InformaLista

O Informativo da lista "Educacão Ambiental"

No. 01 – 27 de maio de 2000

Alguns textos apresentados na Lista de Discussão do Projeto Apoema - Educação Ambiental (Antigo Projeto Vida – Educação Ambiental)

Os textos não passaram por revisão ortográfica, portanto, podem haver erros.

 

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Educação Ambiental e Cidadania

Hugo Werneck

Presidente da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte

Depois de Estocolmo – 1972 – quatro providências foram tomadas imediatamente: uma estrutura técnica, uma política, uma financeira e uma jurídica. O que se descobriu logo foi que o homem mostrou um profundo desconhecimento acerca do meio ambiente e grande parte da população uma lamentável insensibilidade, dois ingredientes essenciais para convivência harmoniosa das milhares formas de vida existentes neste planeta.

Os quatro suportes mencionados foram fundamentais para implantação de uma política capaz de levar o ser humano a mudar de mentalidade e comportamento. Mas, de fato, eles não têm se mostrado forte o suficiente para produzir os resultados esperados. Faz-se necessário tomar medidas que levem o ser humano a se afeiçoar à natureza, a apreciá-la pelo conhecimento e estimá-la, até mesmo, amá-la. Um trabalho paciente e perseverante de reapresentar a pessoa humana à natureza, sua ordenação, seus mecanismos, seu funcionamento. Revelar os valores da vida e não apenas de animais, plantas e seres humanos. Um trabalho bem feito para revelar a estreita e indissolúvel ligação entre os seres vivos e as fontes de vida. Falar da sacralidade da vida. E do papel do homem em todo o sistema do modelo econômico capaz não só de infelicitar por si só, mas do mal que ele causa ao modelo social e também ao modelo político.

A isto se chama "educação ambiental", todo um processo longo e cuidadoso, não radical, capaz de estabelecer respeito entre os seres vivos que existem nesse pequeno planeta e que devem conviver com dignidade, procurando concluir juntos o que lhes falta para o bem de todos, aprimorar a criação não apenas em meio, não apenas em uma linha materialista e interesseira, mas a serviço da vida.

Educação ambiental é um longo e, diríamos, interminável aprendizado que vai exigir dos que têm força de decisão, trazer de volta valores essenciais como a solidariedade, a liberdade, parceria e partilha, o bem-comum, o trabalho, a habilidade, a gratuidade, a delicadeza e o bom senso, tudo que se pode colocar na coluna do amor, essa força desfigurada em nosso tempo e que contradiz ofuscante progresso da técnica e da ciência. Mas que continua sendo a única força capaz de levar os seres a sua plenitude.

Então, a mudança em nosso comportamento não vai dar-se por temor de punição, nem de qualquer outra sanção, mas em conseqüência de convicções adquiridas na consciência e na sensibilidade. Vamos proceder a favor do bem, do bom-senso e de nosso compromisso com a vida.

Porque tomamos conhecimento do recíproco comprometimento do ser humano com o meio ambiente. E nossa atitude, em cada circunstância, há de conhecer as limitações que ainda nos dominam, limitações que serão menos graves na medida em que tomarmos consciência delas e procuramos superá-las. É importante lembrar que o verbo a conjugar no caso da educação ambiental é "gostar" e não possuir ou apenas conhecer. Saramago nos diz com muita sabedoria: "gostar é a melhor forma de ter" e completa: "ter é, sem dúvida, a pior maneira de gostar".

Educa para o relacionamento com o meio ambiente, nem sempre quem sabe, mas quem cultiva a sensibilidade de que é dotado; quem põe sua alma a se nutrir com a beleza, a delicadeza, o perfume, os sons. Para quem é importante o pôr-do-sol, o nascer da lua, a cordialidade, o saber desculpar e o desculpar-se, o servir, ser amável e afável, viver em paz com a existência, considerando "próximos" todos os seres vivos. Este importante gesto de promover a paz na quase infinita diversidade é uma permanente semeadura do respeito e ternura por tudo que existe. E isto é terrivelmente difícil para quem é forçado a viver permanentemente em regime de "competir". O diálogo que se espalha se trava menos no cognitivo que no afetivo; nem todo o que sabe é o ambientalmente educado: sempre o é, o que se deixa humanizar sempre mais, o que melhor se deixa guiar pela doçura e pelo afeto.

É fácil entender que educação ambiental não é algo "contra": contra a infração legal, contra a degradação dos elementos da natureza, inclusive nós próprios, os seres humanos. Mas ela é, seguramente a favor da completude de nossa humanidade na medida em que respeitamos e estimamos tudo o que, conosco, existe e vive. Interessarmo-nos por tudo, ligarmo-nos ao que faz parte do bem-comum. Educação ambiental, então é algo que completa nossa humanidade. Assim disse o nosso Charlie Chaplin: "Mais que de máquinas, precisamos de humanidade". Seremos mais humanos, sensíveis; teremos mais solidariedade, mais companheirismo, compreensão e parceria. Vamos nos entender melhor e sermos, sem muito esforço, capazes de anexar em nossos atos e empreendimentos, as três atitudes que nos fazem adultos:

Assim entendemos educação ambiental como direito e dever de todos e de cada um.


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CARTA ABERTA À POPULAÇÃO

A SITUAÇÃO AMBIENTAL DO PAÍS E O IBAMA

Os funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, vêm à público denunciar a situação calamitosa e de desmonte administrativo e técnico que atravessa atualmente esta instituição, por exclusiva culpa de sucessivos governos que jamais tiveram a vontade política de preservar o patrimônio ambiental brasileiro.

O atual governo mostra-se ainda mais pernicioso que aqueles que o antecederam, sendo a sua política totalmente voltada para o desmantelamento institucional, visando jogar a opinião pública contra o funcionalismo federal, taxando-o de incompetente, para posteriormente justificar as práticas das terceirizações ou privatizações, que apenas interessam e beneficiam alguns poucos seguimentos sociais.

