprirá bem sua missão se mantiver um intercâmbio dinâmico, contínuo com o SABER adquirido pela comunidade.

A função da educação sistemática da Escola e assistemática da Comunidade se fundem no processo de preparar as novas gerações. E percebemos que todos nós - detentores de influência - estudiosos, pensadores, professores, pesquisadores, filósofos, pais, autoridades, líderes, o grupo social que forma a Comunidade, todos nós somos educadores.

No redirecionamento da Educação participativa e Integral, a Escola e a Comunidade têm objetivo comum: propiciar qualidade de vida para todos.

Referência Bibliográfica

PIRES, Maria Ribeiro Educação ambiental na escola. Belo Horizonte: Soluções

Criativas em Comunicação, pg. 28, 1996.

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

PROJETO CARONA BRASIL - EMBARQUE NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

caronabrasil@mailcity.com - FONE (053) 9108 11 04

Av. Itália, km 08 - Carreiros - Caixa Posta 474

CEP 96200-900 -  Rio Grande - RS

 

Enviada pelo Projeto Carona Brasil em 19.07.2000


A DECOMPOSTEIRA DOMÉSTICA  

Gil Portugal (Fevereiro de 1999)

 

A Agenda 21-Local já começou a estabelecer subtemas na Comissões Temáticas acordadas em seu Grande Fórum. Um desses subtemas é o Lixo, do qual participam cerca de dez membros voluntários, dentre os quais me incluo, extraídos esses membros dos componentes do grande Fórum.

É um subgrupo que pretende discutir com a maior profundidade possível o assunto Lixo em Volta Redonda, a fim de que leve suas conclusões ao Grande Fórum e daí se definam os caminhos para as propostas de solução deste item.

Além de ser apresentada ao subgrupo, pelo autor deste artigo, para debate, a questão da lixeira pública de Volta Redonda, cuja essência já enviei ao “Diário do Vale” em forma de artigo nesta semana, outro tema de grande interesse foi a Decomposteira Doméstica.

A Decomposteira Doméstica foi uma idéia bastante interessante colocada pelo Biólogo de Volta Redonda, Luiz Toledo, um dos componentes do subgrupo e que despertou a atenção dos demais. Fui conhecê-la de perto mês passado.

Como todos sabemos, hoje, todas as espécies de lixos denominados domésticos, à exceção de algumas que são recicladas, têm o destino de serem enterradas em definitivo nas lixeiras.

Uma das espécies, a essencialmente orgânica, composta de restos de alimentos, folhagens e de papéis diversos podem ter uma destinação mais nobre e de forma não tão complicada de se trabalhar: transformar-se em um produto útil ao cultivo de vegetais em geral, como uma espécie de adubo orgânico denominado húmus.

Pois é, o Biólogo Toledo desenvolveu a decomposteira doméstica que nada mais é que um jarro de barro, com cerca de 1,20m de altura por cerca de 60cm de diâmetro na sua parte mais bojuda. As paredes laterais desse jarro são perfuradas para permitir a entrada de ar, e também a saída do produto resultante. Pela boca do jarro são depositadas todas as matérias orgânicas geradas no dia-a-dia do lar.

Pela ação das bactérias aeróbias e de minhocas do tipo canadense e do ar que penetra pelas laterais do vaso, o conteúdo do vaso vai passando por reações físico-químicas e biológicas e se transformando no citado húmus que vai se acumulando na metade inferior do vaso e daí removido e peneirado para servir de auxiliar nas plantações. A parte que não passa na peneira volta ao vaso pela boca superior.

As minhocas se reproduzem bastante e parte delas pode até ser retirada para comercialização. Dois fatos interessantes: existe a atração de moscas que ali vão depositar seus ovos, mas que logo depois vão embora, pois cumpriram sua missão e não invadem as residências; o outro fato é a não existência de odores desagradáveis, próprios do lixo.

Tal sistema de decomposteira que já vem sendo estudado há mais de 10 anos tem despertado o interesse dos meios científicos, com sejam a Universidade Federal de Viçosa e vários exemplares de vasos já funcionam em diversas residências aqui em Volta Redonda e Niterói.

O subgrupo do Lixo já pensa em levar a decomposteira para as escolas como um excelente auxílio no estudo das ciências ambientais.

