InformaLista
O Informativo da lista “Educação
Ambiental”
Alguns textos apresentados na Lista de Discussão do Projeto Apoema - Educação Ambiental (Antigo Projeto Vida – Educação Ambiental)
Os textos não passaram por revisão ortográfica, portanto, podem haver erros.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO SGA
A comunicação no SGA (Sistema de Gestão Ambiental) é um fator estratégico importante para uma organização
principalmente quando se trata de atividades industriais, que são automaticamente associadas à idéia de poluição efetiva e degradação do meio ambiente pela comunidade desinformada. Basta ver o exemplo das famosas “listas negras” ambientais: até prova em contrário, as organizações que têm a infelicidade de ser incluídas nessas listas carregam o estigma de destruidoras do meio ambiente e inimigas da comunidade, passando desapercebido o fato de já terem iniciado ações concretas no sentido da implantação de um sistema de gestão ambiental, da minimização de seus impactos ambientais e da recuperação de danos que eventualmente possam ter causado.Apesar de já ter sido iniciado um movimento global direcionado para o
desenvolvimento sustentável, a educação ambiental está ainda ensaiando os primeiros e decisivos passos - principalmente nos países emergentes, onde a burocracia, o desinteresse e a desinformação da grande maioria da população ainda dificultam, de um lado, a implementação de ações de preservação ambiental (como exemplos concretos citamos o descarte de toda a sorte de lixo em cursos d’água pela população, a queima de lixo e pneus a céu aberto, a demora na análise / concessão de licenciamentos ambientais, a insuficiência de recursos tecnológicos, humanos e financeiros dos órgãos de fiscalização ambiental etc.) e, de outro, alimentam um preconceito radical, injustificado e extremamente danoso para as organizações supostamente “insensíveis às questões ambientais”, aproveitado por pessoas menos escrupulosas como meio eficiente de manipular a opinião pública em benefício próprio.É importantíssimo, então, que as organizações passem a adotar a estratégia
de comunicar periodicamente ao seu pessoal, às comunidades onde se acham inseridas e ao público em geral todas as suas ações na área ambiental, por mínimas que sejam, buscando informar e cativar a opinião pública.No caso específico dos empregados, a organização deve reconhecer que são um
de seus principais instrumentos de marketing e, mais do que isso, que só através deles poderá ter uma gestão ambiental eficiente e voltada para a melhoria contínua. Assim, a comunicação interna sobre a gestão ambiental da organização reveste-se de particular importância, considerando sua função de incutir em cada empregado o senso da responsabilidade ambiental e torná-lo co-responsável tanto pelo desempenho ambiental da organização como pela manutenção / melhoria de sua imagem.
Em outras palavras, cada empregado deve sentir-se orgulhosamente
importante - fundamental, mesmo - para os objetivos ambientais de sua organização; e o despertar e a contínua alimentação desse sentimento são conseguidos com informação constante (“a organização considera-me peça-chave para o SGA, pois sempre me mantém atualizado sobre sua situação ambiental e sobre como devo proceder para ajudá-la”).Não se deve esquecer o papel fundamental da alta administração e das chefias
de todos os níveis, cujo exemplo e determinação no sentido de manter comportamento e práticas ambientalmente corretas são imprescindíveis para a motivação do time.A estratégia de comunicação e informação pode e deve ser executada através
de todos os meios disponíveis - institucionais, mídia, informativos para sindicatos e associações comunitárias, palestras em outras organizações, associações e instituições de ensino, marketing, divulgação em seminários e workshops, organização de visitas de familiares de empregados, de instituições de ensino, da imprensa.. Enfim, a criatividade não tem limites e deve ser exercida pela organização do modo que lhe for mais adequado e conveniente para atingir os objetivos de informação e aquisição do respeito da opinião pública; estas terão, como conseqüência natural, a melhoria da imagem e até da própria competitividade, pois, atualmente, as organizações consideradas amigas do meio ambiente têm cada vez melhor trânsito e maiores facilidades junto aos órgãos da Administração Pública e às instituições financeiras oficiais, além de tratamento diferenciado pelos órgãos de fiscalização ambiental (em casos de acidentes com danos ao meio ambiente, a própria lei de crimes ambientais considera como atenuantes as ações que o causador do dano tenha tomado visando a preservação / melhoria ambiental).Um último ponto a ser considerado sobre a importância da comunicação para o
SGA é o relacionamento inter-empresarial. As organizações, independentemente de seus ramos de atividades, sempre têm muito a aprender umas com as outras.Nenhuma organização evolui sozinha, sem troca de informações e dados;
portanto, são fundamentais as ações no sentido de “benchmarkings”, participações em seminários / grupos de trabalho específicos e manutenção do melhor relacionamento possível com outras organizações, sejam ou não do mesmo ramo de atividades, fornecedoras, clientes e, até mesmo, concorrentes - salvaguardadas, é claro, aquelas informações e dados de caráter sigiloso e pertinentes exclusivamente aos processos produtivo e comercial. Ou seja, ações, dados e informações que digam respeito exclusivamente à preservação e melhoria contínua do meio ambiente não devem ser omitidos ou “guardados a sete chaves” - ao contrário, devem ser divulgados, analisados, discutidos, sempre com o objetivo maior do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... Afinal de contas, este é o princípio e o fim de qualquer sistema de gestão ambiental!Eymard de Meira Breda – Eng. Químico – Consultor e Auditor Ambiental
eymard@verdegaia.com.br; eymardmb@net.em.com.br.
VERDE GAIA CONSULTORIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL – www.verdegaia.com.br
Ecolinks - Links Ecológicos
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INFORMA
Amigas e amigos,
O projeto Brasil Sustentável e Democrático, juntamente com o Departamento
de Sociologia da UFF, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, a Comissão de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores e o Centro de Ecologia e Saúde do Trabalhador da Fundação Oswaldo Cruz, está planejando organizar um encontro sobre Justiça Ambiental no segundo semestrec deste ano.O termo "Justiça Ambiental" começou a ser utilizado nos anos setenta por
movimentos sociais norte-americanos, mas vem ganhando crescente expressão internacional. Uma constatação básica esteve na origem do conceito: os depósitos de lixo químico perigoso, assim como as atividades fortemente poluentes e/ou degradadoras do lugar onde se vive, não se localizam de forma aleatória no território norte-americano. Elas são colocadas, preferencialmente, nos espaços habitados por comunidades pobres, especialmente por etnias marginalizadas como os negros, os chicanos e os índios. Essa constatação gerou um clamor pela aproximação entre as lutas por justiça social e por qualidade ambiental, unidas na idéia de justiça ambiental. Em anexo encontra-se um texto de Henri Acserald que explica bem a idéia.Um dos pesquisadores que mais tem se dedicado à essa idéia, Robert Bullard,
definiu o objetivo do movimento por justiça ambiental da seguinte maneira: a busca do tratamento justo e do envolvimento significativo de todas as pessoas, independentemente de sua raça, cor, origem ou renda, no que diz respeito à elaboração, desenvolvimento, implementação e reforço de políticas, leis e regulações ambientais. Entendendo-se por tratamento justo que nenhum grupo de pessoas, incluindo-se aí grupos étnicos, raciais ou de classe, deva suportar uma parcela desproporcional das conseqüências ambientais negativas resultantes das operações dos agentes privados ou públicos.Consideramos que essa é uma luta fundamental e promissora, para além das
suas origens específicas. Na verdade, com diferentes designações, há muito tempo que movimentos por justiça ambiental vem ocorrendo no mundo. A resistência das comunidades ambientalmente agredidas, Assim como as lutas por melhores condições de vida, tem manifestado um fenômeno que alguns chamam de ambientalismo popular. O conceito de justiça ambiental, que pode e deve ser ampliado politicamente, tem o potencial de servir como referencial para uma renovação e uma aproximação conceitual dessas lutas.No caso do Brasil, esse potencial é enorme. Sabemos que nosso país é
extremamente justo em termos de distribuição de renda e acesso aos recursos naturais. Temos uma elite especialmente egoísta e insensível, que defende com unhas e dentes os seus interesses e lucros, inclusive lançando mão freqüentemente da ilegalidade e da violência. O sentido de cidadania e de direitos, por outro lado,ainda encontra pequeno espaço em nossa sociedade, apesar da luta valorosa de tantos movimentos e pessoas em favor de um país mais justo e decente. Tudo isso se reflete no campo ambiental, como podemos ver a toda hora. O desprezo pelo espaço comum e pelo meio ambiente se confunde com o desprezo pelas pessoas e comunidades. Os constantes vazamentos e acidentes na industria petrolífera, a morte de rios,lagos e baias, as doenças e mortes causadas pelo uso agrotóxicos e outros poluentes, a expulsão das comunidades tradicionais pela destruição dos seus locais de vida e trabalho, tudo isso, e muito mais, configura uma situação constante de injustiça ambiental no Brasil, que se associa com a injustiça social e econômica.Achamos que o ambientalismo brasileiro tem um grande potencial para se
renovar e expandir o seu alcance social na medida em que se associe e se solidarize com as massas pobres e marginalizadas, que vem se mobilizando em favor dos seus direitos. Os movimentos sindicais, sociais e populares, entre outros, também podem renovar e ampliar o alcance da sua luta se nela incorporarem a dimensão da justiça ambiental, o direito a uma vida digna e um ambiente saudável. Todas essas lutas, na verdade, representam uma só e mesma luta pela democracia, pelo bem comum e pela sustentabilidade.A idéia do encontro ou seminário é debater e trocar idéias, experiências e
exemplos concretos no campo da injustiça e da justiça ambiental. Estamos querendo mapear os casos onde comunidades pobres e marginalizadas estão sendo violadas em seus direitos ambientais. Queremos difundir os casos existentes de luta e mobilização para outras regiões e comunidades, para que possam servir de exemplo. Queremos convidar os ambientalistas a agir em favor da justiça e os ativistas sociais a agir em favor do ambiente comum.Queremos, portanto, saber do interesse de grupos e pessoas em participar de
um encontro com o esse. Gostaríamos também de perguntar sobre exemplos de injustiça ambiental, nas diferentes regiões, que pudessem ser mencionados e discutidos nessa lista e no seminário. Talvez a justiça ambiental possa dar um novo sentido ao programa do Fórum, aproximando-o dos outros movimentos em favor dos direitos de cidadania.Contamos com a participação e as mensagens de vocês para avaliarmos o
potencial de interesse pelo tema.Cordialmente,
José Augusto Pádua e Jean Pierre Leroy
Projeto Brasil Sustentável e Democrático
Subject: Coluna Ecos Urbanos 6/05/01
CARROS CAROS DEMAIS
Dirigir um carro é o ato mais poluidor que um cidadão normal pode cometer.
Do escapamento do seu carro sai um coquetel de poluentes que inclui Óxidos de nitrogênio, Monóxido e Dióxido de Carbono, enfim, um verdadeiro coquetel Molotoff indo direto do seu escapamento para o nariz de todos os que moram na sua cidade.Os poluentes do escapamento do seu carro
O óxido de nitrogênio, por exemplo, causa o aumento do Ozônio. O mesmo Ozônio da camada furada que está deixando passar a radiação ultra-violeta que causa câncer de pele.
Então é bom que o seu carro produza um elemento que aumente o Ozônio?
Não, porque lá em cima, a 40km de altura, ele impede a entrada de radiação, mas aqui em baixo ele ataca suas vias respiratórias, porque ele é um agente oxidante fortíssimo.
Gente que respira ar com muito ozônio gasta um dinheirão com o pneumonologista. A coisa toda fica pior no Inverno, nos dias claros. É que esta transformação de Óxido de Nitrogênio em Ozônio depende de luz. Os médicos têm recomendado para as pessoas mais sensíveis que evitem as áreas abertas nas grandes cidades, onde existe bastante poluição e luz juntas.
O monóxido de carbono é outra razão para você deixar seu carro em casa. Ele é resultado de uma queima incompleta dos hidrocarbonetos da gasolina ou diesel. Quando você respira monóxido de carbono, ao invés de levar oxigênio para o seu pulmão, você está levando um elemento que rouba o oxigênio do seu sangue. Para não deixar os químicos bravos, eu vou dizer que o monóxido de carbono rouba o oxigênio, na medida em que se liga com ele, e esta ligação é tão forte que não permite que o oxigênio cumpra sua função nos pulmões.
E por fim tem o dióxido de carbono, que não é tão ruim para nós diretamente, mas que é um dos gases que forma o efeito estufa, aquele que vai descongelar a calota polar e lhe deixar com os pé molhados.
O Presidente americano meteu a bucha ni nóis
Falando em efeito estufa, na semana passada o Presidente americano meteu a bucha ni nóis (mais uma vez) com as seguintes palavras:
- Nós somos o maior poluidor do mundo, mas se for preciso, vamos poluir ainda mais para evitar uma recessão nos Estados Unidos.
Os Estados Unidos se negaram a assinar o protocolo do Kyoto que reduziria a emissão de gases na atmosfera.
E não só os Estados Unidos são o pior poluidor, como também estão ficando piores. O consumo médio dos carros americanos subiu entre 1978 e 2000. A razão é que os americanos passaram a comprar estas caminhonetes fora de estrada grandes e pesadas. É engraçado isto. De noite você vê anunciando as caminhonetes andando em meio a florestas e cachoeiras na televisão americana. De dia, elas estão paradas em um congestionamento exalando os gases que exatamente vão criar problemas para as florestas e cachoeiras. E pior do que isto, dentro destas caminhonetes estão seres humanos estressados para ganhar dinheiro para pagar a caminhonete que os leva até o emprego maldito que os faz pagar a caminhonete e assim por diante.