Você sabia que:

· a proposta de reformulação do Código Florestal Brasileiro, atualmente em tramitação no Legislativo, na prática significa a aceleração da destruição e desaparecimento de milhões de hectares de florestas nativas e, por conseqüência, de milhares de espécies da fauna que sobrevivem nestas áreas?

· sua aprovação pode significar o fim da Floresta Atlântica Brasileira, um dos ecossistemas mais ameaçados de extinção no mundo e que restam hoje no total menos de 5% (cinco por cento) de sua área original?

· a Floresta Amazônica, um patrimônio genético de valor inestimável, perde em florestas atualmente o equivalente a dezenas de hectares por hora, estando hoje com 15% de sua área em estado de irremediável devastação?

· os grandes incêndios florestais que se sucedem na Amazônia, ocasionados pelas queimadas, fazem desaparecer espécies animais e vegetais, muitas das quais eram desconhecidas pelo homem e de ocorrência restrita a algumas áreas, sendo que até hoje os governos não adquiriram equipamentos e aviões apropriados para combate a incêndios florestais?

· existe uma exploração estrangeira sobre o patrimônio natural, ou "biopirataria", que lesa o País pesquisando sua flora e a fauna em busca de princípios ativos que são extraídos e patenteados lá fora, sem que o Brasil nada receba em troca e que ainda seja obrigado a comprar os produtos industrializados sem direito a produzi-los aqui, como acontece com muitos medicamentos?

· o IBAMA foi criado em 1989 reunindo os órgãos IBDF, SUDEPE, SUDHEVEA e SEMA, extintos devido a suas precárias condições estruturais e funcionais, havendo desde então um crescimento de suas atribuições sem que os sucessivos governos hajam melhorado em nada as condições que deram origem à instituição?

· ao longo dos seus 11 anos de existência, o IBAMA tem sofrido drástica redução no seu quadro funcional devido ao não preenchimento dos cargos vagos por motivos de aposentadorias, falecimentos, transferências, demissões, etc., que deveriam ser repostos por concursos públicos, mas que até o momento nenhum foi realizado?

· segundo levantamentos datados de 1993, de 79 Unidades de Conservação — parques e reservas — administradas pelo IBAMA e espalhadas pelo Brasil, mais da metade delas não tinham sua situação fundiária regularizada, estando estas terras em mãos de particulares e cerca de 68% possuíam presença humana em suas áreas, explorando seus recursos naturais em maior ou menor grau?

· 44% estavam sendo consideradas como ameaçadas com grave risco à integridade de seus ecossistemas, e que cerca de 66% possuíam de médio a alto potencial de visitação turística, porém, sem que tivessem as condições necessárias para controlar essa presença humana, traduzindo-se em um turismo caótico e fator de degradação de seus ambientes naturais?

· que a falta de equipamentos e de pessoal qualificado para a fiscalização em alto mar, devido ao descaso governamental, facilita a pirataria de nossos recursos marítimos, devido a presença de grandes embarcações pesqueiras de países estrangeiros que atuam impunemente dentro das águas territoriais brasileiras e que elas, além de pescarem em épocas de reprodução das espécies, utilizam recursos de pesca que matam indistintamente as espécies marinhas, mas apropriam-se somente das espécies que lhes interessam, deixando para trás um rastro de destruição?

Se você ainda não sabia desses fatos é porque o governo federal sempre tentou esconder essas verdades e fazer crer à sociedade brasileira que tudo vai muito bem com o patrimônio natural do País. Ultimamente tem tentado esconder por detrás de sua falta de seriedade e vontade política de solucionar os problemas ambientais graves e urgentes, o que seria uma determinação de utilizar esse patrimônio como moeda de câmbio no mercado mundial, seguindo as políticas de privatização.

É notório o conchavo governamental para a desestruturação do órgão e posterior repasse de suas atribuições e recursos patrimoniais às chamadas "organizações sociais", que em troca teriam um caráter subserviente ao governo e meramente arrecadador, e assim, distanciada das ações de preservação e de uso sustentado dos recursos naturais renováveis.

Embora seja consenso entre funcionários do IBAMA e segmentos da sociedade que não existirá um futuro para a preservação do patrimônio genético brasileiro se não houverem ações que passem pela educação ambiental, principalmente na formação infantil, o governo federal não incentiva essas ações fundamentais com o dinamismo e seriedade requeridos, principalmente pelos maus exemplos que proporciona.

Também não existe por parte do governo a determinação de criar uma política de discussão com a sociedade de alternativas de uso sustentado do patrimônio ambiental nacional, pois não basta apenas fiscalizar e proibir ações predatórias, mas igualmente analisar e indicar meios diversos para que a preservação se efetive com a compreensão e participação da sociedade.

O quadro técnico do IBAMA não dispõe já há muitos anos de cursos de atualização nas suas áreas de atuação, prejudicando o desempenho na análise e fiscalização de grandes empreendimentos, que exigem o acompanhamento e o parecer técnico especializado sobre os impactos ambientais causados aos ecossistemas onde estão sendo implantados. Além disso, os equipamentos utilizados no desempenho de suas atividades por esses profissionais, são muitas vezes inexistentes ou necessitam de renovação, impedindo que o trabalho se faça com o padrão de qualidade adequado e de acordo com a tecnologia mais recente.

Nada porém é tão prejudicial ao bom desempenho do trabalho funcional quanto a situação de "reestruturação" que o IBAMA vem atravessando há vários anos, interminavelmente. Com a desculpa de recompor o órgão, agilizando sua atuação, o governo vem dando voltas em círculo com promessas e diretrizes que nunca são cumpridas, para logo adiante serem alteradas. Há anos, portanto, os funcionários vêm sendo submetidos à insegurança profissional e funcional, sem que haja por parte do governo uma decisão final sobre o destino do órgão federal, suas competências e sua organização.