Gil Portugal

Nota (em julho d 2000): a decomposteira já está em uso como educação

ambiental em diversas escolas de Volta Redonda. O endereço do Biólogo Luiz

Toledo é: Rua 7, no 16, Bairro Conforto - Volta Redonda - RJ CEP - 27180-000

Enviada em 24.07.2000


Se a raça homem pensasse assim a natureza continuaria preservada

A SABEDORIA DO SAMURAI

Conta-se que perto de Tóquio, capital da Japão, vivia um grande Samurai.

Já muito idoso, ele agora se dedicava a ensinar o Zen aos jovens.

Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde apareceu por ali um jovem guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos.

Era famoso por usar a técnica da provocação.

Utilizando-se de suas habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.

Assim que soube da reputação do velho Samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama.

Todos os discípulos do Samurai se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio.

Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.

Durante horas fez tudo para provocá-lo mas o velho permaneceu sereno e impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: "Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?"

O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe perguntou: "Se alguém chega até você com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente?"

"Com quem tentou entregá-lo", respondeu o discípulo.

"Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos", disse o mestre.

"Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo."

Enviada por Fernando em 19.07.2000


                                           Os Estatutos do Homem

                                                   (Thiago de Mello)

 

Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida, e que de mãos dadas, trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Fica decretado que a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas,que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra, e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem.

Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.

O homem confiará no homem como um menino confia em outro menino.

Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira.

Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio, nem a armadura de palavras.

O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática  sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da caridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo

Fica decretado que a maior dor foi e sempre será não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Fica permitido a qualquer pessoa, a qualquer hora da vida, o uso do traje branco 

Fica decretado por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que as estrelas da manhã.

Decreta-se que nada será obrigado nem proibido. Tudo será permitido, inclusive brincar com rinocerontes e caminhar nas tardes com uma imensa begônia na lapela. Só uma coisa fica proibida: Amar sem amor.

Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal.

Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas.

A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e sua morada será sempre o coração do homem.

Enviada em 10.07.2000


01) LIXO QUE NÃO É LIXO:

            Muitas campanhas de reciclagem de lixo são divulgadas, quase todos já ouvimos falar delas. Mas o que muitos não percebem é que fazendo a reciclagem, evitamos de extrair cada vez mais matéria prima para a produção dos bens de consumo. Quase tudo o que consumimos e podemos reciclar é produto ou subproduto do beneficiamento de algum recurso natural não renovável. Para padronizar a coleta do lixo reciclável, o mundo inteiro adotou padrões de cores para a coleta seletiva do lixo, desse modo cada produto que sofrerá um processo diferente de reciclagem é depositado na sua devida caixa de coleta.

            OBJETIVOS: Divulgar as cores internacionais usadas nos depósitos de lixo reciclável. Perceber quais tipos de matérias primas são utilizadas para a fabricação dos diversos tipos de bens de consumo e quantos tipos diferentes são empregados em um mesmo produto. Trabalhar os conceitos de recursos naturais renováveis e não renováveis.

            PROCEDIMENTO: O professor deverá providenciar 06 recipientes plásticos, de papelão ou de metal nas cores AMARELO, VERMELHO, AZUL, VERDE, BRANCO e PRETO, de acordo com as normas mundiais de coleta seletiva de lixo. Deverá também providenciar exemplares de cada tipo de lixo produzido pelo homem (garrafas plásticas, jornal, latas de refrigerante, etc.), é interessante que o material escolhido seja encontrado pelas crianças no seu dia-a-dia. Faça um grande círculo com as crianças e coloque no centro dele um recipiente com o lixo dentro. Peça para que cada criança pegue algum objeto (lixo) no interior do recipiente sem olhar (o professor também poderá distribuí-los aleatoriamente), depois peça para que um de cada vez vá falando os componentes de cada objeto, de onde vem a matéria prima para a sua fabricação, e se esta matéria prima é um recurso natural renovável ou não (Ex: Lata de leite em pó. A lata é feita de metal, o metal tem como matéria prima o minério de ferro, o minério de ferro é um recurso natural não renovável; o rótulo da lata é feito de papel, o papel é fabricado a partir da celulose, a celulose é extraída das árvores, as árvores são um recurso natural renovável). Depois disso, cada criança deverá colocar o seu lixo no recipiente que achar próprio para isto. Feito isso, o professor deverá pegar cada lixo e, junto com as crianças, analisar se ele foi colocado no recipiente de cor correspondente ao seu destino para a reciclagem. Aproveite para fazer as correções e repita a atividade comparando os resultados.