Não esqueçamos que o atual presidente dos Estados Unidos não foi o vencedor das últimas eleições. Ele foi o quase perdedor. Portanto, ele expressa o pensamento da metade da população americana. Não da maioria.
A maior parte dos americanos que eu conheço são preocupados com isto e utilizam transporte coletivo sempre que esta alternativa existe, e até invejam que no Brasil, a maior parte dos veículos novos são pequenos com motores de 1000cc.
Liberte-se do seu carro
A solução para o problema do carro em grandes cidades é mais complicada, mas para nós é simples. Você sabe quantos quilômetros precisa para cruzar uma cidade como Londrina, com quase 500.000 habitantes ?Sete quilômetros. Isto quer dizer uma hora de caminhada. Eu garanto que todos seus problemas podem ser resolvidos dentro de uma distância até menor que esta. Ande mais, encha o pneu da sua bicicleta, regule seu carro, evite o congestionamento das e seis e quinze, .enfim liberte-se do seu automóvel, este ótimo servo e péssimo senhor.
Os ecologistas, a direita e a esquerda Entre os ecologistas há grupos reacionários (tachados de direitistas) que de fato se opõem ao desenvolvimento. Há também outros que são progressistas (tachados de esquerdistas) e que desejam um progresso mais compatível com as reconhecidas limitações do ecossistema |
Por José Goldemberg A última coisa que se pode dizer do escritor e cientista
político francês Guy Sorman — um dos ideólogos do liberalismo nos
dias correntes — é que ele não se esforça por ser politicamente
correto. Em contundente entrevista a este jornal, Sorman exprime sua opinião
sobre os grandes temas que motivam hoje os ecologistas: organismos
geneticamente modificados (transgênicos), clonagem de animais, efeito
estufa, energia nuclear e o futuro da Amazônia.
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"A verdadeira dificuldade não está em aceitar idéias novas, mas em escapar
às idéias antigas".
Autor: John Maynard Keynes.
A devastação da Amazônia está apenas começando | |
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Remetemos algumas dicas de sites:
Terapia de Vidas Passadas e Hipnose
Análise dos sonhos
http://regismesquita.tripod.com/indice.html
Terapia Floral
Consciência On-line
http://members.fortunecity.com/consciencia1/index.html
Jesus Cristo, perguntas e resposta sobre a vida dele
http://sites.uol.com.br/regismesquita/jesus.htm
Mensagens
http://members.fortunecity.com/consciencia1/mensagem.html
Um convite ao vôo
Eduardo
Galeano
Milênio vai, milênio vem, a ocasião
é propícia para que os oradores de inflamado verbo discursem sobre os destinos
da humanidade e para que os porta-vozes da ira de Deus anunciem o fim do mundo e
o aniquilamento geral, enquanto o tempo, de boca fechada, continua sua caminhada
ao longo da eternidade e do mistério.
Verdade seja dita, não há quem
resista: numa data assim, por mais arbitrária que seja, qualquer um sente a
tentação de perguntar-se como será
o tempo que será. E vá-se lá saber como será. Temos uma única certeza: no século
vinte e um, se ainda estivermos aqui, todos nós seremos gente do século
passado e, pior ainda, do milênio passado.
Embora não possamos adivinhar o
tempo que será, temos, sim, o direito de imaginar o que queremos que seja. Em
1948 e em 1976 as Nações Unidas
proclamaram extensas listas de
direitos humanos, mas a imensa maioria da humanidade só tem o direito de ver,
ouvir e calar. Que tal começarmos a
exercer o jamais proclamado direito
de sonhar? Que tal delirarmos um pouquinho? Vamos fixar o olhar num ponto além
da infâmia para adivinhar outro mundo possível:
o ar estará livre do veneno que não
vier dos medos humanos e das humanas paixões; nas
ruas, os automóveis serão esmagados pelos cães;
as pessoas não serão dirigidas pelos automóveis, nem programadas pelo
computador, nem compradas pelo supermercado e nem olhadas pelo televisor; o
televisor deixará de ser o membro mais importante da família e será tratado
como o ferro de passar e a máquina de lavar roupa;
as pessoas trabalharão para viver, ao invés de viver para trabalhar;
será incorporado aos códigos penais da estupidez, cometido por aqueles que
vivem para ter e para ganhar, ao invés de viver apenas por viver, como
canta o pássaro sem saber que
canta e brinca a criança sem saber que brinca;
em nenhum país serão presos os
jovens que se negarem a prestar o serviço militar, mas irão para a cadeia os
que desejarem presta-lo;
os economistas não chamarão nível
de vida ao nível de consumo, nem chamarão
qualidade de vida à qualidade de coisas;
os cozinheiros não acreditarão
que as lagostas gostam de ser fervidas vivas;
os historiadores não acreditarão
que os países gostam de ser invadidos;
os políticos não acreditarão que
os pobres gostam de comer promessas;
ninguém acreditará que a
solenidade é uma virtude e ninguém levará a sério aquele que não for capaz
de deixar de ser sério;
a morte e o dinheiro perderão seus
mágicos poderes e nem por fortalecimento
nem por fortuna o canalha será formado em virtuoso cavalheiro;
ninguém será considerado herói
ou pascácio por fazer o que acha justo em lugar de fazer o que mais lhe convém;
o mundo já não estará em guerra
contra os pobres, mas contra a pobreza, e a indústria não terá outro remédio
senão declarar-se em falência;
a comida não será uma mercadoria
e nem a comunicação um negócio, porque a
comida e a comunicação são
direitos humanos;
ninguém morrerá de fome, porque
ninguém morrerá de indigestão;
os meninos de rua não serão tratados como lixo, porque não haverá
meninos de rua;
os meninos ricos não serão tratados como se fossem dinheiro, porque não haverá meninos ricos;
a
educação não será um privilégio de quem possa pagá-la;
a polícia não será o terror de quem não possa comprá-la;
a
justiça e a liberdade, irmãs siamesas condenadas a viver separadas,tornarão a
unir-se, bem juntinhas, ombro contra ombro;
uma
mulher, negra, será presidente do Brasil, e outra mulher, negra, será
presidente dos Estados Unidos da América; e uma mulher índia governará a
Guatemala e outra o Peru;
na Argentina, as loucas da Praça de Maio serão um exemplo de saúde
mental,porque se negaram a esquecer nos tempos da amnésia obrigatória;
a Santa Madre Igreja corrigirá os erros das tábuas de Moisés e o sexto mandamento ordenará que se festeje o corpo;
a Igreja também ditará outro mandamento, do qual Deus se esqueceu: " Amarás a natureza, da qual fazes parte", serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma;
os desesperados serão esperados e os perdidos serão encontrados, porque eles são os que se desesperam de tanto esperar e os que se perderam de tanto procurar;
seremos compatriotas e contemporâneos de todos os que tenham aspiração de justiça e aspiração de beleza, tenham nascido onde tenham nascido e tenham vivido quando tenham vivido, sem que importem nem um pouco as fronteiras do mapa ou do tempo;
a perfeição continuará sendo um aborrecido privilégio dos deuses;
mas neste mundo confuso e fastidioso, cada noite será vivida como se fosse a última e cada dia como se fosse o primeiro.
http://www.partes.com.br/reflexao10.html
Uma reflexão sobre educação ambiental como instrumento-chave para o desenvolvimento sustentável. |
A Educação
Ambiental, cada vez mais investigada, discutida, redimensionada,
recentemente encontra-se mergulhada num processo ininterrupto que a
compartimenta em vários seguimentos e revela novos conceitos em suas
variadas formas. Esta afirmação traz em seu contexto uma rápida reflexão
a todos os estudiosos das questões que envolvem o homem e suas relações
com o meio ambiente, objetivando uma convivência equilibrada, conseqüentemente
sustentável. |
Em décadas passadas, mais precisamente 60 e 70, o homem manifestou
efetivo interesse no binômio “degradação e preservação da
natureza”, dando início a grandes eventos que produziram e ainda
produzem importantes documentos, tais como, tratados, acordos, relatórios,
agendas, todos de cunho nacional e internacional. Este significativo avanço
não só apontou caminhos e soluções, mas indicou falhas e outras percepções
até então ignoradas. Durante este período criou-se um arsenal de
instrumentos no afã de subsidiar e sistematizar a incipiente batalha que
apenas emergia. A educação ambiental provinda de correntes filosóficas
e pragmáticas materializou-se em sua potencialidade como um instrumento
capaz de modificar o comportamento humano e introduzir inusitadas concepções
de um mundo mais consciente e preocupado com seu próprio destino e das
gerações futuras. Tanto os países desenvolvidos como os em
desenvolvimento têm sua preocupação voltada a questões econômicas e
através de posturas ortodoxas ou não tentam provar a superioridade do
setor econômico em detrimento aos demais problemas sociais que solapam
todo o planeta. Não seria uma posição politicamente equivocada? Enfim,
este tema suscita discussões demagógicas e bastante prolixas. Esta
concepção tem sofrido uma notória mudança, pois a valor ambiental, por
excelência cultural, implica necessariamente no atrelamento com o
desenvolvimento econômico, uma vez que a Constituição Federal através
de seu artigo 225, traz claramente a noção de valor relacionado à
problemática ambiental, evidenciando a importância da relação da
sociedade com a natureza. Os benefícios conquistados com o
desenvolvimento se refletem de forma invertida na sociedade mundial através
da má distribuição da renda per capta, ocasionando graves problemas
sociais. Conseqüentemente, esta realidade projeta-se numa grande
diferenciação de classes sociais, onde a imensa maioria formada pela
base piramidal menos abastada e cada vez mais distanciada das
oportunidades, torna-se vítima em potencial dessa cruel situação. Esta
potencialidade relaciona-se principalmente com a ignorância adquirida
pela falta de uma educação voltada para os valores de cidadania. Como
exercer essa cidadania se não se sabe o verdadeiro sentido da palavra? A
educação, como valor maior de uma sociedade, mostra sua preocupação
com os valores que envolvem as questões ambientais. As Leis de Diretrizes
e Bases e os Parâmetros Curriculares Nacionais provocam polêmica em
torno da discussão dos temas neles abordados através dos diferentes
atores envolvidos no ensino formal. Essa celeuma além de debater os
pontos obscuros, incompletos e evasivos propicia um exercício muito
importante para o resgate cultural e social através da mobilização,
seja individual ou coletiva, pontual ou difusa. O precioso crescimento
resultante das experiências práticas transforma-se no indicador de uma
nova concepção de educação. A educação ambiental em toda a sua
amplitude, isto é, nos modos formal, não-formal e informal depõe a
favor das tendências emergentes que preconizam a importância da educação
ambiental como instrumento-chave sem destacar os méritos aos demais
instrumentos que integram a gestão educacional. Conceituar, criar novas
metodologias, discutir leis, produzir trabalhos técnicos e científicos,
discordar ou concordar com pontos de vista, esse aparato traz uma
preponderante mas, muitas vezes, desapercebida percepção e dimensão dos
novos rumos que a educação aponta, a partir da necessidade em preservar
o meio ambiente da ação degradante e dos inesperados impactos e seus
imensuráveis malefícios ao planeta. Diante dos prejuízos causados à
natureza, podemos concluir que a relativa proteção que a legislação
ambiental destina a ela é, na maioria das vezes, insuficiente e ineficaz.
Os danos causados são de impossível reparação, pois aquilo que é
destruído pode demorar milhares de anos para se recompor. Espécies que
foram extintas jamais voltarão a existir. A destruição de ecossistemas
pode representar um desequilíbrio irremediável ao sistema. A verdadeira
eficiência se traduz na aplicação da educação ambiental em todos os níveis
do ensino visando a disseminação de uma cultura estruturada em princípios
de eqüidade social e sustentabilidade ambiental. Informar não é o
bastante, porém a conscientização, através de práticas de sensibilização
e estímulo, mostra-se como uma imprescindível aliada na transformação
de comportamentos e valores. Este pensamento se completa a partir de ações
educativas eficazes que induzam à uma ação positiva e conjugada de
esforços. Autor: Marco Antonio Bertini Pesquisador em Educação
Ambiental Programa de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia
Ambiental EESC/CRHEA/USP |
http://www.ecopress.org.br/eco_detalhes.php3?id_jornal=2&id_noticia=3917
Uma
análise crítica da reciclagem como
atividade em Educação Ambiental
Eva Pereira Nascimento
Um dos temas mais populares em Educação Ambiental é o da Reciclagem. Pequenas oficinas tem sido montadas para que os alunos possam aprender os rudimentos do processo de reciclagem do papel, professores de Educação Artística põem a mão na massa para mostrar aos alunos como materiais velhos podem ganhar nova vida, forma e utilidade .
As vantagens econômicas e sociais da separação e coleta seletiva do lixo são claramente apontadas, enquanto os estudantes entusiasticamente envolvem-se em gincanas e concursos para a coleta de material reciclável. Parece não haver dúvida de que produzimos e consumimos mais do que a biosfera pode suportar , mantendo o seu equilíbrio ecológico. Qual é a origem dos nossos hábitos de consumo desenfreado? De que modo começou esse processo desgastante e desequilibrador?
Revolução Industrial e Sociedade de Consumo
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, no século XVIII , trouxe em seu bojo novos conceitos, como o da linha de montagem , possibilitando a estruturação do sistema capitalista do século XX e abrindo espaço para um novo mercado de consumo, como nunca antes visto. Na linha de montagem cada máquina usava um molde da peça ou parte da peça que se queria produzir e passou-se a produzir em série , por um conjunto de operários, o que antes era feito lentamente pelo artesão. Ao mesmo tempo que se eliminou a relação artesanal entre o produto e seu produtor, gerou-se um novo problema econômico. Pela primeira vez, os sistemas de produção representados pelas novas indústrias eram capazes de produzir mais do que o consumidor necessitava. Que fazer com essa nova capacidade de produção ociosa?