Por isso a greve e não somente pela questão salarial, que é realmente vergonhosa e aviltante. Por isso estamos paralisados e solicitamos o apoio e a compreensão de toda a sociedade. Pois a natureza só estará a salvo se a sociedade entender que é fundamental a sua participação, exigindo que o governo federal assuma suas atribuições e cumpra a Constituição. Mas isso não será possível caso a sociedade continue a ser iludida por ações governamentais insípidas, mas que são passadas ao público como grandes desempenhos.

O GOVERNO FEDERAL MUITO POUCO SE EMPENHA NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL BRASILEIRO. AJUDE-NOS A MUDAR ESSA REALIDADE.

(Repassado por Vilmar Berna
Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente
Editor do Jornal do Meio Ambiente
E-mail:
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Tel: (21) 610-2272 Fax: (21) 610-7365 Celular: (021) 9994-7634)


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Artigo: Educação Ambiental II

Gil Portugal (agosto/94)

Este é um tema que vez por outra sou chamado a opinar, como ocorreu no programa de TV "Rio Sul Debate", de 4 de junho de 1994, véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente. Confesso que ao debater o tema respondendo a um professor de Valença e como foi proposto, se não gaguejei, pelo menos "enrolei". Isso por dois motivos: a premência do tempo para uma explanação plena do meu pensamento e, segundo, pela colocação já pronta e acabada, um "déjà vu"; mesmo assim, não sei se o telespectador pôde captar o meu ponto de vista.

Ocorre que não tenho visto programas de educação ambiental que não se baseiem em ensinar a separação dos componentes do lixo que são recicláveis (papéis, metais, vidros e plásticos) ou que não se baseiem na defesa da fauna e da flora com passeios pelas matas e, inclusive, com as solenidades muito comuns de cerimônias de plantio no entorno do dia 5 de junho, ou no dia consagrado à arvore.

Reconheço que é muito útil incutir esses aspectos na cabeça dos jovens, mas acho pouco, muito pouco (perdoem-me aqueles que têm um conteúdo programático mais extenso) a ser ensinado.

Tenho como convicção própria que deva ser ensinado às crianças, com linguagem mais acessível, aspectos íntimos da deteorização dos componentes dos ecossistemas. Explico melhor: não só ensinar que não se deve jogar lixo no rio, mas explicar o por quê esses lixos não devem ser jogados, que males eles farão ao rio e quais as conseqüências desses males. Ensinar o por quê o óleo lançado às águas é prejudicial à flora e à fauna, o que acontece com as guelras e as escamas de um peixe "molhado" com óleo ou mesmo, quais os prejuízos que acarreta à "saúde" de um vegetal.

Como será importante a criança saber que o rio estará vivo quando a taxa de oxigênio dissolvido em suas águas for diferente de zero e o por quê da importância do oxigênio, face as cargas orgânicas que a todo momento são lançadas nas águas, principalmente via esgotos domésticos "in natura".

Como será importante a criança saber que nem toda a poeira existente no ar atingirá nossos pulmões e conhecer as conseqüências advindas daquelas que atingem. Como será importante a criança saber que certos lixos, quer domésticos, quer industriais, quando dispostos em terrenos, poderão influenciar na qualidade das águas abaixo do solo.

Como será importante saber que os vegetais, além de proporcionarem equilíbrios climáticos, são a defesa do solo contra as erosões que causam a infertilidade do terreno pelas erosões e assoreamentos conseqüentes a elas.

E por aí a fora. Quanta coisa um pouquinho mais profunda poderia ser repassada. Afinal, a defesa do meio ambiente será tão mais efetiva quanto mais se conhecerem os malefícios das agressões.

Gil Portugal


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No Jornal da Tarde (Notícia de 22.05.2000)de ontem saiu a seguinte nota:

"Novas orquíeas encontradas na Amazônia

Sete novas espécies de orquídeas foram encontradas na Província Petrolífera de Urucu, na selva amazônica, onde a Petrobrás mantém um orquidário. Responsável pelas descobertas, o pesquisador João Batista Fernandes da Silva, de 56 anos, ainda está em fase de conclusão dos trabalhos. Em toda a Amazônia existem 700 orquídeas catalogadas."

Abraço a todos,

Solange Menezes


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Mãe Terra

Ione Prado

Eu sou a Terra. A morada de todos vocês, de toda a humanidade.

Sou a mãe de todos, sejam minerais, vegetais, animais... ou humanos! Carrego em mim, numa viagem pelo espaço, com muito carinho, embalando e sustentando, todas as espécies. Apesar disso, sinto muitas vezes punhaladas em minhas costas, inúmeras ações desumanas dos humanos contra mim.

Logo eles, meu Deus!

Eles que pensam! Que têm a dádiva da inteligência, a força da mente que pode criar, construir, transformar... A mente, meio de compreensão, encantamento e razão que todos compartilham.

Mas com vocês eu posso falar francamente, de mãe para filhos bem-amados, posso compartilhar minhas dores e preocupações.

Meus filhos, eu sou a herança que vocês vão deixar para seus filhos e netos, a casa que estão construindo e cuidando, a casa que vocês receberam de seus ascendentes e que vão deixar para seus descendentes. Por testamento natural, o que restar de mim será legado a eles por todos vocês.

O patrimônio que está sendo formado sobre a terra vai permitir vida para seus filhos e netos? E se permitir, qual será a qualidade dessa vida?

E a dádiva da água pura, se derramando sobre a terra? Seus descendentes terão água? Rios, mares, lagos? Terão ar? Florestas? Terão flores, folhagens?