            Obs: Não indique nos recipientes que tipo de lixo deve ser depositado neles, deixe que as próprias crianças tentem descobrir. Somente ao final do jogo é que você deverá dizer qual cor corresponde a qual tipo de lixo.

            PERGUNTAS: 01) Discuta com as crianças a importância de se reciclar do ponto de vista da diminuição da necessidade de se explorar menos os recursos naturais.

                                   02) Pergunte-lhes se podem descobrir o motivo pelo qual existem cores adotadas mundialmente para os coletores de lixo reciclável? Dessa forma, qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo saberá em qual coletor depositar o lixo correspondente. A separação do lixo a partir dos coletores propicia uma otimização da coleta, cada tipo de lixo reciclável pode ser coletado por um caminhão próprio que o leva para usina de reciclagem adequada, barateando os custos com a coleta e separação do lixo.

            MATERIAL NECESSÁRIO: 06 recipientes nas cores das normas internacionais da coleta seletiva de lixo. São elas: amarelo (para metal), vermelho (para plástico), azul (para papel), verde (para vidro), branco (para lixo orgânico) e preto (para outros tipos de material).

                                                             Lixo produzido pelo homem: garrafa de plástico, frasco de vidro, revista, jornal, pão velho, pilha, lâmpada lata de refrigerante, pneu, copo descartável, papel higiênico, pedaço de madeira, telha, etc.

 

Enviada por Gustavo Borges em 22.07.2000


Salvando vidas...

 

Digamos que às 4 e meia da tarde, você está indo para casa, sozinho, de carro, depois de um dia bastante pesado no serviço. Não só porque trabalhou bastante, como também porque você teve uma discussão com seu chefe e não houve jeito de fazê-lo entender seu ponto de vista.

Você está realmente aborrecido...
De repente, você sente uma dor muito forte no peito, que se irradia pelo braço e sobe até o queixo. Você está a uns 8 quilômetros do hospital mais próximo e não tem  certeza se vai conseguir chegar até lá...

O que fazer ?
Como conseguir sobreviver a um ataque cardíaco se estiver sozinho?
É muito freqüente as pessoas passarem por essa situação !.
Sem assistência, a pessoa cujo coração pára de funcionar adequadamente e que começa a sentir que vai desmaiar, tem apenas 10 segundos antes de perder a consciência !

 O que fazer para sobreviver quando estiver sozinho ?

 RESPOSTA:

Essas vítimas podem ajudar a si mesmas tossindo com força repetidas vezes.
Inspire antes de tossir, tussa profunda e prolongadamente, como quando está expelindo catarro de dentro do peito.

Repita a seqüência inspirar/tossir a cada dois segundos, até que chegue algum auxílio ou até que o coração volte a funcionar normalmente.

A inspiração profunda leva oxigênio aos pulmões e a tosse contrai o coração e faz com que o sangue circule. A pressão da contração no coração também o ajuda a retomar o ritmo normal. Desse modo, uma vítima de um ataque cardíaco pode fazer uma ligação telefônica e, entre as inspirações, pedir ajuda.

Artigo publicado no nº 240
Jounal of General Hospital Rochester

 

Enviada por Silvia em 17.07.2000

 


UM RIO

Gil Portugal (maio/97)

Muitas vezes, nas andanças que faço pelos livros da vida, invejo aqueles que em momentos de feliz inspiração escrevem trechos que são verdadeiras obras de arte. Às vezes não são poetas e nem prosistas, são técnicos que, num arroubo, conseguem mesclar com maestria ensinamentos científicos e tecnológicos com belas prosas comparadas.