Criar novas necessidades e portanto ampliar os mercados consumidores. Eis a resposta! Nasce então uma nova fórmula de sustentação desse processo : através da propaganda são continuamente geradas novas necessidades que são supridas pela indústria, comércio ou serviços. É a poderosa sociedade de consumo firmemente estabelecida na sociedade moderna .1
Assim, ao comprar um eletrodoméstico, ficamos satisfeitos com ele, até que a propaganda crie em nós a necessidade de um modelo mais moderno ou com um novo design. Dessa mesma forma nos sentimos em relação a roupas, sapatos e muitos outros itens de consumo.
A conseqüência mais imediata desse tipo de comportamento é a grande quantidade de produtos que acabamos comprando e jogando fora . E agora, que fazer com tanto lixo e fatores poluentes?
Reciclagem: um produto da sociedade de consumo
Programas de reciclagem, aí está a solução! Começam a surgir os programas de reciclagem de vidro, metal , certos tipos de papel, plástico, de cujos sucessos temos notícia em situações bastante específicas, principalmente a partir da década de 90. As escolas também se interessaram pelo tema e multiplicaram-se os projetos de Educação Ambiental, cujo tema é a reciclagem. Embora os educadores realizem o seu trabalho conscientizando os alunos sobre a necessidade de separação do lixo e a adoção de processos de reciclagem, uma grande parte desse esforço acaba perdido, já que uma imensa parcela das prefeituras brasileiras, incluindo as metrópoles não recicla o seu lixo e as empresas só se interessam por determinados tipos de matérias-prima. O lixo separado pelos alunos ou seus pais e amigos , volta a ser melancolicamente misturado pelos lixeiros , enquanto que o interesse por reciclagem acaba adquirindo uma conotação de hobby ou de atividade artística .
A própria atividade de reciclagem pode ser encarada como uma das conseqüências da sociedade de consumo atual, onde o excessivo uso dos recursos naturais e a enorme quantidade de lixo produzido passam a não ser encarados , inclusive pelos educadores, como um grave problema , desde que se pense em reciclagem.
Entretanto, é evidente que solução não está na reciclagem, pelo menos a curto prazo, mas sim, em uma reflexão crítica sobre os nossos hábitos de consumo, tema esse que não é absolutamente popular nas escolas ou na sociedade em geral. Por quê?
Viver uma vida mais simples parece sempre um receita apropriada para os outros e não para nós mesmos . Afinal de contas, se o nosso salário não serve para nos prover uma vida cada vez mais confortável, apoiada nos novos inventos eletrônicos, alimentos industrializados , móveis especialmente projetados e roupas que estejam de acordo com a imagem que queremos vender, para que servirá todo o nosso esforço? Não será mais confortável acalmar as nossas consciências consumistas participando de um programa de reciclagem, mesmo que temporário e fictício, do que atacar e modificar nossos arraigados hábitos de consumo irresponsável?
Educadores Adventistas e a Sociedade de Consumo
Como educadores adventistas temos orientações bastante consistentes sobre esse tema. Desde o Gênesis, verificamos que o domínio do homem sobre a natureza, conferido pelo próprio Deus , trouxe consigo a responsabilidade do cultivo e guarda de toda essa riqueza (Gen. 2: 15). O rompimento da íntima relação do homem com o seu Criador não alterou as nossas responsabilidades, embora tivessem mudado, de modo terrível, os resultados de nossa relação com a natureza (Rom. 8: 19-22) . Se o plano da redenção restaura a imagem de Deus na humanidade caída , esta restauração não deveria manifestar-se também em nossa relação com a natureza e os cada vez mais limitados recursos naturais de que aqui dispomos ?2 O Senhor mesmo nos adverte quanto ao juízo que aguarda os inconseqüentes destruidores da terra ( Ap. 11:18 ).
Também Ellen White nos relembra de que os bens que manuseamos não são nossos e que perder de vista esse fato certamente nos trará más conseqüências .3 De modo mais específico ela continua : " Todo o estudante precisa compreender a relação entre a maneira simples de viver e a norma elevada no pensar. " 4
É fundamental que nós educadores compreendamos que a grave crise ambiental por que passamos está fundamentada em nosso estilo de vida , onde uma pequena parcela da humanidade ( incluindo a nós mesmos ) consome uma quantidade excessiva de recursos naturais produzindo desperdício , artigos inúteis e mesmo nefastos à qualidade de vida.5 Um programa de Educação Ambiental consistente deve ter por objetivo alcançar um novo estilo de vida , mais coerente com o momento que vivemos.
De modo semelhante, a Conferencia Geral do Adventistas do 70 Dia declara que a Igreja como grupo, advoga a adoção de um estilo de vida simples e saudável e estimula os seus membros a não participarem da espiral de consumismo desenfreado, resultando no acúmulo de bens, produtos e produção de lixo .6
É claro que a reciclagem enquanto atividade em Educação Ambiental tem o seu lugar e valor e estará sempre presente nos currículos escolares. Deve , entretanto se fazer preceder por um sério programa de reavaliação dos nossos comportamentos de consumo, de maneira que a comunidade envolvida, professores e alunos, parentes e amigos, percebam cada vez mais claramente o impacto de cada uma das suas escolhas individuais.
Refletindo sobre os nossos hábitos de consumo: atividades práticas
Um projeto de sensibilização e conscientização sobre o impacto de nosso comportamento de consumo pode partir de duas perguntas básicas:
Fatores como o custo dos produtos escolhidos , se são ou não biodegradáveis, recicláveis ou reciclados, a maneira como são embalados, se podem ser considerados necessários ou supérfluos, devem ser discutidos por todo o grupo , incluindo o professor.
Alunos dos últimos anos da escola fundamental ou do ensino médio podem elaborar o gráfico do Eco-Consumidor no qual a ordenada mostra a freqüência com que um determinado produto é utilizado e a abscissa contém a lista dos itens consumidos. Para um melhor efeito visual pode-se agrupar os produtos ambientalmente amigáveis do lado direito do gráfico e os ambientalmente agressivos do lado esquerdo , como ilustra a figura abaixo.
Gráfico do Eco - Consumidor
D- o produto é usado diariamente
Freqüência de consumo F- o produto é usado freqüentemente
R- o produto é usado raramente
D
( produtos ambientalmente (produtos ambientalmente amigáveis)
agressivos) F
R
1 2 3 4 5 6 7 8 9 Tipos de produtos consumidos
O gráfico do Eco-Consumidor deve ser elaborado individualmente, um gráfico para os diferentes tipos de alimentos, outro gráfico para roupas e outros itens de vestuário, um terceiro gráfico para os vários produtos de limpeza e assim por diante. Então, por exemplo , o gráfico referente a tipos de alimentos poderia incluir categorias como:
A análise dos gráficos deve ser seguida por propostas concretas para mudanças de comportamento de consumo, com escolhas ambientalmente mais amigáveis. Essa discussão pode seguir o roteiro sugestivo que se segue:
O professor pode participar dessa atividade em pé de igualdade com os seus alunos, discutindo com eles algumas de suas escolhas ou mudanças que pretende realizar. Com certeza o Espírito Santo estará ao nosso lado , nos inspirando e nos dando poder para alcançar mudanças em nosso valores como consumidores, e em nossos estilos de vida.
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Crise Ecológica Moderna :Uma revisão
sobre paradigmas em Educação Ambiental
(ECOLOGICAL CRYSIS: A REVIEW OF ENVIRONMENTAL EDUCATION PARADIGMS)
EVA PEREIRA NASCIMENTO
Doutora em Biologia, Docente do Centro Universitário Adventista de São Paulo
RESUMO
A grave crise ecológica que vivemos tem sido identificada com uma crise de valores da sociedade atual, cujas raízes estão associadas à ética antropocêntrica e utilitarista desenvolvida a partir do Humanismo. A Revolução Industrial e a estruturação do sistema capitalista do século XX intensificou o processo de alienação do ser humano em relação à natureza. Tal processo ainda se reflete nas interações entre sociedade, escola e ambiente. A Educação Ambiental nasceu, no início da década de 70, com o objetivo de inserir nos processos educativos temas que discutam e promovam a melhoria do ambiente e da qualidade de vida. Com base nessa finalidade, muitos dos programas de Educação Ambiental tem sido fundamentados em propostas catastrofistas, holistas ou arcaístas. A compreensão histórica da relação ser humano/natureza pode melhorar o entendimento do inter-relacionamento entre práticas culturais e ambiente, produzindo narrativas biorregionais, as quais certamente tornar-se-ão instrumentos fundamentais no desenvolvimento de relações sócio-ambientais mais pacíficas.
ABSTRACT
The ecological crysis has been identified as a value crysis of modern society . The roots of this crysis are associated to the anthropocentic ethics developed with emphasis since Humanism. Industrial Revolution and the twentieth century capitalism structure intensified the alienation process between human beings and nature. This process is still reflected in relations between society, school and enviroment. The aim of Environmental Education is to bring to educational process specific issues to discuss and promote environment and life quality improvment. In order to achieve this aim, many Environmental Education programs have been based on catastrophic , holistic or other kind of paradigms. Historic comprehension on human beings/nature relations can improve the understanding about the cultural practices and environment relations. This process will produce bioregional narratives, that can be used as important tools for transforming socio-enviornmental relations.
Ética e Crise Ambiental
A degradação ambiental está historicamente relacionada à ética antropocêntrica, que rege o nosso próprio conceito de modernidade. De acordo com esse sistema de valores, o Homem seria o centro de todas as coisas, a razão pela qual o mundo existe (VERNIER, 1992, p.7). A influência desse código de valores tomou um grande impulso a partir do humanismo. A transição entre o mundo medieval e o moderno se fez com o surgimento de uma nova ordem de idéias, incluindo o desenvolvimento da ciência, que trouxe transformações radicais à idéia aristotélica de natureza animada, colorida, cheia de sons, cheiros e qualidades. No novo paradigma mecanicista, a natureza passa a ser comparada a um relógio, funcionando mecanicamente e de modo matematicamente descritível. Elegendo a dúvida como método de raciocínio, Descartes (1596 – 1650) propõe a razão como a ferramenta ideal para que o ser humano pudesse estabelecer suas verdades irrefutáveis. De posse da razão, o homem transforma a natureza em seu objeto de estudo. Separando-se dela, recebe, legitimado pelo racionalismo cartesiano, o poder de dominá-la, sujeitá-la e utilizá-la como nunca dantes. É na base desse dualismo homem/natureza que encontramos a gênese filosófica da crise ecológica moderna. A distinção entre sujeito (homem) e objeto (natureza), que legitimou todo o procedimento metodológico das ciências naturais, causou também o distanciamento entre esse sujeito e seu objeto. O cartesianismo adicionado a uma equivocada visão do cristianismo, conjugaram-se para lançar as bases de uma ética onde os homens seriam os senhores e possuidores da natureza. Sobre essa ética se edificaria toda a educação moderna. O individualismo renascentista se faria acompanhar pelo pragmatismo, fundamentado numa ética utilitarista, onde a natureza é considerada apenas quanto ao valor do seu uso (GRUN, 1996, p. 23-32) .
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, possibilitou a estruturação do sistema capitalista do século XX e abriu espaço para um novo mercado de consumo, intensificando o processo de separação do homem e seu ambiente. Durante esse período, o desenvolvimento das ciências anunciava uma natureza, que posava cada vez mais inócua, como uma fotografia (GRUN, 1996, p. 23-58).
Em 1863, Thomas Huxley revela-se preocupado com esse dualismo ao escrever sobre as interdependências entre os seres humanos e os demais seres vivos, em seu ensaio Evidências sobre o Lugar do Homem na Natureza. No ano seguinte, George P. Marsh apresentou um exame detalhado da ação do homem sobre os recursos naturais, chamando a atenção para o desequilíbrio ecológico como uma das causas do declínio de civilizações antigas e alertando as sociedade modernas sobre o mesmo perigo (DIAS, 1998, p.20).
Entretanto, durante muito tempo, teve-se o sentimento de que a natureza, com seu formidável poder depurador, seria capaz de digerir e neutralizar as agressões antrópicas, ao mesmo tempo que se esperava do desenvolvimento da ciência uma resposta para os problemas ambientais causados pelo progresso. O reducionismo, conseqüente do racionalismo cartesiano, e as incríveis quantidades de informações oriundas de cada especialidade científica, não aumentaram a consciência sobre o funcionamento integrado do planeta. Ao invés disso, deixavam entrever a impossibilidade da reunião de todas essas informações para o conhecimento dos interações do planeta com os sistemas culturais e econômicos da humanidade (VERNIER, 1992, p.7).
Temos verificado que a mera compilação de dados, quase nunca resolve problemas, pois a velocidade de surgimento de novos problemas tende a ser maior do que a velocidade com que equacionamos e resolvemos os problemas anteriores (LEVI, 1995, p.35) .
A emergência da crise ambiental como preocupação explícita no âmbito da educação foi precedida de um processo de "ecologização das sociedades ". Worster identifica o ano de 1945 como o marco simbólico do início desse processo. A explosão das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nakasaki trouxe ao homem a consciência da real possibilidade de destruição completa do planeta. Ironicamente a bomba plantava as primeiras sementes do ambientalismo contemporâneo (GRUN, 1996,p.15), impondo a idéia de limite às ações humanas sobre o ambiente ( TOURAINE, 1976).