Ou será que a humanidade que vocês estão gerando hoje terá de comer frutos, verduras e legumes que tenham em si venenos potencialmente mortais? Venenos provenientes de herbicidas, inseticidas, lixos, detritos e resíduos residenciais e industriais de toda espécie, que intoxicam meus pulmões atmosféricos e se infiltram em minhas entranhas, contaminando meu organismo, circulando nas veias de meus mananciais e voltando à mesa dos humanos na forma de alimentos contaminados?

Vamos ser bem realistas: no amanhã de seus filhos haverá fumaça, mau cheiro, água podre, terra seca, dieta pobre em oxigênio, chuva ácida e a multidão disputando o pouco que sobrou? Ou seus descendentes usufruirão minhas terras e minhas águas com todas as suas dádivas, e vivendo em paz?

O belo manto verde de florestas com que sempre me vesti está sendo queimado, rasgado e arrancado, num processo fulminante de desmatamento. Os mares estão sendo contaminados por lixo atômico e resíduos tóxicos de toda espécie. A camada de ozônio, que nos protege das radiações solares, está sendo destruída. O oxigênio é cada vez mais escasso em minha atmosfera.

Diariamente, centenas de espécies animais estão sendo extintas. Em muitos lugares, o canto dos pássaros já deixou de ser ouvido. Florestas inteiras, guardando um silêncio de morte.

Cuidem dos animais, por favor! Se um dia eles desaparecerem, a humanidade sofrerá de solidão espiritual.

A vida em mim é una, indivisível. Todas as formas de vida se entrelaçam num mesmo tecido biológico, não se fere uma parte sem atingir a outra. Todos estão interligados, todos se nutrem da minha seiva essencial.

E não se esqueçam que, a cada segundo, 3 a 4 pessoas estão nascendo. Vocês já são seis bilhões... E serão mais!...

Amontoando-se nas grandes cidades, espalhando-se por todos os lados, profanando meus últimos santuários, sugando os recursos da sua mãe Terra, sem dar nada em troca.

Ah! Que civilização é essa! Onde tudo é vampirizado e depois jogado de volta para mim, na forma de lixo! Lixo que se amontoa cada vez mais e, se continuar assim, um dia acabará por sufocar a vocês e a mim!

E o pior de todos, o lixo mental!... Idéias malcheirosas e putrefatas, instigadoras do ódio, da violência e da corrupção, geradoras de guerras e todas as outras formas de degradação.

A sua mãe terra está sendo tratada como descartável... Mas será que vocês são descartáveis? Seus filhos e netos, todos os seus descendentes, serão descartáveis?

Para que eu não morra anêmica e exaurida é preciso que meus filhos tenham consciência de minhas limitações... Antes que tudo acabe vamos reaproveitar tudo, sem desperdiçar... Reciclem o vidro, o plástico, o alumínio, o papel. Poupem-me! Por favor, poupem meus recursos, economizem!

As grandes cidades me sufocam, me causam intenso sofrimento - uma dor profunda - porque nelas eu sou asfixiada até à morte. Nelas não sou terra, não sou água, não sou verde, não sou vida.

Minha imagem, minhas dádivas, minha beleza, jazem encobertas por camadas de asfalto, lixo, mau-cheiro, fumaça, pelos venenos e pela morte. A falta de espaço me oprime... o concerto ensurdecedor de sons agressivos em completa desarmonia, a poluição visual, a violência, a desigualdade social, a intolerância racial... O trânsito fluindo mal, feito um rio represado e poluído...

Os que me amam, muitas vezes se sentem sós e incompreendidos e sonham comigo, com minhas dádivas, mesmo em meio ao pesadelo de uma cidade desumana.

Mas eu não quero deprimir ninguém... Pelo contrário. Vocês que me lêem são a prova de que é possível mudar essa triste e perigosa realidade. Vocês são a minha esperança de viver por muitos milênios ainda! E gozando de boa saúde, é claro!

Eu preciso de todos vocês - de cada um dos meus filhos queridos - e não apenas dos indivíduos excepcionais, capazes de grandes heroísmos. Mais importantes do que os grandes gestos, são as pequenas ações positivas de cada dia: o cuidado com o seu pedacinho de terra, a limpeza da área em frente ao seu prédio ou sua casa, o cuidado com uma árvore ameaçada por alguém, a reciclagem de matéria prima, a defesa dos oásis verdes que ainda existem, seja no campo ou na cidade. Acreditem no potencial de cada um, na força da convicção, na paixão pela vida, no amor por mim e por todos os que vivem em mim... e precisam viver ainda, pelos séculos vindouros...

Não basta imaginar como seria lindo.

Vamos construir, pouco a pouco, essa beleza, recuperando o que foi perdido. Transformar nossas cidades, nossas vidas, em algo melhor. Mais do que nunca, agora é o momento de agir. De acreditar que é possível!

Eu posso ajudar nessa tarefa, mas dependo de vocês. Aprendam comigo a criar, florescer, renascer a cada dia. Doar permanentemente. E agradecer as dádivas recebidas, sempre com novas formas de doação.

Prometo que para sempre estarei dedicada a vocês, sempre repleta de presentes, de forças, de dádivas que farão a vida valer a pena.

Tudo que existe tem uma razão de ser. Eu existo por vocês e para vocês. A razão de ser deste planeta chamado Terra, ou planeta Água, como queiram - a minha razão de ser - é a vida que sustento em mim. A minha razão de ser é proporcionar o cenário para o progresso e a evolução de vocês, homens e mulheres de todas as idades. Tenho sustentado o crescimento moral e material de todos os meus filhos: vocês. Das cavernas até aqui, tenho sido a casa, o refúgio, o sustento, a alegria. Por favor, me ajudem a continuar fazendo meu trabalho, para tornar possível o dia em que todos os seres humanos serão felizes, fraternos, sábios e bons.

