Recortes do I Encontro sobre
"Percepção e Conservação Ambiental:
a Interdisciplinaridade no Estudo da Paisagem"
28, 29 e 30 de abril de 2004
Rio Claro - SP
Matéria: Evento de Percepção e Conservação Ambiental: a Interdisciplinaridade no Estudo da Paisagem em Rio Claro - São Paulo/ por Alice Gehlen Adams
O
município de Rio Claro, São Paulo, reuniu, entre os dias 28 e 30 abril, pesquisadores,
professores e outros profissionais que desenvolvem seus trabalhos voltados à
Percepção Ambiental no I Encontro sobre Percepção e Conservação Ambiental:
a Interdisciplinaridade no Estudo da Paisagem.
O
objetivo do evento foi proporcionar uma interação entre as pessoas que trabalham
com a perspectiva da percepção ambiental: “existem pessoas da área de
psicologia, da área da medicina, geografia, pedagogia, biologia, arquitetura, fora
outros, que trabalham em grupos, às vezes isolados e em um encontro como esse
pode-se colocar todos frente a frente para trocar experiências, e, quem sabe,
firmar novas parcerias.” , afirmou Solange Guimarães coordenadora do evento .
Conforme
Solange, o evento contou com 168 participantes, além dos palestrantes e
componentes das mesas de discussão. Compareceram ao evento, pessoas de diversos
estados do Brasil, entre eles: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Amazonas, etc.
No
encerramento do evento, Solange mostrou-se entusiasmada com os resultados e com
a interatividade dos participantes. Um dos resultados deste encontro foi a criação
de uma rede de pesquisadores e educadores para articulação de ações
relacionadas à percepção ambiental.
Entrevista
com Profa. Dra. Solange T. de Lima Guimarães
(Docente
do Depto.de Geografia e do curso de Pós-graduação em Geografia, IGCE/UNESP,
Rio Claro; coordenadora do Projeto Voluntário "OLAM - Educação Ambiental
para a Paz")
Entrevista
realizada na cobertura do evento I
Encontro sobre "Percepção e Conservação Ambiental:a
Interdisciplinaridade no Estudo da Paisagem", ocorrido nos dias 28, 29 e 30 de abril de 2004 na cidade de Rio Claro/SP
Por Alice Gehlen Adams
A - Solange, como foi que surgiu a idéia de organizar um evento com este
enfoque da percepção ambiental?
S - Bom dia Alice, eu
gostaria de agradecer sua presença e queria agradecer também a cobertura do
evento, porque eu tenho certeza que está sendo uma coisa especial, tanto para
mim quanto para você.
A - Com certeza.
S
- A idéia de fazer acontecer um evento na área de percepção ambiental vem
sendo trabalhada desde há quatro anos atrás, porque havia uma demanda, vamos
dizer assim, reprimida, para que houvesse um evento desse. Por exemplo, na área
acadêmica, os eventos são especializados. Nós não temos ainda uma abertura
para um evento na área ambiental que trabalhe a concepção do meio ambiente,
do ponto de vista sócio-ambiental e que consagre vários profissionais. Então,
nós tínhamos assim: pessoas da área de psicologia, da área da medicina,
geografia, pedagogia, biologia, arquitetura, fora os outros que eu estou
esquecendo, e que sempre estavam todos trabalhando em grupos, às vezes mais ou
menos isolados, e que muitas vezes não sabiam que o vizinho estava trabalhando
com aquilo, então a nossa proposta não era fazer um evento para que as pessoas
estivessem vindo em número, volume, um mega-evento. A nossa proposta era
colocar as pessoas que realmente estavam trabalhando com esta temática já há
algum tempo, e que muitos se conheciam presencialmente, mas naquela situação
de “de vez em quando”. Outros se conheciam por telefone, outros ainda, como
nós próprias, se conheciam através do mundo virtual.
A - Quantas pessoas foram inscritas para o evento?
S
- Nós tivemos 168 inscrições, fora os palestrantes.
A - E qual tu achas que foi a importância da internet como ferramenta
para a organização e concretização do evento?
S
- Bom, para nós ela foi fundamental, primeiro: porque dada a limitação de
recursos do evento, o modo de divulgar era restrito. Contamos muito com a
internet, e aí Alice, com as redes de apoio. Então nós tivemos como
rede de apoio o próprio GEAI/Grupo de Educação Ambiental da Internet, que a
coordenadora é a Bere, e a Confraria da Coruja da Figueira em Curitiba, com o
Élio
Muller. Foram os dois pontos de apoio, vamos dizer, virtuais oficiais do evento.
As outras redes, todas divulgaram, então
nós tivemos a divulgação na rede de ecoturismo, que o moderador é o Sergio
Salvati da WWF, tivemos através do David, que é do Portal Árvore, site que
hospeda a revista eletrônica Educação Ambiental em Ação. Basicamente, a
divulgação do evento foi feita pela internet. Eu não diria única e
exclusivamente, porque aqui no estado de São Paulo nós divulgamos através de
folders, mas a ferramenta fundamental foi a internet.
Então como eu avaliaria isso? Nós
estamos hoje no terceiro dia, que é o último dia do evento. Parece que a
internet funcionou, não só do ponto de vista da divulgação formal do evento,
mas parece que ela conseguiu, eu diria, passar um espírito de afinidade, porque
você viu e presenciou que todas as pessoas inscritas parecem estar na mesma
consonância.