O final da década de 60 fez-se acompanhar do surgimento de problemas sócio-ambientais gravemente ameaçadores à sobrevivência da vida na Terra. Vários dos problemas ambientais como a poluição do ar e a erosão dos solos começaram a transcender fronteiras nacionais, gerando preocupações regionais ou mesmo mundiais. Esses novos problemas não pareciam mais passíveis de solução por projetos educativos ou científicos isolados.
Questionamentos sobre os modelos de desenvolvimento global foram sistematizados, em 1968, por um relatório encomendado pelo Clube de Roma. Em 1972, o Clube publicou o relatório The Limits of Growth, denunciando que o crescente consumo mundial levaria a humanidade a um limite de crescimento e possivelmente a um colapso. Meses depois, realizava-se, na Suécia, a Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, reconhecendo a necessidade do desenvolvimento da Educação Ambiental como elemento crítico no combate à crise ambiental no mundo.
Mais de uma quarto de século já passou desde então, e podemos dizer que os temas relacionados ao meio ambiente já fazem parte da consciência pública. Já adquirimos consciência sobre a finitude e insuficiência dos recursos naturais para a alimentação das insuportáveis demandas e consumo da população humana. No entanto, sociedades ocidentais tem tolerado, ou mesmo incentivado, comportamentos de desinteresse consciente ou inconsciente, quanto à utilidade de se mudar o que quer que seja, a menos que estas mudanças garantam prazer e poder imediatos. Dentro dessa ética, os indivíduos só vivem e são responsáveis pelas suas próprias vidas . Ao mesmo tempo, uma imensa maioria simplesmente nem percebe o que acontece, mesmo sofrendo as conseqüências desse modelo feroz. Ficou evidente que nossa civilização é insustentável, se mantidos os nossos atuais sistemas de valores. Tal diagnóstico tornou-nos cientes de que ações ecologicamente responsáveis devem estar diretamente relacionadas a mudanças de valores. Essa mudança constitui, efetivamente, um problema de educação de complexa resolução (VIEIRA, 1995, p. 27).
É dentro desse contexto que surge a Educação Ambiental, como uma nova maneira de encarar o papel do ser humano no mundo, como uma nova proposta para o gerenciamento racional e criterioso deste binômio interdependente : economia/ambiente. A questão atual, entretanto , não está mais no fato de que a Educação Ambiental é indispensável, mas, no tipo de Educação Ambiental que será realmente capaz de estimular uma mudança de valores e comportamentos.
Vários autores como GRÜN (1996), LEVI (1995), CASCINO(1999) , entre outros, estabelecem que a principal tarefa da Educação Ambiental é promover o retorno dos valores que regem o agir humano em sua relação harmoniosa com a natureza, reprimidos pela fragmentação do conhecimento que caracteriza nossos sistemas culturais. CARVALHO ( 1998, p. 123) salienta que a educação ambiental seria diferente das demais educações por estar voltada para o meio ambiente e ser o produto da internalização da temática específica dos movimentos ecológicos pelos demais atores da sociedade civil, como a própria escola. Para SORRENTINO (1995, p. 17), o objetivo geral da educação ambiental seria o de contribuir para a conservação da biodiversidade, para a auto-realização individual e comunitária e para a autogestão política e econômica, através de processos educativos que promovam a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.
A Carta de Belgrado, de 1975, declara que a meta da Educação Ambiental é desenvolver um cidadão consciente do ambiente total, preocupado com os problemas associados a esse ambiente, e que tenha o conhecimento, atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente em busca de soluções para resolver os problemas atuais e prevenir os futuros. Que país não precisa de um cidadão como esse (SÃO PAULO, 1997) ? Mas como formá-lo ?
Educação, Escola e Meio ambiente
As relações entre educação, escola e meio ambiente tem repetido as relações historicamente manifestas entre sociedade, ciência e o ambiente global. Até algumas décadas atrás, o ensino de ciências era predominantemente fundamentado pela uma ética antropocêntrica, utilizando e conceituando o ambiente unicamente como fonte de recursos naturais disponíveis para o homem. Vem daí expressões tais como "animais nocivos", "plantas úteis", "águas necessárias à população ", "importância do solo para o homem" e outros antropocentrismos ( WORTMANN et al., 1987). No Brasil, se poderia ouvir o professor solicitando que os alunos decorassem os nomes dos afluentes do Rio Amazonas, enfatizando a importância daqueles cujos entornos são fontes de maiores riquezas para o homem, pela presença de minérios, madeira , e demais produtos da região. Na outra face do mesmo racionalismo cartesiano, muitos professores de ciências naturais insistem em associar o conceito de natureza aos ecossistemas naturais intocados, impondo um viés naturalista ao currículo escolar. Esse viés evita a observação e análise dos fatores de transformação ou de degradação, gerados pelo progresso. As visitas escolares são direcionadas a ambientes como florestas, matas, costões rochosos , enquanto que os ambientes em transformação, muito mias próximos da realidade do aluno, são flagrantemente ignorados. Ao trabalhar com a geografia física, por exemplo, o professor abordaria o relevo, o clima, a vegetação, e a hidrografia como partes do mundo natural, chegando até a identificar ecossistemas ou biomas , desde que totalmente desvinculados das relações sociais. O relevo transformado pelo homem, os canais urbanos , os parques e áreas verdes da cidade, os lençóis freáticos contaminados, os esgotos a céu aberto das favelas , o próprio processo de especulação imobiliária, a favelização, nem de longe seriam abordados( SANSOLO e MAZOCHI, 1995, p. 156). Ao visitar um terreno baldio, um professor de ciências do ensino fundamental fixaria a sua atenção sobre as plantas e animais que habitam esse local, podendo até trabalhar o conceito de cadeia alimentar, desde que o terreno se mantivesse totalmente alheio ao restante do ambiente, do qual ele faz parte.
Atrelada aos recentes eventos mundiais sobre ecologia, ocorridos a partir da década de 70, veio a reestruturação do conceito de ambiente, evidenciando as relações recíprocas entre natureza e sociedade, enfatizando a dupla integração do homem com a natureza e a sociedade, mostrando como influenciamos e somos influenciados pelo ambiente. Tais avanços, em conjunto com a popularização dos temas ecológicos, têm gerado pressão sobre os autores de livros didáticos de modo que palavras como "ecologia" e "meio ambiente" começaram a aparecer com mais freqüência nos livros-textos, embora freqüentemente associadas explícita ou implicitamente aos padrões culturais reforçadores da ética antropocêntrica (BOWERS e FLINDERS, 1996, p.45). A própria fragmentação do ensino universitário de ciências torna muito difícil a transposição dos conceitos de reciprocidade homem-natureza aos livros didáticos e às atividades propostas como sendo de Educação Ambiental.
Tratando das estruturas conceituais dos currículos, cujas bases são, em sua maioria, cartesianistas, GRUN ( 1996, p.44) refere-se à existência de um observador, que vê a natureza como quem olha para uma fotografia. Desse modo, o sujeito autônomo, educador ou educando, está fora de qualquer tipo de meio ambiente, e portanto não é responsável por ele, ou, de modo paradoxal, pode se apossar completamente dele para usufruí-lo, gastá-lo, do modo que melhor lhe convier. Assim, podemos verificar que a mesma cisão cartesiana entre natureza e cultura que está nas bases da educação moderna, também constitui-se num dos principais entraves para a promoção de uma Educação Ambiental realmente profícua, originando uma situação que o mesmo autor denomina de pedagogia redundante. Segundo esse conceito, o discurso para preservação da natureza incluiria, imperceptivelmente, os mesmos elementos responsáveis pela sua degradação, assim como a autonomia da razão, objetificação da natureza, ética utilitarista e antropocêntrica, cisão entre natureza e cultura, etc. tornando impossível qualquer mudança eficaz ( GRUN, 1996, p. 55 e 56).
Tais dificuldades, presentes em todos os níveis de educação têm interferido na qualidade dos programas e atividades de Educação Ambiental realizados pelas escolas, assim como na efetividade dos resultados obtidos. Portanto, embora seja fato que as demandas e ações de Educação Ambiental venham aumentando nas escolas, também é real a necessidade de revisarmos os nossos valores, conceitos e estratégias no planejamento de atividades nessa área, de modo que os resultados obtidos possam ser medidos em termos de mudanças de atitudes e comportamentos.
As preocupações da sociedade civil têm sido traduzidas em um forte consenso de que alguma coisa precisa ser urgentemente feita para interferir nos processos de degradação ambiental . A educação ( ambiental) deveria, então, responder a esse quadro de perplexidade educando os cidadãos para valorizar a integridade ambiental. Mas parece que não é isso o que está acontecendo, ou pelo menos, não acontece na velocidade necessária para evitar outras catástrofes.
Educação Ambiental e Catastrofismo
É justamente na análise ou projeção das catástrofes que vemos embasados um grande número de programas de Educação Ambiental, inseridos em uma tendência, a qual podemos denominar catastrofista.
Cientistas e educadores têm utilizado os estudos ecológicos e suas projeções catastróficas como motivação para a geração ou o aperfeiçoamento de uma consciência e comportamentos ambientalmente amigáveis. Analisando a conjuntura socio-política na qual se insere o movimento ambientalista ALPHANDERY, BITOUN E DUPONT (1992, p. 15) caracterizaram o medo como uma das expressões mais manifestas da ecologia , no final do segundo milênio. Utilizando o sofisticado aparato científico atualmente disponível, é possível descrever um quadro assustador sobre as possibilidades do futuro do homem na Terra. Educadores ambientais, como ORR (1992) e CAPRA (1993), têm defendido que qualquer mudança de atitudes dos estudantes em relação ao meio ambiente estaria condicionada ao conhecimento da situação real desse ambiente. De modo paradoxal, esse mesmo tipo de discurso tem alimentado uma forma de pensar sobre os problemas ambientais que LASCH (1986) denominou como sobrevivencialismo, caracterizado pela ênfase na questão da sobrevivência, não da espécie humana ou do planeta, mas do indivíduo. O apelo à catástrofe, claramente expresso em títulos de livros como "Earth at a crossroads" (HARTMUT,1998) ou "Avant que nature meure" (DORST,1971) , acaba produzindo um pessimismo cínico que pode ser sintetizado do modo proposto por GRUN (1996, p. 88) a seguir:
Essa é uma atitude que pode ser facilmente identificável nos estudantes das grandes metrópoles brasileiras, inseridos em ambientes bastante degradados e submetidos ao clamor catastrofista da mídia.
ORLANDI ( 1996, p. 40) alerta que não se educa com ameaças e que o investimento antecipado no perigo, como acontece no caso do discurso de educação ambiental catastrofista, não é pedagogicamente eficaz. A catástrofe produziria uma argumentação dividida entre dois tipos de argumentos:
Educação Ambiental e Holismo
Por outro lado, o mesmo medo produzido pelo catastrofismo tem guiado muitos educadores ambientais de encontro ao que tem sido denominado como o novo paradigma para a Educação Ambiental, o holismo. Sendo o modelo cartesiano de interpretação da realidade, reducionista, fragmentário, sem vida e mecânico, a nova norma apresenta-se complexa, holística, viva e orgânica (GRUN,1996, p. 63). É o nascimento do holismo como palavra de ordem da maior parte dos discursos sobre Educação Ambiental, intuitivamente usado como uma oposição ao fragmentalismo cartesiano. Esse conceito foi historicamente resgatado dos gregos, para os quais a natureza continha uma consciência garantidora da ordem e a regularidade do universo. Os seres humanos sentiam-se interconcectados a uma inteligência e ordem cósmicas. Foi inevitável portanto, que o misticismo tenha se imiscuído na esteira das novas idéias holistas.
Partindo do pressuposto de uma natureza divinizada, muitos programas de Educação Ambiental estão embasados em conceitos panteístas e práticas místicas, com o objetivo de facilitar o encontro do indivíduo com a divindade presente na natureza e nele próprio.
Uma outra característica dos programas de Educação Ambiental fundamentadas em ideais holistas é a nostalgia pelo passado, como uma resposta à dicotomia Homem/Natureza proposta pelo cartesianismo (GRUN, 1996, p. 71). É esse, muitas vezes, o contexto dos programas que propõem um contato direto, ou melhor um retorno à natureza. Ao sacralizar a natureza (lembremo-nos, por exemplo, do termo santuário ecológico), e glamorizar as ecologias, mitologias e cosmologias de povos primitivos, tais propostas continuam inseridas dentro de um paradigma dualista, onde, desta vez, o homem assume uma posição de subserviência à Natureza (GRUN, 1996, p.72 e 74). BREDARIOL (1998, p. 71) associa essa linha de pensamento à ecologia profunda, uma vertente ecologista que aparece a partir da década de 60, segundo a qual a vida, em qualquer das suas formas, tem valores intrínsecos independentes do utilitarismo, o que levaria a uma quase adoração do mundo natural.
Filmes dirigidos ao público infantil assim como, Tarzan e Pocahontas, têm participado da deificação da natureza ou de culturas primitivas, trazendo como moral da estória a comparação entre a cultura ocidental, cheia de vícios e maus interesses, e as culturas primitivas, boas e ecologicamente corretas.
Educação Ambiental e Arcaísmo
A valorização dos povos e culturas tradicionais ( DIEGUES, 1994, p. 12), algumas vezes denominados primitivos, tem sido canalizado numa tendência dos programas de Educação Ambiental, segundo a qual, somente uma volta aos valores e práticas características dessas etnias, pode trazer de volta a harmonia entre sociedade e natureza, tendência que GRUN (1996) identifica como arcaísmo.
DIEGUES (1994, p.11) identifica no século XIX as raízes do pensamento naturalista de proteção a natureza, segundo o qual seria preciso criar ilhas de natureza selvagem, afastadas da sociedade moderna, através dos quais realizar-se-ia a reprodução do mito do paraíso perdido, lugar e modo de vida desejado pelo homem depois de sua expulsão do Éden.