Meu destino é esse. Estar com vocês e ampará-los no grande salto para uma civilização que terá, na sabedoria e no amor, as moedas capazes de comprar todas as coisas.

Meu filho mais querido, a cuja sabedoria eu me confio inteiramente, num instante inesquecível, do alto de uma das minhas montanhas, ensinou: "Bem aventurados os mansos, porque herdarão a Terra". E como disse um irmão vosso, outro filho bem-amado, "É preciso não esquecer que a Terra está no Céu"!

Um beijo amoroso de sua mãe

Terra

Texto extraído da hp: http://users.sti.com.br/centuriao/on-line_9.htm


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SEGUNDOS PRECIOSOS*


Pensamos que somos duráveis como se o tempo custasse a passar. Numa escala de tempo planetária, o tempo de uma geração é um instante, que deve ser usado de modo significativo.

O planeta, dizem estudos científicos, tem quatro bilhões e seiscentos milhões de anos de idade. Uma extensão de tempo quase impossível de imaginar e dimensionar. Para compreender melhor o que isto significa em termos de tempo, vamos fazer de conta que a Terra é uma pessoa com 46 anos de idade.

Fazendo a conversão das escalas de tempo, nada se sabe sobre o equivalente aos sete primeiros anos de vida desta "pessoa planetária". Além disto, há informações esparsar e poucas sobre a Terra até os seus 42 anos de idade. Até mesmo os dinossauros e grandes répteis só apareceram no ano passado, quando o planeta já tinha 45 anos completos.


Os mamíferos entraram em cena oito meses atrás. Exatamente na metade da semana passada, alguns macacos parecidos com o homem evoluíram para a situação de um homem parecido com macacos.

Anteontem, tivemos uma era glacial em todo planeta. O homem moderno surgiu há cerca de quatro horas atrás. Faz aproximadamente uma hora que o homem descobriu a agricultura e se fixou à terra como sedentário. E quanto à revolução industrial? A revolução industrial começou há um minuto.

Durante os últimos 60 segundos de tempo biológico, o homem conseguiu transformar um paraíso num lixo. Multiplicou-se como uma praga por todo o lado, causando a extinção de 500 espécies de animais, e devastou o planeta à procura de combustíveis fósseis e riquezas minerais. Como uma criança mal-educada não mede a conseqüência dos seus atos, considerando-se muito importante pela sua rápida ascenção a uma posição de influência dentro do esquema de evolução do planeta e do conjunto das formas de vida.

Há apenas alguns segundos - de 1970 para cá - é que a humanidade começou a perceber o seu problema mais sério por resolver: a questão da harmonia com a natureza.

Tudo indica que, para interromper o processo de suicídio em que se meteu nos últimos minutos, terá que encaminhar soluções práticas imediatas nos próximos cinco a dez segundos.

Esta imagem do problema humano é interessante porque mostra a nossa fragilidade no tempo e nos ajuda a admitir com mais facilidade a nossa insignificância espacial no meio do cosmos. Mas na escala do tempo real, agimos como se dez ou vinte anos fossem longo prazo - e muitos não enxergam nem além de sua própria geração.

Pensamos que somos duráveis como se o tempo custasse a passar. Numa escala de tempo planetária, o tempo de uma geração é um instante, que deve ser usado de modo significativo.

Estes segundos que a humanidade está vivendo hoje têm, no entanto, a vantagem de serem estimulantes. Muita coisa a respeito do destino da humanidade se decide agora.

Em poucos segundos, mudaremos nossa civilização ou ela será despedaçada como tantas anteriores. E começaremos, então, outra melhor e mais durável.


* Adaptado de texto original do ecologista Carlos Cardoso Aveline e publicado por Vera Damian no jornal Caxias Notícias


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Pensamento de Albert Einstein

"O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior".

Albert Einstein

 


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Pensamento

"Quanto mais você observa a natureza,

mais percebe que há uma tremenda organização em todas as coisas.

É uma inteligência tão grande que só de
observar os fenômenos naturais chego à conclusão de que existe um CRIADOR."


Carlo Rubia ( Prêmio Nobel de Física de 1984 )


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Já no século XVI / XVII, figuras como Newton, Descartes e Bacon, consideravam a natureza como um mecanismo a ser controlado, investigado, dominado e subjugado; mas é no século XVIII que se origina um pensamento ambientalista, que se caracteriza pela critica à ciência moderna e ao ser humano que se arroga o direito de domar a natureza, dela pretendendo ser independente.²

Com o desenvolvimento das técnicas e a crescente industrialização, aumentou-se consideravelmente a demanda dos recursos naturais e em meio a II guerra mundial, os Estados Unidos fazem o 1º teste com uma arma nuclear, no deserto de Los Alamos; seguiram-se as bombas que mataram milhares de seres vivos em Hiroshima e Nagasaki. As explosões detonaram um movimento de conscientização da possibilidade de destruição total.

Os movimentos antinucleares, a rebeldia contra o estado autoritário, os movimentos pacifistas fundiram-se em movimentos culturais como os Beatniks e o movimento Hippie com fortes tendências ambientalistas. Em maio de 68, os estudantes parisienses fazem a "Revolução Cultural" com um apelo a redução de consumo: "Consumi mais, vivereis menos".

Devido ao agravamento de problemas ambientais que se tornaram transnacionais e a pressão dos ambientalistas, realiza-se em Estocolmo/72, a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano que serviu para a internacionalização dos debates ambientais entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Um resultado prático foi a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), com o objetivo de coordenar as ações de proteção ambiental. Em 83 foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, e em 87 ela apresenta seu relatório final de trabalho "Nosso Futuro Comum" que propõe estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvimento sustentado, definido como: "aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades".