A - De certa forma já se conhecem, ou já tinham ouvido falar umas das
outras.
S
- Justo, e quando elas não se conheciam, elas
tinham identidade e afinidades muito semelhantes, então isso foi assim, eu acho
que se nós tivermos uma marca registrada, foi como eu disse: no primeiro dia
era o desejo de criar pontes, no último dia a certeza.
A - É verdade, e tem também pessoas do Brasil inteiro não é? A gente vê
pessoas da Bahia, Amazonas, então, vários Estados do Brasil presentes e isso
confirma a força da internet também, não é?
S
- Nós tivemos pessoas do Norte, vamos dizer, o mais longe do Norte: Manaus.
Tivemos do Sul, o Sul principalmente, os dois estados, aliás, as duas regiões
que tiveram maiores inscritos, em primeiro lugar foi o Sul, e depois o Sudeste.
O Sul através dos estados do Rio
Grande do Sul e Paraná, o Sudeste, Minas Gerais e São Paulo. São Paulo era de
se esperar, mas o número de inscritos da região Sul foi maior que do Sudeste.
A - Que interessante! E como tu te sentes conhecendo pessoalmente pessoas
que tu conhecias somente pela rede, ou telefone? É uma gratificação também,
não é?
S
- Não é só um gratificação, eu definiria como um encantamento, uma envolvência.
Porque ontem nós estávamos conversando, e o Marcelo que é do Rio de Janeiro,
da FIOCRUZ falou assim pra mim: “Sabe Sol, eu já era fã da rede, de você,
da Berenice, de várias pessoas que estão aí no evento, mas às vezes eu
ficava imaginando como vocês seriam ao vivo e a cores”. Ele brincou, e a
expectativa foi muito boa ele falou: “Foi melhor do que eu poderia ter
imaginado”.
Então eu poderia usar a mesma alegria
do Marcelo e dizer: conhecer pessoas que eu conhecia pela internet, e que já
havia, graças a relação pessoal, a relação profissional, criado um vínculo,
que até era forte porque já havia troca de trabalhos, publicação de artigos
em conjunto, capítulos, enfim, já havia trabalho produtivo, embora a gente não
se conhecesse olho no olho.
Agora, por exemplo, aumentou o que eu
senti, com esse contato pessoal. Houve
um caminho, então, por exemplo: o grupo de São Carlos, que é coordenado pelo
professor Matheus (nosso Matheusinho, né?) ele acabou ficando muito próximo
agora da rede. O Matheus tinha uma rede, a Berenice tem outra rede, o Marcelo no
Rio outra, o Matarezzi outra, e a Esmeralda e o Euler têm outra.
O que eu vi: a necessidade de juntar, e a junção de fato. Por exemplo,
ontem foi muito gostoso que nesses encontros virtuais, agora presenciais, saiu
uma proposta de trabalho em rede, então a professora Esmeralda já conversou
com o Euler, com o Matarezzi, com a Berenice e com os outros que aí estiveram
circulando, e já se criou uma proposta de formar realmente um grupo, congregado
por gente de perto e gente de longe, que graças a internet fica todo mundo
produzindo. Nesse evento, o que foi ruim no início acabou se tornando bom no
final. Ele foi feito sem o apoio institucional, conseqüentemente, ele, aquelas
obrigatroriedades formais, se ele estivesse vinculado a uma instituição teria
que ter, não teve.
O que representou, restrições muito sérias para a gente no início, parece que abriu outras portas, porque eu pude sentir, pude ouvir, e pude contatar pessoas que estão procurando outros caminhos para fazer a coisa acontecer, dar certo, que não sejam os caminhos tradicionais da academia.
Então eu acho que isso, Alice, foi um
ganho muito grande, e o fato de que, olha eu sou professora de universidade, mas
fazia muito tempo que não via essa ponte tão tranqüila sem necessidade de
mostrar olha, eu sou a professora doutora tal pra conversar com outro que está
começando agora.
Então nós tivemos um diálogo muito
fluente, sem contradições, mas apresentando sim os contratempos, mas com fluência
e uma acessibilidade muito boa.
Professores titulares dialogando com alunos da graduação, com
pesquisadores de instituições públicas, privadas, de pesquisa, sem uma
necessidade de superioridades acadêmicas, mas criando profundas redes de
trabalho efetivo. Então isso pra mim foi efetivo. Estão foi o nosso ganho
maior. Foi realmente uma abertura de portais, que eu vou ser franca pra você,
eu sonhei, mas não acreditava que tivesse a possibilidade de acontecer nesse
momento. E fico feliz que tenha acontecido.
A - Que bom então, tudo foi concretizado, tudo deu certo, te desejo muito
sucesso, muito obrigada pela colaboração. Foi muito importante a minha vinda e
poder cobrir este evento, obrigada.
S - Eu é que queria agradecer o carinho, a cobertura do evento e mais, te dizer que acredita sempre no teu sonho. Você é bem mais novinha que eu, tem idade para ser minha filha, mas eu vou te dizer, acredita no teu sonho. Eu levei um pouco de tempo para acreditar que ele poderia se realizar, mas hoje está se realizando.
Fotos: Berenice Gehlen Adams
Projeto Apoema - Educação Ambiental