Entretanto, como a volta ao passado é fisicamente e politicamente impossível, tais propostas têm a virtude da manutenção do satus quo, ou seja, nenhum comportamento realmente importante é modificado. Têm, ainda, a virtude de gerar um desejo de desacoplamento aos problemas presentes, de modo que se prefira abandonar, deixar para trás a nossa desagradável condição presente. Esse desacoplamento poderia se tornar realidade, tanto através de um retorno ao modo de vida primitivo, quanto através das viagens e colonizações espaciais (GRUN, 1996, p.92), com a vantagem de deixar para trás o nosso momento histórico-social , acompanhado dos graves e insolúveis problemas, como a miséria, a fome, epidemias, concentração de renda, super-utilização dos recursos naturais, etc.. Ainda mais, a solução dos problemas ambientais passa a conviver na mesma esfera que muitos dos mitos culturais: desejável mas impossível.
História e Educação Ambiental
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, sugerem que a Educação Ambiental deve remeter o aluno à reflexão sobre os problemas que afetem a sua vida, a de sua comunidade, a de seu país e a do planeta. Essa reflexão deveria proporcionar oportunidades para que o aluno possa rever valores e mudar comportamentos referentes à sua realidade local e global. Apesar de tais orientações, as práticas em Educação Ambiental , fundamentadas no catastrofismo, holismo, ou arcaísmo, não tem produzido resultados eficientes, em termos de mudança de atitude.
Embora a Educação Ambiental seja proposta, pelos Parâmetros Curriculares Nacionais como tema transversal, é mais comum que, dentro de sala de aula, apareça travestida como unidade de estudo da disciplina de ciências, ou mais especificamente, biologia. Por sua ligação com a ecologia, o trabalho em Educação Ambiental acaba sendo confundido com conteúdos de ecologia, que, como ciência que é, propõe conhecimento científico, mas não discute valores e seus impactos sobre atitudes e comportamentos. Qualquer outra abordagem interdisciplinar acaba, na maioria das vezes, ocorrendo de modo superficial ou mesmo forçado. Privilegiam-se, então, os eventos pontuais, como a comemoração do Dia da Árvore, ou da Semana do Meio Ambiente, uma gincana de coleta de material de reciclagem, ao invés de um trabalho de planejamento, de modo que os temas de Educação Ambiental permeiem todo o currículo escolar.
Grun( 1996, p. 107 e108) sugere que uma compreensão histórica pode melhorar o entendimento do inter-relacionamento entre práticas culturais e ambiente. O estudo de diferentes aspectos do desenvolvimento cultural como arte, política, religião, tecnologia e práticas econômicas, influenciadas que foram pelas características dos ecossistemas locais aos quais estavam vinculados, poderiam produzir narrativas biorregionais, nas quais, o presente, incluindo o presente da crise ecológica, poderia ser reconhecido como um produto histórico-cultural.
Segundo o mesmo autor, a desistoricização das relações entre natureza e sociedade seria fruto da influência cartesiana-newtoniana sobre o currículo educacional, de modo que, mesmo no ensino de história, o ambiente e suas relações com a sociedade são completamente esquecidos. Assim, o ensino de história do Brasil, por exemplo, poderia ser quase uma aula de Educação Ambiental.
PÁDUA (1988) comenta que a história do Brasil, com os seus grandes ciclos – cana-de-açucar, ouro e diamantes, café, etc. oferece oportunidades incomensuráveis de explorar os aspectos éticos das relações entre natureza e sociedade.
Entretanto, esta é uma abordagem quase sempre desconhecida, não só pelos professores de história, mas pelos profissionais da educação, aí incluídos coordenadores pedagógicos, autores de livros didáticos, etc..
Talvez tenha chegado o momento, até por exclusão de outras abordagens, de construir um olhar do homem sobre o ambiente, como fruto de um processo histórico, na tentativa de que se possa edificar uma verdadeira consciência ecológica. Talvez seja necessário desestruturar o ensino de história, como fornecedor de uma linha temporal progressivista, onde o passado é sempre uma etapa vencida, na caminhada do conhecimento científico-tecnológico (GRUN,1996, p. 108). Sem propor uma volta ao passado, talvez esteja no estudo deste passado a chave para possibilitar a discussão sobre os valores que nos trouxeram até onde nos encontramos, abrindo espaço para a discussão de novas escolhas tão necessárias.
Essa proposta torna-se desafiadora, na medida em que questiona a formação dos educadores que trabalham em Educação Ambiental, assim como grande parte do trabalho desenvolvido nesta área. Sobre a pesquisa documental, associada aos vários períodos da história mundial e nacional, repousaria a responsabilidade de trazer à luz esse novo olhar do homem sobre as relações entre sociedade e ambiente, assim como novas propostas educacionais para o tratamento dos problemas ambientais. Sobre o educador (ambiental) repousaria a responsabilidade de construir novas narrativas históricas, locais, regionais, nacionais e globais, de modo que o estudante receba ferramentas para analisar a crise ecológica moderna como um fruto de uma história da qual não como fugir, mas cuja análise pode conter pistas, as respostas ou até mesmo soluções para os problemas tão graves que nos afligem.
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PENSANDO EM UMA NOVA FORMA DE VIVER:
A ÉTICA DA CONVIVÊNCIA SOLIDÁRIA
(Vanderlei Carbonara)
Vou convidar-lhe agora para fazermos um passeio imaginário por um cenário Histórico.
Imagine-se vivendo num feudo medieval, pode ser na França ou na Espanha, em
pleno século XII. Imagine-se trabalhando na terra, tendo como instrumentos
apenas uma enxada, uma pá, um arado e outros semelhantes. Seu veículo de
transporte mais evoluído é uma carroça puxada por cavalo ou bois. Em sua casa
não há energia elétrica e, portanto, nenhum aparelho eletrônico. À noite a
iluminação depende de um lampião que queima gordura animal. Neste contexto
você não possui nenhum artefato de plástico, isopor ou borracha. Até mesmo o
papel é algo praticamente inexistente, talvez passe toda sua vida sem saber o
que é esse produto. Próximo a sua casa corre um riacho de água cristalina,
onde também existe um bosque de árvores centenárias. Poluição é uma
palavra que não existe no seu vocabulário, pois os índices são tão baixos
que não há motivo para preocupação. Você nunca precisou se preocupar com
espécies em extinção ou na separação entre lixo orgânico e inorgânico.
Você convive com a natureza tranqüilamente, tirando dela o que precisa para
sua sobrevivência.
Vamos mudar o seu contexto: agora você é o senhor deste feudo, vivendo no luxo
do castelo. Luxo aqui significa não precisar trabalhar muito, ter jóias, uma
moradia maior que aquelas em que habitam seus súditos, tecidos nobres,
especiarias para temperar seus alimentos, fartura de carnes.
Agora lhe pergunto: quem vive melhor, o nobre feudal ou o trabalhador do nosso
tempo que possui emprego fixo e uma renda mensal que não ultrapassa mil reais?
Você trocaria seu estilo de vida atual para ser um camponês ou um nobre
naqueles moldes de vida?
Poucas pessoas do nosso tempo abririam mão da energia elétrica, dos aparelhos
eletrônicos, dos automóveis, dos sistemas avançados de comunicação e de
todas as tecnologias básicas às quais temos acesso; para viver num tempo mais
remoto, onde poderia ter um contato mais direto com a natureza.
No século XII cortar árvores, promover queimadas, jogar lixo na beira do
riacho ou caçar animais silvestres não eram considerados atos criminosos, pois
não representavam uma ameaça ao meio ambiente. Em nosso tempo precisamos
pensar diferente. Precisamos perceber que o nosso meio ambiente está
deteriorado e precisa de cuidados para que possa sobreviver. E, da sobrevivência
do meio ambiente depende a nossa sobrevivência.
Portanto, se queremos continuar utilizando as tecnologias do nosso tempo, temos
que fazer isso de forma racional, num modelo de sociedade sustentável. O grande
problema é que muitos seres humanos continuam vendo a natureza como algo
indestrutível, como na Idade Média, extraindo tudo dela, sem cuidado. A cada
tempo temos que ter uma atitude coerente.
É urgente hoje tratarmos todas as nossas relações com o meio ambiente a
partir de novos princípios de valores: a Ética da Ecologia. Ou seja, uma ética
de convivência solidária numa sociedade sustentável. Não falo aqui de uma
simples preservação de plantas e animais ameaçados de extinção. Quero ir
mais longe. Venho tratar de uma postura de viver e conviver com cada ser do meio
ambiente. Uma atitude que seja de cuidado, não de aproveitamento. Não somos
seres que olham a natureza de fora, mas somos parte desta natureza, deste meio
ambiente. Cuidar do meio ambiente é cuidar de si próprio e das gerações
vindouras. Nosso planeta não nos pertence, somos nós que pertencemos a ele.
É preciso saber que a água que bebemos está tão mal cuidada, que em poucos
anos será um produto raro e caro. É preciso saber que os recursos medicinais
tem origem na flora e na fauna. Portanto, sempre que uma espécie é extinta,
com ela desaparece para sempre um importante recurso para a saúde. É preciso
saber que a camada de ozônio protege a Terra de raios nocivos do sol que
derretem geleiras, desertificam o solo e provocam doenças de pele. Portanto, não
podemos lançar gases poluentes na atmosfera. É preciso saber que seres vivos
geneticamente modificados provocam alterações no processo evolutivo natural,
sendo impossível prever uma possível epidemia mortal que disso possa surgir.
É preciso saber que o lixo indevidamente depositado provoca inúmeros danos ao
meio ambiente, tais como: poluição dos lençóis freáticos, aridez do solo,
acúmulo de resíduos não orgânicos por longo período, etc.
Mas não basta saber. É preciso ter consciência e compromisso. O cuidado com o
meio ambiente é um gesto de solidariedade. E isso não há lei que imponha a
alguém, a solidariedade é uma postura de vida que é adotada por seres maduros
e comprometidos com o próximo.
E você, como está vivendo? Busca preservar o meio ambiente para que a sobrevivência
do nosso planeta seja possível ser prosperada? Ou age como se ainda vivesse na
Idade Média? Não esqueça que da segunda opção está vinculado um modo de
vida feudal, para que haja coerência. Sugiro que se assuma uma postura ecológica
de se viver.
Sobretudo, nunca se esqueça: O SER HUMANO TAMBÉM É NATUREZA! O ser humano
também precisa ser cuidado. Sobretudo, o ser humano pobre, que é discriminado.
A nossa sociedade se baseia num modelo de desenvolvimento que não permite a
vida plena. Esse desenvolvimento mata a natureza e mata o pobre.
Portanto, ecologia, já não pode ser tratada como uma palavra separada da nossa
vida, como uma ciência à parte. Ecologia é uma compreensão ética da vida
humana na Terra. Todos nós precisamos ser ecológicos em nosso habitat.
Precisamos ser divulgadores dessas idéias.
http://www.carbonara.hpg.com.br/ciencia_e_educacao/5/index_int_5.html
GABRIELA FLORES
O meio ambiente, a ecologia e as questões relacionadas à qualidade de vida
cada vez mais fazem parte da pauta de discussões levantadas por diversos
setores da sociedade.
A formulação de uma política ambiental adequada às nossas necessidades está
sendo viabilizada por intermédio da união do Conselho Nacional de Educação e
o Conselho Nacional de Meio Ambiente. Dessa forma, essas duas entidades, que
cuidam e primam pela educação, cada uma em sua particularidade, poderão
objetivar trabalhos que venham a favorecer os cidadãos e enfatizar seus
direitos e deveres perante a natureza e o local que habitam.
A educação ambiental parte de um prisma muito mais abrangente do que se
imagina. Esse tema não trata as questões relacionadas ao meio ambiente como
certos atos de pessoas que chegam a acorrentar-se na porta de fábricas e indústrias.
Vai além dos “eco-chatos”. ela está mais próxima do que se pode pensar. Não
se limita a florestas, oceanos, rios, fauna e flora, mas principalmente ao
homem, ao lugar aonde mora, suas relações sociais e a qualidade de vida.
O homem é a conseqüência de seus atos. Para preservar e manter um lugar agradável
e em equilíbrio com a natureza, não são necessários grandes esforços.
Pequenos ajustes e comportamentos no dia-a-dia podem propiciar maior qualidade
de vida e um crescimento social equilibrado.
Em Alagoas, o Núcleo de Educação Ambiental (NEA) – e o Centro de Educação
(Cedu) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que é composto por
professores que trabalham com a questão ambiental nos diversos centros da
referida unidade de ensino, desenvolvem atividades com a produção e a
sistematização do conhecimento na área, construindo consciências nos grupos
acadêmicos e nas comunidades aonde aplicam seus conhecimentos.
Um dos projetos do NEA/Cedu/Ufal está sendo desenvolvido nas cidades alagoanas
de Xingó, Piranhas, Delmiro Gouveia, Olho D’Água do Casado e Canindé do São
Francisco (Sergipe).
Na etapa inicial foi realizada a capacitação de mais de 170 multiplicadores de
educação ambiental. Os voluntários organizaram grupos com as escolas e a
comunidade para detectar, por intermédio de oficinas pedagógicas, quais os
problemas e necessidades daqueles grupos sociais.
“Com as informações socioam-bientais, será elaborada uma cartilha que
servirá de base para dar continuidade aos trabalhos em outros municípios da
região”, comentou a Coordenadora do NEA/Cedu/Ufal, Alba Correia. Porém,
“apesar de as políticas atuais estarem pouco atentas às questões ambientais
e algumas instituições não estarem, ainda, fortalecidas, técnicos do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Companhia Hidrelétrica do São
Francisco (Chesf) acompanharam as equipes nos treinamentos, fortalecendo as
tarefas realizadas com as comunidades”, afirma Alba.