Hoje em dia, em função do crescimento populacional e da deterioração ambiental a preocupação maior não é mais com problemas localizados ou regionais e sim com problemas em escala global, como a redução da camada de ozônio, o efeito estufa, a acidificação da água de chuva, dentre outros.³

É neste contexto que se realiza no Rio de Janeiro/92 a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esta conferência produziu: um plano de ação chamado de Agenda 21, uma declaração de princípios florestais, duas convenções uma de biodiversidade e a outra sobre mudanças climáticas e a declaração do Rio. Sem dúvida a Agenda 21 foi a documento mais importante por definir passos concretos para se chegar ao desenvolvimento sustentável. Na conferência notou-se dois blocos bem distintos: os países do Sul, pobres e endividados, com o meio ambiente sendo super explorado, qualidade de vida baixa e produtores de matéria prima e os países do Norte, ricos e credores, meio ambiente já comprometido, qualidade de vida alta e consumidores de matéria prima, e que não estavam dispostos a alocar os recursos necessários para a real implementação da Agenda 21 e outros tratados.

Atualmente muito pouco resultado prático foi sentido, mas sem dúvida as perspectivas são mais animadoras.

Meio Ambiente - Uma Visão Holística

Até bem pouco tempo, a ecologia era vista como uma divisão da biologia. O aumento da atenção pública afetou profundamente e ecologia acadêmica. Embora permaneça firmemente radicada na biologia, ela já ganhou a maioridade como disciplina integradora essencialmente nova, que une os processos físicos e biológicos e serve de ponte de ligação entre as ciências naturais e as ciências sociais.

Assim, a gestão do meio ambiente é um assunto eminentemente multidisciplinar, onde os profissionais de todas as áreas do conhecimento se unem para elaboração de um planejamento ambiental. Arquitetos, economistas, sociólogos, engenheiros, etc., são exemplos de profissionais que se achavam fora de um planejamento ambiental e atualmente participam ativamente de equipes de estudos e avaliações ambientais.

Já não se discute a preservação dos recursos naturais, se discute a melhor utilização desses recursos sem extingui-los. Num mundo capitalista, se não for dado um valor financeiro aos recursos naturais sua preservação é bastante difícil.

Num simples exercício de valoração de uma floresta, com relação ao valor nominal da madeira e ao valor das silviculturas, iremos observar que a floresta produz mais intacta com uma boa utilização sustentável, do que se for desmatada e posteriormente utilizar a área para pasto ou agricultura. O desmatamento destroi a riqueza do humos constantemente renovado pelas árvores, pois os solos das florestas são na sua maioria pobres não servindo nem para agricultura nem para pecuária. Este exercício exemplifica o que a gestão do território feita com dados reais e conhecimento científico pode fazer em prol do desenvolvimento sustentável. Para se ter ações de gestão desse nível, é necessário principalmente vontade política e legislação ambiental eficaz.

A política ambiental é parte da política de governo e mesmo tendo seus próprios objetivos, deve integrar-se harmonicamente as demais políticas setoriais e institucionais, é preciso que o governo estabeleça os objetivos e crie as instituições e a legislação para implementa-la.

A gestão ambiental consiste na administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade do meio ambiente, assegurar a produtividade dos recursos e o desenvolvimento social. Essas ações, sempre direcionadas a satisfazer os objetivos da política ambiental, podem ser de natureza corretiva, preventiva ou destinadas a otimizar as formas de utilização dos recursos ambientais.

· Corretivas : voltadas a recuperar a qualidade ambiental.

· Preventivas : destinadas a evitar novas formas de degradação.

· Potencialização : forma de prevenção de novos danos ao meio ambiente, implicando na alteração das formas tradicionais de utilização, em benefício do desenvolvimento

Um eficaz planejamento ambiental pressupõe uma série de etapas a serem seguidas:

  1. Reconhecimento de uma situação problemática
  2. Analise e diagnostico ambiental dessa situação e prognostico da qualidade ambiental futura
  3. Fixação de objetivos e metas a alcançar
  4. Identificação das ações necessárias a atingir os objetivos propostos
  5. Monitoração das ações propostas

Pesquisa Básica X Pesquisa Aplicada

Como foi visto, a base de informação coletadas em campo é de fundamental prioridade para o planejamento ambiental. O entrosamento dos profissionais que trabalham na avaliação ambiental (EIA/RIMA) com pesquisadores acadêmicos é condição essencial para sua implementação.

Os dados levantados pela pesquisa básica são a pedra fundamental na qual se baseia todo o planejamento. A experiência desses pesquisadores é determinante para o andamento da avaliação. Assim esses profissionais tem garantido um acento no processo de estudo ambiental, sempre orientados por pessoal especializado no gerenciamento, análise e avaliação ambientais.

Somente este profissional tem os conhecimentos necessários para obter uma visão global (holística) de toda problemática que envolve o meio ambiente natural e construído e suas interligações com os sistemas sociais envolvidos. Ele é o elemento catalisador de propostas e coordenador de ações, por conhecer as dificuldades políticas, econômicas, sociais e jurídicas que certamente aparecerão.

¹ Palestra proferida por Luiz Claudio F. Lemos em 1994 para funcionários do Ministério da Agricultura de Moçambique que participaram do curso técnico do Centro de Estudos Afro-asiáticos do Conjunto Universitário Cândido Mendes.
² A carta que o cacique Seathl, da tribo Duwanish, do Estado de Washington enviou ao Presidente Franklin Pierce em 1855,é um magnífico exemplo de que embora a ecologia seja uma ciência nova, o raciocínio ecológico não foi criado pelos homens de hoje. Alguns trechos desta carta:

"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e sua benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa da nossa amizade. Vamos pensar em tua oferta. Se não pensarmos, homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe em Washington pode acreditar no que chefe Seathl diz, com a mesma certeza com que os nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu - o calor da terra ? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como podes então comprá-los de nós ? Decidimos apenas sobre coisas de nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença de meu povo.