Assim, não poderia deixar o leitor do DIÁRIO DO VALE longe de desfrutar, como eu desfrutei, de uma pérola de autoria de um dos maiores professores de saúde pública que o Brasil conheceu – Samuel Murgel Branco; se não vejamos, na íntegra, sem comentários, o que ele escreveu:

"Phelps, o grande clássico da poluição das águas, é autor de uma frase de grande inspiração, a qual tornou-se bíblica para os sanitaristas e que, muito justificadamente, vem sendo reproduzida em inúmeros trabalhos que tratam da proteção dos rios. Diz ela: ‘Um rio é algo mais que um acidente geográfico, uma linha no mapa, uma parte do terreno imutável. Ele não pode ser retratado adequadamente em termos de topografia e geologia. Um rio é um ser vivo, um ser dotado de energia, de movimento, de transformações’.

Um rio é vivo na medida em que contém infra-estruturas vivas. Tal como o sangue que circula em nossas veias, o rio contém células que nutrem e que respiram oxigênio. Quando morto, essas células perecem, e ele se decompõe; proliferam, então, os seres que produzem a sua degradação, e ele exala os odores mefíticos da putrefação. O rio poluído é um rio morto.

Um rio pode morrer por falta de alimento, como qualquer ser vivo; e também, como qualquer ser vivo, pode morrer de indigestão. À indigestão segue-se a asfixia, isto é, o oxigênio disponível torna-se insuficiente à sua respiração, ou seja, à oxidação de todo alimento que foi ingerido. Ele morre tranqüilamente, sem dores, sem estremecimentos e, rapidamente, o cadáver entra em decomposição.

O rio nasce, sempre numa região elevada. Pode ser no alto de uma montanha. Em sua infância, é leve e irrequieto, como qualquer criança ou animal novo: corre, salta, ora atirando-se de grandes alturas, ora cascateando ruidosamente por entre os seixos, ora descansando, ofegante, em seu leito de areia branca e brilhante. Seu aspecto é sadio e límpido, irradiando pureza; seu corpo é fresco como o orvalho da manhã; sua cor é o puro azul do céu refletido. Seu alimento é o que lhe proporciona o seio fértil da Terra-mãe.

Depois cresce. Suas águas se avolumam. Torna-se majestoso e tranqüilo. Viaja. Percorre grandes planícies, profundos vales, circunda montanhas, salta perigosos penhascos. Conhece o homem. Avizinha-se de suas cidades, trabalha para ele – move seus engenhos, transporta suas embarcações, dessedenta-lhe os rebanhos e as plantações, oferece-lhe seus peixes e prova o sabor amargo de sua ingratidão.

A princípio, sente-se beneficiado e recompensado pelo auxílio prestado. O homem represa-o, sofreando seu ímpeto juvenil, domesticando-o e oferecendo-lhe amplos leitos para seu repouso. Além disso, ao irrigar as plantações, recebe pequenas parcelas dos mesmos alimentos empregados na lavoura para dar viço às plantas. Sente-se fortalecido; suas células reproduzem intensamente, captando as energias que o sol proporciona prodigamente às suas águas tranqüilas e cristalinas e produzem alimento farto e oxigênio abundante aos seus peixes. De repente, porém, sente-se traído. As águas que ele, de forma tão benigna, oferecia ao homem para saciar-lhe a sede, são-lhe devolvidas carregadas de imundices. Alimento, sim, mas impregnado de tantas substâncias estranhas e bactérias nocivas que lhe é difícil digerir. Além disso, em tão grande quantidade que a maior parte permanece indigesta, formando um lodo escuro e fétido, em seu leito, ou em fina suspensão, em suas águas, impedindo a penetração benéfica dos raios de sol e soterrando pequenos e indefesos animais.

E não é só isso. Ao passarem suas águas pelo interior das indústrias tornam-se veículos de toda a sorte de tóxicos, detritos, graxas, sabões, tintas e outros muitos compostos que conspurcam totalmente aquilo que fora outrora seu maior motivo de orgulho: sua espelhada superfície azul. Ao sair da cidade ele sofreu uma total transformação. Suas águas tornaram-se negras e fétidas. Seu leito é sujo e lodoso. Sua superfície é coberta dos mais variados tipos de corpos flutuantes: uma camada de óleo impede seu crispar de prazer ao roçar acariciante da brisa; espessas crostas de espuma acumulam-se em suas curvas, outrora graciosas; borbulhas de gases mefíticos, desprendidos de seu leito, explodem à superfície, formando pequenos círculos concêntricos na água negra e pesada; latas velhas, papéis e toda uma enorme variedade de imundícies são transportados juntamente com a multidão dos cadáveres de seus peixes asfixiados, envenenados, destruídos pela insalubridade do ambiente.