Para que essa nova forma de ver a comunidade dê bons frutos, “é preciso que
as instituições ambientais e educacionais andem juntas. Dessa maneira, é possível
buscar a participação consciente do cidadão, pois o meio ambiente é um bem
comum do povo e só com a consciência dessa verdade se poderá lutar por sua
preservação. Essa atitude é mais uma vertente da educação para a
cidadania”, ratifica.
A vivência de cada indivíduo faz dele um conhecedor da natureza em que está
situado e a educação ambiental entra como suporte para que sejam conservadas e
melhoradas as potencialidades e também resolvidas as carências e deficiências
de cada lugar. “Destacar esses problemas e buscar a solução é um desafio
muito grande, mas para a Ufal é uma extensão do trabalho junto à
comunidade”, diz a coordenadora.
A realidade da população cria novos paradigmas. O modelo de desenvolvimento
produz projetos materialistas e a natureza foi coisificada, ou seja, o
homem usou-a como objeto. Essa forma de explorar os bens naturais fez com que
hoje nos deparássemos com problemas como a falta de água, doenças que já
estavam erradicadas voltarem a causar males à população, o lixo invadir todos
os lugares, incluindo rios e mares, e outros males, que fizeram com que fôssemos
impedidos de usar esses bens. Por intermédio da educação ambiental é possível
criar uma sociedade com maior qualidade de vida e com os retornos que a relação
homem-natureza podem trazer de benefício para todos.
Para fortalecer esses conceitos de vida, o Ministério da Educação e Cultura
(MEC) tem temas transversais. Um deles é o Meio Ambiente. Esta nova forma de
produção de conhecimento traz novas concepções, onde está inserida a
sustentabilidade ambiental e o homem tem um papel importante e definitivo para o
sucesso da iniciativa.
Junto a instituições públicas e Organizações não-governamentais (ONGs),
está sendo formada a Comissão Interestadual e Institucional de Educação
Ambiental . Este é um esforço para juntar as forças e estender a função
interdisciplinar da Educação Ambiental.
Segundo Alba, “a conservação do meio ambiente depende da qualidade de vida.
Pessoas carentes devastam áreas por necessidade de sobrevivência. O desemprego
empurra os indivíduos para a depredação e essa mesma população tem consciência
das agressões que comete, mas também tem que viver. Países ricos e pobres
discutem a questão ambiental mas as políticas não condizem com o desejo de
preservação. Não é o verde pelo verde, mas é o ambiente como um todo.
Associações podem reivindicar mas o Estado está longe, por isso é preciso
fomentar as ONG’s e lideranças comunitárias para assim cobrar o papel dos líderes
diante das questões da cidadania e do bem viver”.
FUNDO DO MAR
O navio oceanográfico francês Thalassa encontra-se no Brasil realizando este mês
mais uma campanha de prospecção de recursos pesqueiros nas águas da Bahia,
Espírito Santo e Rio de Janeiro, dentro da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que
abrange desde as 12 milhas do mar territorial ao limite das 200 milhas. Até 10
de julho, 20 pesquisadores brasileiros, de diversas universidades federais e
estaduais e da Marinha, vão utilizar um dos mais modernos navios de pesquisa do
mundo, para realizar o arrasto de grandes profundidades, sondagens de áreas
potencialmente arrastáveis e o registro de parâmetros ambientais. A expedição
é coordenada pelo Subcomitê de Pesquisas da Região Central do Programa de
Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos da Zona Econômica
Exclusiva (Revizee), desenvolvido pela Comissão Interministerial para os
Recursos do Mar e sob a coordenação geral da Secretaria de Qualidade Ambiental
do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O trabalho vai permitir uma avaliação
exata do potencial sustentável dos recursos demersais (espécies que vivem no
fundo do mar), incluindo peixes e crustáceos. Entre os parâmetros ambientais
que as pesquisas vão definir estão os graus da temperatura e salinidade da
coluna d’água e do fundo.
LIMPEZA
O Instituto do Meio Ambiente (IMA), a Companhia Beneficiadora de Lixo (Cobel) e
diversas prefeituras estarão durante todo o mês de julho realizando um mutirão
para limpar cidades alagoanas. O Projeto Alagoas Limpa inicia seus trabalhos nas
cidades de Maceió, Maragogi, Marechal Deodoro, Paripueira, Barra de São Miguel
e Peba. Além de ensinar as comunidades a reciclar o lixo e fazer a seleção do
lixo seco e molhado, também serão realizados trabalhos de educação ambiental
para ampliar o conhecimento da população e mostrar a importância de se
preservar a natureza e o local onde se vive.
ESTUDO
A Coordenação Geral de Apoio às Escolas Indígenas do Ministério da Educação
deu início à distribuição de novas publicações recomendadas pelo Comitê
Nacional de Educação Escolar Indígena, no âmbito do programa de promoção e
divulgação de materiais didático-pedagógicos para aquelas escolas. Cada título
tem a tiragem de dois mil exemplares, que serão distribuídos aos núcleos de
Educação Indígena e parceiros do MEC, responsáveis pela elaboração do
material. Cerca de 1.500 escolas deverão receber os títulos.
ZEE
Em palestra durante o seminário que comemora os dez anos do Programa de
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) no Brasil, promovido pela Secretaria de
Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do MMA, o gerente do ZEE para o
Plano Plurianual (PPA), Luís Camargo, destacou a necessidade de revisão orçamentária
para atender o programa. “Precisamos rever também as metas propostas pelo ZEE,
além de uma atualização da metodologia adotada até aqui”, prosseguiu.
Camargo informou que, dos R$ 350 milhões previstos no orçamento do Plano
Plurianual (PPA) 2000-2003 para o Zoneamento Ecológico-Econômico apenas 0,36%
estão destinados ao MMA, responsável pela coordenação do Programa. Todo o
restante está distribuído ao Ministério da Integração Nacional e às suas
subsidiárias Sudene, Codevasf, Sudam e Dnocs.
SEMI-ÁRIDO
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou o Programa Cisternas Rurais, com a
meta de construir 1 milhão de cisternas no semi-árido nordestino. O objetivo
é reduzir os efeitos da escassez de água para consumo humano na região. O
ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, explicou que a idéia surgiu no
ano passado, durante a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU),
sobre Desertificação, realizada no Recife. Segundo ele, a idéia é engenhosa
e tem retorno social muito grande. “Essa é uma maneira simples e barata de
reduzir o problema crônico de falta de água no semi-árido”, afirmou. Na
primeira parte do programa serão desembolsados R$ 800 mil. O dinheiro será
utilizado na estruturação do programa e na instalação de cisternas em 500
residências. O programa será executado pela Secretaria de Recursos Hídricos
do MMA em parceria com o Unicef e a ONG Diaconia. Num período de cinco anos, o
programa deverá beneficiar 6 milhões de pessoas. A cisterna rural é uma
alternativa simples e eficaz de armazenamento de água potável, por meio da
recuperação de águas das chuvas, captadas a partir dos telhados das casas. A
técnica, de baixo custo, tem a vantagem de permitir o armazenamento da água em
seu local de uso, reduzindo perdas por transporte e contaminação por manejo
inadequado.
http://www.uol.com.br/gazeta-oam/anterior/2000/jul/09/col/turismo/turismo.htm
Por Gerhard Sardo *
Nas discussões em torno das questões ambientais
promovidas em todo mundo, no decorrer destes últimos vinte anos, o papel da
Comunicação, enquanto intermediária entre a ciência e a sociedade na divulgação
do conhecimento, vem-se colocando em papel de destaque.
Como parte da Comunicação, os meios de comunicação não têm
desempenhado papel adequado enquanto agentes de informação e educação na área
ambiental. Em alguns casos, resvalam para aspectos denuncistas, curiosos e
sensacionalistas da informação; em outros casos adotam uma forma de tratamento
com inteligibilidade e embasamento científico da informação. Esses fatores,
mesmo que conjugados, contribuem para que o público receba o esclarecimento
devido quanto às questões ambientais: assim eles acabam influindo de forma
positiva no processo de tomada de decisão.
Não pretendo superestimar o papel dos meios de comunicação na
compreensão dos problemas ambientais, uma vez que outras fontes concorrem também
para a percepção destes problemas.
Ocorre, no entanto, que, em sociedades bombardeadas pela informação, não
se pode minimizar o papel dos meios enquanto veículo de opinião.
É justamente sobre a importância da função, não só informativa mas
também e sobretudo educativa dos meios de comunicação em relação à questão
ambiental que repousa o referencial teórico em questão.
A comunicação viabiliza e expressa diferentes níveis de troca simbólica,
do interpessoal ao social, dentro de determinado universo cultural.
Grande parte das trocas e intercâmbios ocorre a partir da inserção dos
indivíduos em instituições e espaços diferentes da vida cotidiana. Os meios
de comunicação representam apenas uma parcela desse amplo complexo de interações.
Sob a perspectiva cultural, os meios de comunicação sofreram uma revisão
quanto a sua atuação nas diferentes sociedades. Acreditava-se que os meios
eram instrumentos de manipulação de massas, que recebiam, de forma passiva e
unívoca, mensagens veiculadas por um poderoso pólo emissor.
Embora o domínio da técnica e de conhecimentos garanta o poder das
emissoras no mundo da comunicação, leituras diferenciadas oriundas do meio
cultural indicam predomínio parcial dos veículos de comunicação sobre o público.
No que concerne à comunicação, os meios representam apenas uma parcela
de todo o processo; não se pode, contudo, minimizar o seu papel enquanto veículo
formadores de opinião em sociedades bombardeadas pela informação.
As constantes transformações que vêm ocorrendo no mundo acarretam uma
grande demanda de informação, principalmente a científica, para
esclarecimento dos fatos.
Na área de meio ambiente a informação ganha relevância quando se
discute hoje a insustentabilidade dos modos de produção existentes e o estilo
de vida consumista.
O jornalismo ecológico entra nesse processo como intermediário entre
autoridades ,cientistas, ambientalistas e
público, divulgando fatos políticos, científicos e tecnológicos através dos
meios de comunicação.
O jornalismo ecológico, ligado a ciência da natureza abrange diversos
tipos de audiência. A mais corrente é o público em geral, formado por pessoas
de todas as idades e profissões, que recebem informações sem um efeito mais
prático. O outro tipo de audiência é mais restrito, de nível cultural mais
elevado, que busca a informação em função de determinados objetivos como
cultura geral, complementação do ensino ou defesa do meio ambiente, dando uma
finalidade mais ativa à informação.
De maneira geral, o jornalismo ecológico não tem sido concebido para
atender a um tipo de expectativa ativa e assim contribuir de fato para a educação,
a conscientização ou aprimoramento de certos grupos sociais.
A função educativa do jornalismo ecológico tem merecido atenção de
estudiosos e profissionais da área de comunicação.
O jornalismo ecológico é mais que a mera divulgação de fatos e
informações de natureza ambiental, científica e tecnológica. Ele tem a função
que não se esgota com a informação ao público, mas que continua com a
importante atividade de contribuir com seu pensamento para a formação da opinião
pública.
A função jornalística em geral contém sempre um componente educativo
importante ao mostrar feitos e opiniões através da imprensa, que podem servir
de fundamento para idéias e condutas positivas ou negativas da coletividade.
Desde a década de sessenta o
jornalismo ecológico desempenha função importante na área de educação, num
país como o Brasil, cujo ensino de ciências ambientais é precário.
Ele passa a ser uma fonte pela qual os cidadãos passam a ter acesso a
informação sobre meio ambiente, ciência e tecnologia.
Pontos falhos no jornalismo , como: a omissão de informações, a
necessidade de um jornalismo mais investigativo, a supercicialidade (ou
pseudo-ecologismo) das abordagens e a falta de critérios na escolha de fontes
indicam a necessidade de especialização.
No relatório ambiental preparado pelo governo brasileiro para Eco-92
tudo foi exaustivamente relatado, quem brigou com quem, por que, onde etc, menos
o teor do relatório em sí, que não mereceu sequer um resumo.
A falta de preparo do profissional da área de jornalismo ecológico
leva, às vezes, a reprodução do conhecimento produzido em universidades,
centros de pesquisa, ou assessorias de imprensa sem questionamentos maiores.
O saber ambiental não é neutro e ele pode estar a serviço de interesse
que não sejam o da coletividade. Tudo isso exige responsabilidade social.
A devastação do meio ambiente exige posicionamento por parte dos
ecologistas, autocrítica de seu trabalho e da forma de engajamento no processo
de discussão. Isso precisa ser considerando também pelos jornalistas.
Nesse aspecto, também, parte significativa da discussão científica e
tecnológica produzida é originária dos países mais desenvolvidos, que a
colocam a serviço de seus interesses.
Mesmo diante de todas essas dificuldades, o jornalismo ecológico deve
ser reorientado dentro da perspectiva da avaliação social das descobertas
científicas e suas aplicações tecnológicas.
Na área do meio ambiente, o desenvolvimento de movimentos ecológicos
criou um campo vasto de exploração jornalística que pode ser aproveitado.
Atualmente existem duas opções para o jornalismo ecológico: a “crítica”
e a “ecológica”. Na opção crítica, o objetivo seria a conscientização
do público a respeito das implicações positivas ou negativas de determinadas
técnicas ou políticas tecno-científicas. Na opção ecológica, seria
privilegiada a crítica de aspectos relacionados com a preservação do meio
ambiente, qualidade de vida etc.