Sabemos que homem branco não compreende nosso modo de viver. Para ele, um pedaço de terra é igual a outro. Porque ele é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã; é sua inimiga, e depois de a esgotar, ele vai embora. Deixa pra trás a cova de seu pai, sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos. Nada respeita. Esquece o cemitério dos antepassados e o direito dos seus filhos. Tuas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho. Talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.

Se eu decidir a aceitar, imporei uma condição. O homem branco deve tratar os animais como se fosse irmãos. Sou selvagem e não compreendo que possa ser certo outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso do que um bisão que nós, os índios, matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é homem sem animais ? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos da terra."

³ Devemos ter em mente: Pensar globalmente, agir localmente. De nada adianta manifestações sobre o desmatamento das florestas, camada de ozônio, desertificação se não agimos na nossa própria sociedade, no nosso próprio quintal, na nossa casa.

Bibliografia Recomendada

Texto do site Terra Ativa: http://www.geocities.com/RainForest/Vines/3542/


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Educação Ambiental desde a Base

Gil Portugal (março/97)

Numa de minhas palestras sobre assuntos diversos envolvendo a preservação ambiental, resolvi perguntar à turma de jovens do auditório se fazia mal às águas de um rio lançar-se nelas óleo; a resposta sim foi unânime; a seguir, indaguei como se comportariam vendo uma pessoa deliberadamente jogar óleo no rio através de um bueiro na rua; as respostas aí, variaram, uma parte apenas se indignaria e outra parte reclamaria do infrator, no ato. A estes indaguei: e se o infrator lhe perguntasse por que não deveria jogar óleo e que mal isso iria fazer ao rio. Silêncio total, ninguém soube explicar.

O lógico é que, se reclamamos de alguém quando esse alguém comete um ato falho, devemos estar pelo menos, de posse de alguma base para fazê-lo e não simplesmente porque ouvimos dizer. Quando se diz: "é de pequenino que torce o pepino", quer se dizer que pepino velho quando se torce quebra. Em outras palavras, a educação é sempre mais efetiva se começada pela criança. A mente humana em formação é mais receptiva aos ensinamentos, razão da importância de um livro didático e os conceitos que ele descortina aos seus leitores, da importância do professor bem formado, passando mensagens irrepreensivelmente corretas.

Como foi bom eu ter tido bons professores que me transmitiram ensinamentos sem deturpações e que, hoje, me são extremamente úteis. Nessa questão de educação ambiental para crianças, de todas as discussões e debates havidos, conheço três vertentes de opiniões visando afirmar as melhores formas de se proceder à essa educação, no caso específico voltada aos alunos do primeiro grau.

A primeira vertente defende que deve haver uma disciplina específica para tratar do assunto a ser incluída no currículo escolar, tal qual a Matemática, o Português etc. Há nesta vertente aqueles que defendem extensões diferenciadas nos assuntos e no tempo de duração da disciplina.

A segunda vertente defende que a educação ambiental deva fazer parte do conteúdo programático da disciplina de Ciências.

Já a terceira vertente, na qual me incluo, defende que a educação ambiental deva ser passada aos alunos sem pré estabelecimentos de disciplinas e professores específicos, isto é, a educação ambiental deve ser ministrada por todos os professores indistintamente, de forma natural e em doses homeopáticas, encaixando assunto, onde puder caber em suas disciplinas, no desenrolar das aulas, como pílulas de informações.

A desvantagem que cito na adoção do critério defendido pela vertente (disciplina específica) é que uma disciplina fixada num espaço-tempo poderá acarretar caírem no esquecimento, no futuro, os ensinamentos passados, e a educação ambiental é algo para não se esquecer e ser sempre reciclada.

A desvantagem que sinto na adoção do critério defendido pela segunda vertente (disciplina específica) é a exclusividade que se daria ao professor de Ciências de ensinar ao seu modo as ciências ambientais tão multifacetadas, além do que a educação viria como uma obrigação, podendo levar alguns alunos a se desgostarem do assunto para o resto da vida. Não existem casos de pessoas que odeiam a Matemática?

A desvantagem que sinto na adoção do critério defendido pela terceira vertente (disciplina livre) é que muitos professores (pepinos adultos) rejeitariam intimamente a idéia ou não iriam se esforçar para buscar encaixes apropriados dos tópicos das ciências ambientais em suas disciplinas.

De qualquer forma, a vantagem, neste último caso, é uma homeopatia no ensinamento, sempre de mais fácil digestão e o que é melhor, um ensinamento sempre reciclado e a longo prazo.

Aos meus colegas professores ficam essas idéias para serem debatidas ou simplesmente meditadas.

Gil Portugal


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Reflexão

Hoje eu me levantei cedo pensando no que tenho para fazer antes que o relógio marque meia noite. Eu tenho responsabilidades para cumprir hoje. Eu sou importante. É minha função escolher que tipo de dia terei hoje.

Hoje eu posso reclamar porque está chovendo ou posso agradecer às águas por lavarem energias pesadas.

Hoje eu posso ficar triste por não ter muito dinheiro ou posso me sentir encorajado para administrar minhas finanças sabiamente, mantendo-me longe de desperdícios.

Hoje eu posso reclamar sobre minha saúde ou posso dar graças a Deus por estar vivo.

Hoje eu posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo que eu queria quando estava crescendo, ou posso ser grato a eles por terem permitido que eu nascesse.

Hoje eu posso lamentar decepções com amigos ou posso observar oportunidades de ter novas amizades.

Hoje eu posso reclamar por ter que trabalhar ou posso vibrar de alegria por ter um trabalho que me põe ativo.

Hoje eu posso choramingar por ter que ir à faculdade ou abrir minha mente com entusiasmo para novos conhecimentos.