E o rio, em sua plena juventude, sente essa asfixia. Sente o envenenamento. E morre. Miríades de pequenos gérmens tomam conta de seu corpo, destruindo suas células, seus peixes, suas plantas, produzindo o seu apodrecimento. O mau cheiro, agora, não se desprende apenas do lado precipitado no leito, mas sim de toda água, em todos os seus níveis. Suas águas – se ainda merecem esse belo nome – não mais transportam a vida; somente a morte. De Danúbio ele passou a Aqueronte."

Gil Portugal (transcrição)

Enviada em 20.07.2000


AGESTADO: Cientistas defendem adoção de transgênicos



Brasília - Cientistas de sete academias de ciências do mundo, entre elas a brasileira, divulgam hoje, em Londres um relatório técnico defendendo a adoção de plantas geneticamente alteradas (transgênicas) na agricultura, como forma de reduzir a fome no planeta e melhorar a qualidade da alimentação da população. O documento também traz recomendações aos países que optarem pelos transgênicos, entre elas um controle rígido na produção de alimentos modificados para dar segurança aos consumidores.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Eduardo Moacyr Krieger, reuniu-se ontem com o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, a quem entregou cópia do relatório. Krieger explicou que o documento é uma visão científica e socialmente equilibrada das pesquisas feitas até agora em relação aos transgênicos. O texto é assinado por cientistas dos Estados Unidos, China, Índia, México, Inglaterra, Brasil e de países do Terceiro Mundo (reunidos na Academia de Ciências do Terceiro Mundo).

Na visão dos cientistas, os alimentos transgênicos podem ser mais nutritivos, estáveis quando armazenados e capazes de promoverem saúde. O documento reconhece ainda que os alimentos alterados geneticamente podem ser uma saída para reduzir a fome no planeta - estima-se que hoje 800 milhões de pessoas (16% da população do mundo) passem fome.

Segundo o relatório, a falta de comida é hoje responsável por 50% dos 12 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade mortas anualmente em países menos desenvolvidos. Para os cientistas, as empresas privadas e instituições de pesquisa deveriam adotar medidas para compartilhar a tecnologia dos transgênicos e, com isso, garantir seu uso para aliviar a fome e melhorar a segurança alimentar em países em desenvolvimento.

Debate - "A proposta do relatório é informar a população sobre o uso correto dos transgênicos", disse Krieger. Ele também explicou que os cientistas pretendem, a partir desse trabalho, desencadear nos países uma ampla discussão sobre os transgênicos. Segundo Krieger, a comunidade científica mundial está preocupada com a questão e se propõe a colaborar com seus conhecimentos para eliminar as dúvidas existentes quanto ao tema.

No relatório, os cientistas lembram que é preciso melhorar a produção e distribuição de gêneros alimentícios e defendem novos esforços do setor público para criar plantações de transgênicos, como meio de beneficiar agricultores pobres em nações em desenvolvimento.

Efeitos - Eles recomendam a criação de sistemas regulares de saúde pública em todos os países que optarem pelos transgênicos. O objetivo desses sistemas é identificar e controlar efeitos potencialmente adversos que podem surgir de plantas transgênicas.

Segundo os cientistas, a modificação de características qualitativas e quantitativas das plantas pode aumentar o valor nutricional dos alimentos, além de ajudar a saúde humana e combater a má nutrição. Mas, nesse caso, eles recomendam que a pesquisa de transgênicos e seu desenvolvimento deve ser focalizada em plantas que permitam melhorar a estabilidade da produção, trazer benefícios nutricionais ao consumidor e reduzir os impactos ambientais.

O relatório ainda sugere a separação de plantações transgênicas destinadas a produções farmacêuticas e químicas das de alimentos. Os cientistas opõem-se à introdução de produtos que causem alergias e propõem controles rígidos sobre a toxicidade dos alimentos. A comunidade científica diz-se preocupada com o uso de genes resistentes a antibióticos.

Chico Araújo

Enviada por Carlos Alberto em 11.07.2000


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