As opções “crítica” e “ecológica” não implicam recusa do
desenvolvimento técnico-científico, mas sim, uma discussão em torno da
orientação e utilização da ciência e da tecnologia em função de uma
avaliação mais complexa de seus possíveis efeitos a curto ou a longo prazo
sobre a sociedade e os indivíduos.
Assim, no momento em que se busca o estreitamento da relação entre o homem e o seu meio ambiente, no caso a cidade, a fim de se começar a resolver os grandes problemas ambientais globais, a discussão de aspectos relacionados à qualidade de vida sob enfoque social é uma opção pertinente ao jornalismo ambiental ou ecológico.
* Gerhard Sardo é jornalista/ambientalista
E-mail:gerhard.sardo@uol.com.br
A Alma dos Diferentes
Artur da Távola
".. Ah, o diferente, esse ser especial!
Diferente não é quem pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não
foi imitado, nunca um ser diferente.Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora,
momento e lugar errados para os outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não agüentar, caso um dia venham, a ser. O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos
sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas. Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os
entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro. Diferente que se preza entende o porque de quem o agride. Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando
algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual: a inveja do comum; o ódio do mediano. O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos
dadas, e até mesmo alguns adultos por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura. O que é percepção aguçada em : "Puxa, fulano, como você é complicado". O que é o embrião de um estilo próprio em : "Você não está vendo como todo mundo faz? "O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba
incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram ( e se transformam) nos seus grandes modificadores.Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo
dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam.Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre
sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que
ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele sabe importantes. Engorda onde não deve. Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas. Não desiste de lutar pela harmonia. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar. Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados,
magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas
deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir entender.Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são
capazes.Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja
suficientemente forte para suporta-lo depois."iscurso de Severn Suzuki na ECO 92 - Rio de Janeiro
Olá, eu sou Severn Suzuki
Represento aqui na ECO, a Organização das Crianças em Defesa do Meio
Ambiente. Somos um grupo de crianças canadenses, de 12 e 13 anos, tentando fazer a nossa parte, contribuir. Vanessa Sultie, Morgan Geisler, Michelle Quigg e eu. Foi através de muito empenho e dedicação que conseguimos o dinheiro necessário para virmos de tão longe, para dizer a vocês adultos que, têm que mudar o seu modo de agir.Ao vir aqui hoje, não preciso disfarçar meu objetivo, estou lutando
pelo meu futuro. Não ter garantia quanto ao meu futuro não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores.Estou aqui para falar em nome das gerações que estão pôr vir.
Eu estou aqui para defender as crianças que passam fome pelo mundo e
cujos apelos não são ouvidos.Estou aqui para falar em nome das incontáveis espécies de animais que
estão morrendo em todo o Planeta, porque já não têm mais aonde ir.Não podemos mais permanecer ignorados.
Eu tenho medo de tomar sol, pôr causa dos buracos na camada de ozônio.
Eu tenho medo de respirar este Ar, porque não sei que substâncias
químicas o estão contaminando.Eu costumava pescar em Vancouver, com meu pai, até que recentemente
pescamos um peixe com câncer...e agora temos o conhecimento que animais e plantas estão sendo destruídos e extintos dia após dia...Eu sempre sonhei em ver grandes manadas de animais selvagens, selvas
e florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas e hoje eu me pergunto se meus filhos vão poder ver tudo isso...Vocês se preocuvam com essas coisas quando tinham a minha idade???
Tudo isso acontece bem diante dos nossos olhos e mesmo assim
continuamos agindo como se tivessemos todo o tempo do mundo e todas as soluções.Sou apenas uma criança e não tenho todas as soluções, mas quero que
saibam, que vocês também não tem...
Vocês não sabem como reparar os buracos na camada de ozônio...
Vocês não sabem como salvar os peixes das águas poluídas...
Vocês não podem ressuscitar os animais extintos...
E vocês não podem recuperar as florestas que um dia existiram
e onde hoje é um deserto...
SE VOCÊS NÃO PODEM RECUPERAR NADA DISSO,
PÔR FAVOR PAREM DE DESTRUIR !!!
Aqui vocês são os representantes de seus governos, homens de
negócios, administradores, jornalistas ou políticos, mas na verdade vocês são mães e pais, irmãos e irmãs, tias e tios e todos também são filhos...Sou apenas uma criança, mas sei que todos nós pertencemos a uma
sólida família de 5 bilhões de pessoas (1.992) e ao todo somos 30 milhões de espécies compartilhando o mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo. Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar esta realidade.Sou apenas uma criança, mas sei que esses problemas atinge a todos
nós e deveríamos agir como se fôssemos um único mundo rumo a um único objetivo. Eu estou com raiva, eu não estou cega, e eu não tenho medo de dizer ao mundo como me sinto.No meu país geramos tanto desperdício, compramos e jogamos fora,
compramos e jogamos fora, compramos e jogamos fora e nós, países do norte, não compartilhamos com os que precisam, mesmo quando temos mais que o suficiente, temos medo de perder nossas riquezas, medo de compartilhá-las.No Canadá temos uma vida privilegiada, com fartura de alimentos, água
e moradia. Temos relógios, bicicletas, computadores e aparelhos de TV.Há dois dias, aqui no Brasil, ficamos chocados quando estivemos com
crianças que moram nas ruas. Ouçam o que uma delas nos contou:
"Eu gostaria de ser rica, e se fosse, daria a todas as crianças de
rua alimentos, roupas, remédios, moradia, amor e carinho...".
Se uma criança de rua que não tem nada, ainda deseja compartilhar,
pôr que nós, que temos tudo, somos ainda tão mesquinhos???Não posso deixar de pensar que essas crianças têm a minha idade e que
o lugar onde nascemos faz uma grande diferença. Eu poderia ser uma daquelas crianças que vivem nas favelas do Rio, eu poderia ser uma criança faminta da Somália ou uma vítima da guerra no Oriente Médio ou ainda uma mendiga na Índia...Sou apenas uma criança mas ainda assim sei que se todo o dinheiro
gasto nas guerras fosse utilizado para acabar com a pobreza, para achar soluções para os problemas ambientais, que lugar maravilhoso que a Terra seria.Na escola, desde o jardim da infância, vocês nos ensinaram a sermos
bem comportados. Vocês nos ensinaram a não brigar com as outras crianças, resolver as coisas da melhor maneira, respeitar os outros, arrumar nossas bagunças, não maltratar outras criaturas, dividir e não sermos mesquinhos...
ENTÃO PÔR QUE VOCÊS FAZEM JUSTAMENTE
O QUE NOS ENSINARAM A NÃO FAZER???
Não esqueçam o motivo de estarem assistindo a estas conferências e
para quem vocês estão fazendo isso.Nos vejam como seus próprios filhos, vocês estão decidindo em que
tipo de mundo nós iremos crescer.Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos dizendo-lhes "Tudo
vai ficar bem, estamos fazendo o melhor que podemos, não é o fim do mundo...", mas não acredito que possam nos dizer isso. Nós estamos em suas listas de prioridades ???Meu pai sempre diz :
"Você é aquilo que faz, não o que você diz".
Bem, o que vocês fazem, nos faz chorar à noite...
Vocês adultos dizem que nos amam...
Eu desafio vocês, pôr favor façam com que suas ações reflitam as sua
palavras...Obrigada
Estamos fazendo nossa parte...
Mas não depende só de nós...
Espero sinceramente que ao lerem esta mensagem,
as pessoas se concientizem, colaborem e ajudem a Mudar !!!Uma criança de 12 anos veio a ECO 92 e pediu apenas
que não destruíssimos o que não podemos reconstruir...Será tão difícil assim...???
Os Amigos deste grupo já são mais de 130, conscientes quem
sabe milhares...Se formos milhões, tenho a certeza de que conseguiremos...
Colabore você também, juntos podemos tudo...
Texto extraído de http://www.sorria.com.br/campanhas/
Para entender o desenvolvimento do pensamento ecológico e a maneira como ele chegou ao seu atual nível de abrangência, é necessário partir da constatação de que o campo da ecologia não é um bloco homogêneo e compacto do pensamento. Não é homogêneo porque nele vamos encontrar os mais variados pontos de vista e posições políticas, e não é compacto porque em seu interior existem diferentes áreas do pensamento, dotadas de certa autonomia e voltadas para objetos e preocupações específicos. Podemos dizer que, grosso modo, existem no quadro do atual pensamento ecológico pelo menos quatro grandes áreas, que poderíamos denominar Ecologia Natural, Ecologia Social, Conservacionismo e Ecologismo. As duas primeiras de caráter mais teórico-científico e as duas últimas voltadas para objetivos mais práticos de atuação social. Essas áreas, cuja existência distinta nem sempre é percebida com suficiente clareza, foram surgindo de maneira informal à medida que a reflexão ecológica se desenvolvia historicamente, expandindo seu campo de alcance.
A Ecologia Natural, que foi a primeira a surgir, é a área do pensamento ecológico que se dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais (florestas, oceanos etc.), procurando entender as leis que regem a dinâmica de vida da natureza. Para estudar essa dinâmica, a Ecologia Natural, apesar de estar ligada principalmente ao campo da biologia, se vale de elementos de várias outras ciências como a Química, a Física, a Geologia etc. A Ecologia Social, por outro lado, nasceu a partir do momento em que a reflexão ecológica deixou os múltiplos aspectos da relação entre os homens e o meio ambiente, especialmente a forma pela qual a ação humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza. Essa área do pensamento ecológico, portanto, se aproxima mais intimamente do campo das ciências sociais e humanas. A terceira grande área do pensamento ecológico – o Conservacionismo – nasceu justamente da percepção da destrutividade ambiental da ação humana. Ela é de natureza mais prática e engloba o conjunto das idéias e estratégias de ação voltadas para a luta em favor da conservação da natureza e da preservação dos recursos naturais. Esse tipo de preocupação deu origem aos inúmeros grupos e entidades que formam o amplo movimento existente hoje em dia em defesa do ambiente natural. Por fim, temos o fenômeno ainda recente, mas cada vez mais importante, do surgimento de uma nova área do pensamento ecológico, denominado Ecologismo, que vem se constituindo como um projeto político de transformação social, calcado em princípios ecológicos e no ideal de uma sociedade não opressiva e comunitária. A idéia central do Ecologismo é de que a resolução da atual crise ecológica não poderá ser concretizada apenas com medidas parciais de conservação ambiental, mas sim através de uma ampla mudança na economia, na cultura e na própria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza. Essas idéias têm sido defendidas em alguns países pelos chamados "Partidos Verdes", cujo crescimento eleitoral, especialmente na Alemanha e França, tem sido notável.
Pelo que foi dito acima podemos perceber que dificilmente uma outra palavra terá tido expansão tão grande no seu uso social quanto a palavra Ecologia. Em pouco mais de um século ela saiu do campo restrito da Biologia, penetrou no espaço das ciências sociais, passou a denominar um amplo movimento social organizado em torno da questão da proteção ambiental e chegou, por fim, a ser usada para designar toda uma nova corrente política. A rapidez dessa evolução gerou uma razoável confusão aos olhos do grande público, que vê discursos de natureza bastante diversa serem formulados em nome da mesma palavra Ecologia. Que relação pode haver, por exemplo, entre um deputado "verde" na Alemanha, propondo coisas como a liberação sexual e a democratização dos meios de comunicação, e um conservador biólogo americano que se dedica a escrever um trabalho sobre o papel das bactérias na fixação do nitrogênio? Tanto um como o outro, entretanto, se dizem inseridos no campo da Ecologia. A chave para não nos confundirmos diante desse fato está justamente na percepção do amplo universo em que se movimenta o uso da palavra Ecologia.
LAGO,
Antônio & PÁDUA, José Augusto. O que é Ecologia. 8. Ed. São Paulo,
Brasiliense. P.13-6
PERGUNTAS:
1) Divida o texto em introdução, desenvolvimento e conclusão. Justifique sua
divisão.
2) Como se relacionam a introdução e o desenvolvimento? O que há de semelhante e de diferente entre esses dois momentos do texto?
3) Como se relaciona a conclusão com as outras duas partes do texto? O que ela tem de semelhante e de diferente em relação à introdução ao desenvolvimento?
4) Qual a orientação adotada pelos autores para expor as quatro grandes áreas do pensamento ecológico? Em que parte do texto essa orientação foi explicitada?
5) Esquematize o texto, respeitando a divisão em parágrafos feita pelos autores.
6) "Constituído habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal encerra de modo geral e conciso a idéia-núcleo do parágrafo". Indique e comente os tópicos frasais presentes no texto.
7) É possível captar a posição pessoal dos autores diante do que apresentam? Comente.
8) Transcreva cinco expressões que possuam valores argumentativos e comente cada um deles.
9) Você julga o texto que acaba de ler bem-sucedido? Por quê?
http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/portugues/generos_textuais/dissertacao/ecologia1.htm
A
Mais Acelerada Extinção em Massa
da História da Terra
Por
Ed Ayres*
Cientistas
acreditam que estamos em meio a uma extinção em massa até mais
acelerada do que o colapso ocorrido quando os dinossauros
desapareceram, há cerca de 65 milhões de anos. |
Sete entre 10 biólogos
acreditam que o mundo esteja hoje em meio a mais acelerada extinção em massa
de seres vivos nos 4,5 bilhões de anos da história do planeta, de acordo com
uma pesquisa realizada pelo Museu Americano de História Natural e pela
empresa de pesquisa Louis Harris.
Isto a torna até mais
acelerada do que o colapso ocorrido quando os dinossauros desapareceram, há
cerca de 65 milhões de anos. Diferentemente desta e de outras extinções em
massa do passado pré-humano, a atual é causada pela atividade humana e não
por fenômenos naturais, declaram os cientistas.