Hoje eu posso sentir tédio com trabalho doméstico ou posso agradecer a Deus por ter dado-me a bênção de um teto que abriga meus pertences, meu corpo e minha alma.

Hoje eu posso olhar para o dia de ontem e lamentar as coisas que não saíram como eu planejei ou posso alegrar-me por ter o dia de hoje para recomeçar.

O dia de hoje está à minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar-lhe forma.

Depende de mim como será o dia de hoje diante de tudo que encontrarei.

A escolha está em minhas mãos: hoje eu posso enxergar minha vida vazia ou posso alegremente receber
o Milagre de Um Novo Dia! (Autor desconhecido)


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É hora de agir!

Berenice Gehlen Adams

A Terra é o meio ambiente natural, formado por um conjunto de rios, lagos, montanhas, planícies, plantas, animais, seres humanos.

Apesar de os seres humanos pertencerem ao reino animal, apresentam uma diferença muito grande das demais espécies: o raciocínio.

Os animais, com exceção dos humanos, são irracionais (não pensam). Os animais agem por instinto. Com a capacidade do raciocínio, os humanos interferem mais intensamente no meio ambiente, transformando-o.

A evolução da humanidade chegou a tal ponto que perdeu o controle da situação ambiental. Incendeiam as matas para abrir estradas e construir prédios, envenenam as plantas que comem, poluem rios, mares, o ar, e têm uma tendência muito grande ao consumismo e ao acúmulo de riquezas. Consideram-se donos da Terra.

Não! A Terra não tem dono, e se tem, é ela mesma sua dona.

Se não fosse pelos animais racionais, que somos nós, humanos ditos civilizados, a Terra, com certeza, teria o ar puro, seus rios seriam limpos e o verde estaria predominando na crosta terrestre.

Em havendo a interferência do homem, o ambiente terrestre foi modificado e danificado brutalmente. Foram muitos anos de exploração da Terra e hoje, novos rumos devem ser tomados para que possamos ajudar a reestabelecer o equilíbrio do planeta. Para isso faz-se necessário agirmos localmente.

É hora de agir.

Vamos começar?

Veja o que você pode fazer:

- Separe seu lixo. Com esta atitude, você passará a perceber que é uma ação simples e de grande valia para a questão do lixo. Pode simplesmente separar o lixo "seco" do lixo "molhado", ou "orgânico" e inorgânico".

- Não deposite seu lixo na rua, em parques ou locais variados. Se você não encontrar uma lixeira, guarde o seu lixo até que encontre um local adequado para depositá-lo.

- Incentive a separação do lixo em ambientes de trabalho e educacionais.

- Torne-se criterioso ao adquirir produtos. Dê preferência aos produtos com embalagens recicláveis, produtos que já estejam inseridos no contexto ambientalista.

- Não desperdice energia elétrica ou água. A água é um recurso escasso que compromete a vida das novas gerações.

- Evite criticar os outros que não têm uma consciência ambientalista. Dê o exemplo, que tem muito mais valor do que as críticas.

- Antes de comprar alguma coisa, reflita se você necessita realmente do produto ou está sendo induzido a comprá-lo.

- Plante flores, árvores, temperos, folhagens. Se você não tiver um espaço, procure algum, sempre encontrará um lugar.

- Recicle e reaproveite materiais que vão para o lixo.

Estas são algumas dicas que você pode incorporar no seu dia-a-dia.

A Terra precisa ser respeitada, valorizada e amada. É ela que nos dá condições de usufruir desta maravilhosa experiência que é a VIDA. Vamos cuidar bem dela!

É importante percebermos que somos parte da natureza. Cuidando bem do meio ambiente estaremos cuidando bem de nós mesmos. Cada um pode colaborar. São pequenas ações que podem trazer grandes benefícios para o nosso meio ambiente e para as futuras gerações. Hoje, temos um grande compromisso com a Terra que é reestabelecer o equilíbrio dos ecossistemas e melhorarmos a nossa qualidade de vida.

05.05.2000 -Berenice Gehlen Adams


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Frases

" TORNAR O SIMPLES COMPLICADO É FÁCIL;
TORNAR O COMPLICADO SIMPLES, ISTO É CRIATIVIDADE."

Charles Mingus.

" O HOMEM SENSATO SE
ADAPTA AO MUNDO; O
INSENSATO INSISTE EM
TENTAR ADAPTAR O
MUNDO A ELE. O
PROGUESSO DEPENDE,
PORTANTO, DO HOMEM
INSENSATO."
George Bernard Shaw.

" NADA É TÃO CONTAGIOSO
COMO O ENTUSIASMO.
ELE COMOVE PEDRAS,
ENCANTA BRUTOS.
A VERDADE É QUE NADA
SE REALIZA SEM ELE."
Grantland Rice.

" AMAREI...
TODOS OS SONHOS DE LIBERDADE,
...TODOS."
Maria Tiyoko Teruya.

" A CIVILIZAÇÃO É UMA ILIMITADA
MULTIPLICAÇÃO DE NECESSIDADES
DESNECESSÁRIAS."
Mark Twain.

" ELO PERDIDO."

" EU PENSO QUE ENCONTREI
POR FIM O ELO PERDIDO
ENTRE OS ANIMAIS
E O HOMEM CIVILIZADO.
SOMOS NÓS."
Konrad Lorenz.

" Nós vos pedimos com insistência:
Não digam nunca: isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia,
Numa época em que reina a confusão,
Em que corre sangue,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza,
Não digam nunca:
Isso é natural!
Para que nada passe
A ser imutável!"
Bertold Brecht.

Enviada por: Andressa Paula Sampaio Rissatto
e-mail: derissat@siteplanet.com.br


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Mudança

"Nós devemos ser a mudança que desejamos ver no mundo."

Gandhi.


Projeto Apoema - Educação Ambiental

www.apoema.com.br