Os cientistas consultados
classificaram a perda da biodiversidade como um problema ambiental mais grave
do que a destruição da camada de ozônio, aquecimento global ou poluição e
contaminação. A maioria (70 porcento) revelou acreditar que durante os próximos
30 anos, até um quinto de todas as espécies vivas hoje estará extinto, e um
terço dos consultados considerou que metade das espécies da Terra estará
morta no mesmo período.
"Esta pesquisa é um
alerta dramático às pessoas, governos e instituições sobre a ameaça
verdadeiramente descomunal que estamos enfrentando, não apenas à saúde do
planeta, mas também ao bem-estar e sobrevivência da própria humanidade –
uma ameaça praticamente despercebida pela população em geral,"
comentou a Presidente do Museu de História Natural, Ellen V. Futter.
A pesquisa Biodiversidade
no Próximo Milênio foi dirigida a 400 membros do Instituto Americano de Ciências
Biológicas.
Os consultados incluíram
especialistas em bioquímica, botânica, biologia conservacionista,
entomologia, genética, biologia marinha, biologia molecular, neurociências,
fisiologia e outras áreas. Paralelamente, foi realizada uma pesquisa entre
100 professores de ciência de nível médio e secundário da Associação
Nacional de Professores de Ciência, e entre 1.000 pessoas da população em
geral, para avaliar as diferenças de opinião sobre questões da
biodiversidade.
As comparações
revelaram que "a população em geral é relativamente desinformada
quanto à perda das espécies e às ameaças que ela representa,"
declarou a porta-voz do Museu, Elizabeth Chapman. A pesquisa também constatou
que "embora os professores de ciência tenham uma consciência mais clara
do que a população em geral da dimensão e urgência da crise da
biodiversidade, mais de 50 porcento deles não acredita que estejamos em meio
a uma extinção em massa, e apenas 38 porcento se considera familiarizado com
o conceito da biodiversidade."
"Apesar do
desconhecimento público do que a perda da biodiversidade representa, os
cientistas são de opinião que é crucial agir imediatamente para conter a
onda de extinção," declarou Chapman.
"Em sua grande
maioria, os cientistas acham que a ameaça da crise da biodiversidade é
subestimada por quase todos os segmentos da sociedade: 95 porcento considera
que a população em geral subestima a ameaça; 87 porcento pensa que os
governos a subestimam; 80 porcento acha que a mídia também o faz; e 58
porcento são de opinião que os educadores não a identificam com precisão."
Tanto os especialistas
científicos quanto os professores de ciência admitiram que eles próprios são
parte do problema de comunicação.
Setenta porcento dos
cientistas e 67 porcento dos professores de ciência declararam não terem
divulgado adequadamente informações sobre as conseqüências da crise da
biodiversidade. "Não sei de nenhuma geração de cientistas que tenha se
defrontado com um desafio maior do que enfrentamos hoje, pois nenhuma outra
geração se viu na encruzilhada entre a continuidade da existência da
diversidade biológica da Terra e uma catástrofe irrevogável da biota,"
comentou Michael J. Novacek, Provost Científico do Museu.
*Ed
Ayres é Diretor de Redação da Revista World Watch - bimestral,
publicada pelo Worldwatch Institute em 30 idiomas (a edição brasileira é
publicada pela UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica )
©
WWI-Worldwatch Institute / UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica 2001,
todos os direitos reservados. Autorizada a reprodução total ou parcial,
citando a fonte e o site www.wwiuma.org.br
Antes de o dia partir
O que valeu a pena hoje?
Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro O Amor
Acaba, diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente. Eu tenho, há anos, isso como lema.É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o
prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa. Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo. Até uma briga pode ser útil, caso tenha iluminado o que andava ermo dentro da gente.Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo: ganhar um
aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma licitação, ganhar uma partida. Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque, mesmo já tendo seu superapartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivado.Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes. Uma
segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes para mim. Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que amo muito recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria.Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para
tirar uma foto com ele. Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar. Na sexta, o dia não partiu inutilmente só por causa de um cachorro quente. E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.Claro que tem dias que não servem para nada, dias em que ninguém nos
surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado: batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado. Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica. É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã.Martha Medeiros
ENTREVISTA
Educação ambiental na escola e na sociedade
Malba
Tahan Barbosa é especialista em Ciências do Ambiente e coordenadora do
programa de Educação Ambiental em Ribeirão das Neves. Atualmente elabora uma
tese de Mestrado sobre percepção ambiental no Departamento de Geografia da
UFMG. Malba, que trabalha há 14 anos com a educação ambiental em escolas,
comunidades rurais e grupos indígenas, foi uma das palestrantes do Fórum em
Ribeirão das Neves.
Qual é o papel do educador na conscientização ambiental?
Malba: Toda relação educa. Educador é todo mundo. Aqui estão os
educadores do ensino formal, da sala de aula. A proposta é que a escola não
desenvolva um trabalho de Educação Ambiental que fique dentro de seus muros,
ela tem que ir além, trabalhar com a comunidade. E esta deve ser entendida como
o local onde o aluno mora e os problemas que ele vive. O papel da escola na gestão
da Bacia Hidrográfica do Ribeirão da Mata é fundamental. Se o professor
conseguir trabalhar a Educação Ambiental na sala de aula com conhecimentos que
ajudem os alunos a identificar problemas ambientais, compreender esses problemas
e agir sobre eles, ele terá conseguido um grande feito. Trabalhar com Educação
Ambiental é trabalhar com o social, o econômico, o político e o cultural. Não
dá para se trabalhar essas questões separadas.
Qual é a importância da mobilização regional?
Malba: É ela que cria demandas e faz a diferença. Um povo
desarticulado, desmobilizado, não cria a demanda, não se organiza em termos de
problemas, de questões comuns e interesses comuns. É fácil ele ser
desmantelado. Como você acha que está a mobilização da sociedade aqui na
região do Ribeirão da Mata? Malba: As pessoas estão discutindo estas questões
muito mais do que antes. Este Fórum é um momento histórico. A população do
Ribeirão da Mata está sendo convidada a pensar e falar do Ribeirão da Mata.
Até há pouco tempo atrás a população não era convidada. O planejamento
chagava de cima para baixo e era imposto. Isso ainda acontece muito.
Como você espera que seja abordada a Educação Ambiental?
Malba: A minha utopia constante é que todo mundo que for falar de educação
ambiental consiga fazer as pessoas ficarem pulsando, com prazer e emoção.
Falar de educação ambiental é mais do que falar de vida, é falar com vida. A
pessoa quando fala do ambiente não só com a técnica, mas com emoção, com
conhecimento de causa, ela envolve mais. A esperança é que a educação cause
esse encantament
"Meio
ambiente não é uma herança que eu ganhei dos meus pais, mas é o presente que
eu pedi emprestado aos meus filhos" (Provérbio oriental)
http://www.manuelzao.ufmg.br/jornal/jorn-ulted-912/ed12-entrevista.htm
WWI
Worldwatch
Institute
PRESERVAÇÃO
DO MEIO-AMBIENTE: FÁBRICA DE EMPREGOS PARA O SÉCULO XXI
A
economia ambientalmente sustentável já criou aproximadamente 14 milhões de
empregos em todo o mundo, com a perspectiva de outros milhões no século XXI,
informa um novo estudo do WWI-Worldwatch
Institute, uma organização de pesquisa em Washington.
Muitas novas oportunidades de criação de empregos estão surgindo, desde a
reciclagem e refabricação de produtos até a maior eficiência energética e
de
materiais e o desenvolvimento de fontes renováveis de energia. A energia eólica
já está gerando empregos em ritmo acelerado, inclusive para as funções de
meteorologistas eólicos, engenheiros estruturais, metalúrgicos, mecânicos e
operadores de computador.
"Os empregos estarão mais ameaçados onde os padrões ambientais são
baixos e onde falta agilidade para inovações em prol de tecnologias mais
limpas,"
declarou Michael Renner, autor de Working for the Environment: A Growing
Source of Jobs. "Nossa pesquisa revela um potencial imenso para criação
de empregos fora das indústrias extrativas, empregos que não dependem do
processamento gigantesco de matérias primas em uma só direção, e da
transformação de recursos naturais em montanhas de lixo. O desafio para a
sociedade é proporcionar uma transição justa para os trabalhadores que
perderão seus empregos nos setores de combustíveis fósseis e da mineração."
Parte do crescimento mais acelerado de empregos está ocorrendo no
desenvolvimento da eletricidade eólica, dos fotovoltáicos solares e da
expansão
da reciclagem e refabricação:
" Em 1999, existiam cerca de 86.000 empregos em todo o mundo na fabricação
e instalação de turbinas eólicas, um número que duplicou nos últimos dois
anos.
Até 2020, a energia eólica poderá representar 10 porcento de toda a geração
de eletricidade e emprego para aproximadamente 1,7 milhões de pessoas.
" A indústria fotovoltáica norte-americana hoje emprega diretamente
quase 20.000 pessoas. As empresas européias de energia térmica solar
empregam mais de 10.000 pessoas, um número que poderá aumentar em pelo menos
70.000 durante a próxima década, alcançando talvez 250.000 com forte apoio
governamental.
" O setor mundial de reciclagem hoje processa mais de 600 milhões de
toneladas de materiais anualmente, fatura US$ 160 bilhões por ano e emprega
mais de 1,5
milhões de pessoas.
" Nos Estados Unidos, a refabricação já representa US$ 53 bilhões
anuais, proporcionando cerca de 480.000 empregos diretos - o dobro do número
de
empregos da indústria norte-americana do aço.
" O investimento em energia renovável, o uso mais eficiente de energia e
materiais e o desenvolvimento de produtos mais duráveis e reparáveis, criarão
mais empregos do que a continuação de investimentos em indústrias
extrativas e combustíveis fósseis," disse Renner. Embora venha a
existir menos empregos no
setor extrativista e na indústria manufatureira quando os produtos não se
desgastarem rapidamente, haverá maior oportunidades em reparos,
aperfeiçoamento, recuperação e reciclagem de produtos. A refabricação de
produtos quando sua vida útil estaria normalmente terminada, proporciona uma
recuperação de 85 porcento, ou mais, do valor agregado - mão-de-obra,
energia e materiais incorporados ao produto.
O incremento da eficiência na utilização dos recursos significa que as
empresas e as residências economizam uma grande parcela das centenas de bilhões
de
dólares que, de outra forma, seriam destinados à compra de combustíveis e
materiais. O investimento do valor destes custos evitados em setores mais
ambientalmente benignos da economia, criará mais empregos do que o
investimento em indústrias de recursos.
As indústrias que extraem e processam energia e matérias primas estão entre
as principais atividades poluidoras do ser humano, e proporcionam apenas um
pequeno e declinante número de empregos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a
mineração, os serviços públicos e quatro setores industriais
(processamento de
metais primários, papel, refino de petróleo e produtos químicos)
representam, conjuntamente, 84 porcento de todos os poluentes tóxicos
liberados. Em
comparação, sua força de trabalho representa menos de 3 porcento de todos
os empregos do setor privado.
A maioria dos empregos na mineração e extração de madeira está ameaçada,
mesmo sem leis ambientais mais rigorosas. O incremento da mecanização e
automação reduziu a oferta de empregos - em alguns casos até com aumento
contínuo da produção. Por exemplo, de 1980 a 1999, a extração de carvão
nos Estados Unidos aumentou em 32 porcento, porém o nível de emprego caiu 66
porcento. Na indústria química da União Européia, a produção cresceu 25
porcento de 1990 a 1998, enquanto os empregos declinaram em 14 porcento.
A criação de empregos é de importância fundamental no mundo em
desenvolvimento, onde ocorrerá quase todo o crescimento populacional das décadas
futuras. "O problema é que o trabalho humano é muito caro, enquanto os
insumos energéticos e de matérias primas têm um custo ínfimo," diz
Renner. "As empresas há muito buscam a competitividade através da
economia de mão-de-obra. Para se construir uma economia sustentável,
precisamos economizar sim, mas em energia e materiais."
A política fiscal pode ser um instrumento poderoso para aumentar a
produtividade da energia e dos materiais. Os sistemas fiscais atuais
incentivam
o alto uso de recursos e desencorajam a criação de empregos. Uma reforma
fiscal, ecologicamente dirigida, reduziria os impostos sobre salários
enquanto,
simultaneamente, elevaria os impostos sobre o uso de recursos e a poluição.
Este tipo de deslocamento fiscal já se tornou realidade na década de 90, em
vários países europeus, incluindo a Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Suécia
e Reino Unido.
"A perda do emprego devido a regulamentos ambientais tem sido
extremamente baixa - menos de um décimo porcento de todas as demissões nos
Estados Unidos," disse Renner. "Porém, para construir uma coalizão
efetiva com a mão-de-obra, os ambientalistas devem reconhecer que os
trabalhadores afetados – principalmente aqueles nos setores de mineração,
extração de madeira, combustíveis fósseis e indústrias de chaminé -
precisarão de ajuda para se enquadrarem nas novas especializações,
tecnologias e meios de vida." Uma política de transição justa envolve
o estabelecimento de um fundo para proporcionar renda e benefícios para
trabalhadores deslocados que buscam uma nova profissão, apoio educacional
para pagar programas vocacionais
e de treinamento, serviços de orientação vocacional e colocação, assistência
na procura de novo emprego e medidas para ajudar as comunidades e regiões a
diversificarem sua base econômica.
*Michael Renner é pesquisador do Worldwatch
Institute
©
WWI-Worldwatch Institute / UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica 2001,
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Projeto Apoema - Educação Ambiental